Isabel Coimbra
Isabel Coimbra
26 Jun, 2019 - 11:35

Zika: o que deve saber sobre este vírus

Isabel Coimbra

Se vai viajar para uma zona afetada pelo vírus Zika ou julga sentir algum dos sintomas da infeção, saiba o que deve fazer para prevenir e tratar a doença.

Zika: o que deve saber sobre este vírus

O vírus Zika foi isolado, pela primeira vez, em 1947, na floresta Zika, no Uganda, da qual herdou o nome. Mais tarde, em 1952, foi detetado em seres humanos, na Tanzânia  e no Uganda.

Trata-se de um vírus que pertence à família Flaviviridae e os seus principais vetores, ou seja, os mosquitos que transmitem os vírus, são do género Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos que transmitem dengue.

Até 2007, apenas existiam registos de pequenos surtos no sudeste da Ásia e na África. A partir de então, o vírus chegou a França em 2013, às ilhas do Pacífico e à América do Sul com os primeiros casos a surgir em 2015. Em Portugal, foram registados, em janeiro de 2016, cinco casos importados.

Como se transmite o vírus Zika?


O vírus Zika é transmitido ao seres humanos por picadas de insetos portadores do vírus. Porém, o vírus pode passar da mãe para o bebé por transmissão perinatal, ou seja, pela placenta ou durante o parto. Nos Estados Unidos estão confirmados um reduzido número de casos de transmissão por via sexual, ainda em estudo. Há, também, um risco potencial de transmissão por transfusão de sangue.

Raramente, a transmissão do vírus acontece em temperaturas abaixo dos 16º, sendo mais comum acontecer entre os 30º e os 32º em zonas tropicais ou subtropicais. No entanto, os ovos que carregam o embrião do mosquito transmissor do vírus, aguentam a seca por um ano e podem ser transportado por longas distâncias até encontrar um lugar húmido para se desenvolver.

Este mosquito assemelha-se a um mosquito normal, mede pouco menos de um centímetro, é castanho ou preto com riscas brancas no corpo e nas patas. Para fugir ao sol quente, habitualmente, pica nas primeiras horas da manhã ou ao final da tarde, no entanto, os restantes períodos do dia não estavam livres de picadas do Aedes aegypti.

As picadas não provocam dor nem comichão e podem ser nos joelhos, nos gémeos ou nos pés. Após a picada do mosquito, o período de incubação do vírus Zika varia entre 3 e a 12 dias. Na grande maioria dos casos, cerca de 60% a 80&, a infeção não revela quaisquer sintomas.

Quais são os sintomas do vírus Zika?

zika mulher com febre

Nos casos em que surgem sintomas são, regra geral, ligeiros e de curta duração, que se manifestam entre 4 a 7 dias, sem necessidade de hospitalização nem complicações. Entre os sintomas mais frequentes, destacam-se:

  • Conjuntivite não purulenta;
  • Hiperemia conjuntival;
  • Dores nas articulações (mãos e pés):
  • Dores de cabeça;
  • Dores musculares;
  • Erupções cutâneas e comichão;
  • Febre (entre 37,8 e 38,5 graus).

Também podem surgir, ainda que com menor frequência: dores nos olhos ou sintomas gastrointestinais.

Quais são as complicações para as grávidas?


No que diz respeito às grávidas, é necessário um cuidado especial uma vez que têm sido noticiados vários caos de anomalias congénitas (microcefalia) e síndrome de Guillain-Barré em fetos e recém-nascidos de mães que foram expostas ao vírus nos seis primeiros meses da gravidez. Porém, a relação entre ambos ainda está a ser estudada.

Ainda assim, se está grávida e esteve numa das zonas afetadas pelo vírus, contacte o seu obstetra e o seu médico de família e dê conta deste facto.

Como prevenir a infeção pelo vírus Zika?


Ainda não existe vacina ou tratamento para o vírus Zika, por isso, é necessário apostar na prevenção até para minimizar a propagação e o risco para a saúde pública. Assim, tome nota das recomendações da Direção Geral de Saúde:

Se vai viajar para uma zona de risco

A Direção-Geral de Saúde recomenda que as grávidas não se desloquem para as zonas infetadas pela possibilidade de causar malformações em fetos. Se for absolutamente impossível, não viaje sem ir a uma Consulta de Saúde do Viajante e siga todas as recomendações à risca.

Se está num país afetado

  • Use vestuário que reduza o risco de picada, como camisas de manga comprida e calças;
  • Prefira alojamento com ar condicionado;
  • Use redes mosquiteiras;
  • Aplique repelente depois do protetor solar (grávidas e crianças devem consultar o médico);
  • Evite viajar para as zonas de risco;
  • No país de destino, siga as recomendações das autoridades.

Se é está ou pensa estar grávida e regressa de uma área afetada

  • Deve fazer tratamento, realizar análises e fazer ecografia;
  • Se for detetada microcefalia, calcificações intracranianas ou outras alterações do sistema nervoso central, deve fazer uma amniocentese. Se o resultado indicar “sem alterações”, deve repetir a ecografia de 4 em 4 semanas.

Uma mulher que não está grávida

  • Se apresentar sintomas do vírus, deve fazaer tratamento e evitar engravidar durante 28 dias.
  • Deve ter os mesmo cuidados no caso de o parceiro sexual ter regressado de uma área afetada.

Uma mulher em idade não fértil

  • É recomendado o tratamento sintomático.

Um homem regressado de área afetada

  • Se apresentar sintomas, e a sua parceira está grávida ou a planear engravidar, deve realizar tratamento e, não esquecer, utilizar preservativo nas relações sexuais durante 6 meses, “à luz do princípio da precaução e segundo os conhecimentos atualizados”;
  • Se não apresenta sintomas, e a sua parceira está grávida ou a planear engravidar, deve utilizar preservativo nas relações sexuais durante 28 dias.

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