A Zona, nome popular da Herpes Zóster, é uma doença provocada pela reativação do vírus Varicela Zóster, que se mantém latente nos gânglios dos nervos cranianos e dorsais sensitivos após uma primeira infeção pelo vírus, normalmente em criança ou jovem (1).
A Zona inicia-se normalmente como um formigueiro, que evolui para uma faixa avermelhada com borbulhas, muito dolorosa (exantema vesicular). Trata-se de uma doença comum, principalmente em indivíduos com idades superiores a 50 anos e com um sistema imunitário frágil. Este quadro pode ser acompanhado por febre, dor de cabeça e mal estar geral.
ZONA: PRINCIPAIS SINTOMAS
Os sintomas começam com dor intensa e alguns dias depois aparecem manchas vermelhas, que evoluem para vesículas (bolhas) e posteriormente crosta (2).
As vesículas aparecem sobre uma área vermelha, numa espécie de faixa.
Existe ainda:
- Sensação de calor
- Comichão (menos relevante do que a varicela)
- Hipo ou hipersensibilidade cutânea
- Dormência ou formigueiro nas zonas afetadas
- Febre e calafrios
- Dor de cabeça
- Dor
- Desconforto abdominal
FATORES DE RISCO PARA A ZONA
Os factores de risco para a Zona estão relacionados com o comprometimento do sistema imunitário e com a idade (1), nomeadamente:
- Idade igual ou superior a 50 anos
- Disfunção da imunidade mediada por células
- Género feminino
- Raça caucasiana
- Suscetibilidade genética
- Stress psicológico recente
- Trauma mecânico
- Diabetes mellitus
COMO SE TRANSMITE A ZONA E QUAL É O PERÍODO DE CONTÁGIO ?
O vírus transmite-se através de (2):
- Contacto direto, através do líquido das vesículas;
- Contacto indireto, por objetos contaminados, durante 1 semana após o aparecimento de lesões.
O período de contágio varia até duas semanas (2).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As manifestações clínicas da Zona podem ser muito variadas. Podem atingir um único dermátomo ao envolvimento de um órgão visceral, do Sistema Nervoso Central ou unicamente do globo ocular (1).
A Zona cutânea
Caracteriza-se pela presença de uma erupção cutânea avermelhada, seguida do desenvolvimento de vesículas nos 3 a 5 dias seguintes. Estas vesículas representam o estado ativo da doença.
No espaço de 7 a 10 dias, começam a formar-se pústulas ( borbulhas com pus), seguidas da cicatrização das lesões. Habitualmente, a cicatrização leva cerca de 2 a 4 semanas a estar completa, podendo deixar cicatrizes ou alterações definitivas da pigmentação.
A erupção cutânea que acompanha um dermátomo de um nervo sensitivo é unilateral e não ultrapassa a linha média. Em indivíduos imunocomprometidos, pode haver envolvimento simultâneo de mais do que um dermátomo, adjacente ou não, e as lesões podem ultrapassar a linha média. Os dermátomos mais frequentemente envolvidos são os torácicos, cranianos, lombares e cervicais.
Geralmente, as lesões cutâneas estão associadas a dor ou desconforto unilateral que acompanha o dermátomo. Esta dor pode preceder a erupção e permanecer durante semanas, meses ou até mesmo anos após a resolução da doença.
A Zona oftálmica
O envolvimento da divisão oftálmica do nervo trigémio ocorre em cerca de 10 a 20% dos casos de Zona. Esta é a divisão do nervo mais frequentemente afetada, seguida da maxilar e da mandibular.
Em comparação com o atingimento de outros dermátomos, a zona oftálmica está mais frequentemente associado a sequelas crónicas e debilitantes, podendo levar à cegueira.
O diagnóstico é clínico, baseado na inspeção e no exame oftalmológico, e é considerada uma emergência médica. A dor, que constitui um dos principais sintomas, pode preceder a erupção cutânea em vários dias. Pode acompanhar-se ainda de astenia e fotofobia. A erupção cutânea desenvolve-se unilateralmente, em torno do olho e da fronte, seguindo a distribuição do dermátomo afetado.
A Zona afeta normalmente a componente sensitiva da pele, mas pode, ocasionalmente, levar a paresias musculares. Estas ocorrem entre 1 dia e 4 meses após a instalação do Herpes Zóster e geralmente envolvem o mesmo segmento afetado pela erupção cutânea.Contudo, na maioria dos doentes são reversíveis.
O diagnóstico geralmente é feito clinicamente, dada a pequena janela temporal e a relação anatómica entre a erupção cutânea e os défices neurológicos .
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da Zona baseia-se nas características da erupção cutânea, um exantema vesicular que segue a distribuição de um dermátomo e que se acompanha de dor neuropática. No entanto, por vezes o diagnóstico pode não ser claro, já que em fases precoces, prévias à erupção cutânea, a dor pode levar a diagnósticos errados, mimetizando outras patologias, dependendo do dermátomo afetado.
Entre estas, encontra-se a enxaqueca, glaucoma agudo, enfarte do miocárdio, pleurisia, embolia pulmonar, apendicite ou úlcera duodenal. Diagnósticos diferenciais para o Herpes Zóster incluem infeção aguda pelo vírus Herpes Simplex, dermatite de contacto, impetigo, foliculite, escabiose, picada de inseto, erupção cutânea provocada por fármacos e varicela, já que se podem manifestar de forma semelhante. Contudo, as diferenças residem essencialmente nos sintomas, na distribuição cutânea das lesões e na dor que atinge a área da erupção (1, 2).
TRATAMENTO DA ZONA
O doente com Zona deverá recorrer ao médico. Os objetivos primários do tratamento da Zona consistem em proteger a pele envolvida, acelerar a cicatrização das lesões, diminuir a severidade e duração da dor aguda e crónica, melhorar a qualidade de vida dos doentes e minimizar o risco de complicações.
Numa primeira abordagem, é essencial estabelecer se o doente deve ser tratado em ambulatório ou hospitalizado. Existem medicamentos antivirais (ex. aciclovir, valaciclovir) que estão indicados e são mais eficazes se iniciados nos 3 primeiros dias de aparecimento da doença. Estes medicamentos aceleram a cicatrização e reduzem a severidade e a duração da dor.
A Zona está associada a variadas complicações, de entre as quais a Nevralgia PósHerpética (NPH), que é a mais comum e debilitante. A NPH é definida como uma dor neuropática que persiste durante mais de 3 meses após a resolução completa das lesões cutâneas do HZ, podendo persistir durante vários meses e anos.
As opções de tratamento da NPH incluem agentes tópicos como pensos com Lidocaína e agentes sistémicos como Gabapentina, Pregabalina e Nortriptilina (1).
. COIMBRA, M. (2016). O Herpes Zoster no idoso. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/37130/1/Herpes%20Zoster%20no%20Idoso.pdf.
2. Serviço Nacional de Saúde. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/