Share the post "Violência no namoro: como identificar e sair desta situação"
Todos nós já ouvimos falar em violência no namoro, mas será que estamos verdadeiramente por dentro do assunto? Sabemos qual é a realidade no nosso país?
A violência no namoro acontece quando o nosso parceiro nos magoa física, emocional ou sexualmente e nos controla, a nós e à nossa relação, de formas variadas – algumas mais claras, outra menos óbvias.
No fundo, descreve um conjunto de comportamentos e/ou atitudes violentas de forma repetida ou pontual, cometidas por um dos elementos da relação ou por ambos.
Trata-se de um ato de violência que tem como objetivo controlar e estabelecer uma relação de dominância sobre o outro na relação.
Ao contrário do que alguns possam pensar, a violência no namoro pode mesmo acontecer quer em relações “sérias” ou não, menos ou mais longas. Além disto, tanto as raparigas como os rapazes podem ser violentos para os seus parceiros.
O que queremos dizer com isto é que a violência no namoro pode ocorrer de diversas formas e em todos os tipos de casais e relações.
Como identificar a violência no namoro?
Uma explicação clara e concisa
Podemos dizer que se trata de um padrão de comportamento que se vai repetindo ao longo do tempo e onde um dos elementos da relação exerce o poder através da violência. Esta violência pode assumir diferentes formas: física, económica, sexual e/ou psicológica, e o objetivo é controlar, dominar e submeter o outro elemento.
Mas atenção: é comum que numa fase inicial a violência assuma formas de dominação um pouco mais discretas. Com o passar do tempo, as mesmas tornam-se mais acentuadas e mais frequentes.
Qualquer pessoa pode ser vítima de violência numa relação. Na verdade, não importa a etnia, o nível de educação, a orientação sexual, a idade ou até mesmo a religião.
A violência no namoro em Portugal
Em 2022 a Guarda Nacional Republicana (GNR) registou 1421 crimes de violência no namoro em todas as faixas etárias – mais 28,5% do que em 2021. E 244 das vítimas encontravam-se na faixa etária até aos 24 anos.
Em Portugal sabe-se que 1 em cada 5 jovens reconhece ter sido vítima de comportamentos emocionalmente abusivos numa relação de namoro. Além disto, saiba que os principais motivos que levam um jovem a manter-se numa relação de namoro em que existe violência são o medo e a vergonha.
Por outro lado, quando se tratam de relações entre pessoas do mesmo género, o medo e a vergonha de que falamos anteriormente podem ser ainda mais intensificados pela consciência de terem uma orientação sexual minoritária.
Ou seja, quando há violência no namoro entre jovens do mesmo género, por norma, é silenciada com frequência e gera consequências gravíssimas para a saúde mental dos envolvidos. Podem-se listar alguns possíveis motivos para este contexto:
- ter a autoestima baixa por ter uma orientação sexual minoritária e pensar que não merece estar numa relação melhor ou que não vai encontrar alguém melhor;
- não ter a orientação sexual assumida para terceiros e não se sentir preparado para falar sobre o assunto;
- não pedir ajuda ou apresentar queixa por ter medo de sofrer discriminação por parte das entidades responsáveis.
Como saber se poderá estar a ser vítima de violência no namoro?
As organizações de saúde mental e intervenção comunitária estão em consenso sobre os critérios que constituem um quadro de violência no namoro. Segundo a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), existe violência no namoro quando o outro elemento tem as seguintes atitudes e comportamentos:
- provoca insegurança em si e acaba por lhe causar medo de expressar opiniões;
- perde com facilidade o controlo quando está a ter uma crise de ciúmes e promove a ideia de que ter ciúmes é amor;
- controla de forma excessiva os seus movimentos e quer saber constantemente onde está e com quem;
- com frequência, impõe-se e escolhe os seus amigos, proibindo ainda a convivência com algumas pessoas;
- parte objetos quando se sente irritado ou dirige a raiva para os outros;
- insulta, humilha, desvaloriza e ridiculariza em situações privadas ou públicas;
- torna-se agressivo quando tem uma opinião diferente da sua;
- não está interessado nas suas necessidades;
- controla o seu telemóvel, bem como as redes sociais e o e-mail;
- obriga a ter relações sexuais contra a vontade;
- culpabiliza o outro pelas reações agressivas que tem e,claro, pela sua forma de agir.
3 exemplos práticos de violência no namoro
Controlar aquilo que veste
Se a pessoa com quem está passa a vida a comentar a forma como se veste e o tipo de roupa que utiliza de forma agressiva e maldosa, então este é um dos sinais de violência no namoro. Somos livres para nos vestirmos como quisermos, sendo que para nos guiar temos a nossa própria família.
Os namorados não podem ter o poder de decidir aquilo que o outro elemento veste ou não.
Invadir as suas redes sociais
Tem medo de colocar uma gosto ou de seguir alguém nas redes sociais porque sabe que a probabilidade do outro elemento da relação ir lá e comentar de forma pejorativa é enorme? Na sua relação existe um controlo constante do telemóvel e de tudo aquilo que faz em cada uma das aplicações?
Está na hora de mudar esta situação. Altere as passwords, converse com os seus amigos e família e comece um novo perfil caso seja o melhor a fazer.
Stalking
Sente que o seu parceiro está constantemente a persegui-lo? Vai buscá-lo e levá-lo ao trabalho para controlar os seus horários e as pessoas com quem se dá? Este é um sinal de stalking que não deve ser ignorado.
Outro exemplo bastante comum deste ato é telefonar para sua casa (quando lhe diz que está em casa) só para verificar que aquilo que está a dizer é verdade.
Em qualquer um dos casos, é importante ter força para sair da violência no namoro e o primeiro passo é identificá-la! Converse com alguém da sua confiança como familiares ou amigos e se preferir alguém desconhecido, poderá sempre fazer o seguinte:
- ligar para o Serviço de Informação a Vítimas de Violência doméstica, especializado em situações de violência no namoro (800202148);
- recorrer a entidades de apoio na área como a APAV, a Casa Qui ou a Associação de Mulheres contra a Violência (AMCV);
- denunciar a situação à PSP;
- denunciar os episódios junto do diretor da escola ou de um auxiliar ou professor.