Existe violência na relação quando estão presentes atos, condutas ou omissões com intuito de infligir sofrimento repetidamente e com diferentes níveis de intensidade, sendo considerada a dimensão física, sexual, psicológica, emocional, económica e ainda sobre a liberdade do outro.
Diferentes tipos de violência presentes na relação amorosa
1. Violência emocional
Qualquer comportamento que visa fazer o outro sentir medo ou sentir-se inútil. Habitualmente inclui comportamentos como: ameaçar os filhos; magoar os animais de estimação; humilhar o outro na presença de outras pessoas.
2. Violência social
Qualquer comportamento com o objetivo de controlar a vida social do parceiro: impedir que visite familiares ou amigos; cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefónicas; trancar o outro em casa.
3. Violência física
Qualquer forma de violência física que o agressor inflige ao companheiro.
4. Violência sexual
Qualquer comportamento em que um companheiro força o outro a protagonizar atos sexuais que não deseja.
5. Violência financeira
Qualquer comportamento que intente controlar o dinheiro do companheiro sem que este o deseje: controlar o ordenado do outro; recusar dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a justificar qualquer gasto; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controlo.
6. Perseguição
Qualquer comportamento que vise intimidar ou atemorizar o outro: seguir o companheiro; controlar constantemente os movimentos do outro.
O ciclo da violência na relação amorosa
O ciclo da violência explica os padrões de comportamento violento praticados no contexto das relações de intimidade:
1. Fase da tensão
Escalada gradual da violência. Irritabilidade por parte do agressor sem que o motivo para tal seja compreensível para a vítima. Nesta fase está presente a violência verbal e indícios que sugerem uma futura agressão física.
Como fatores de risco associados a esta fase surgem o consumo de álcool ou de outras substâncias por parte do agressor.
2. Fase da explosão/ataque violento
Pode ocorrer agressão física, psicológica e/ou sexual. As agressões tornam-se mais frequentes e violentas. A vítima tende a desvalorizar a gravidade da situação, acreditando que se tratou de um episódio isolado que não se repetirá.
Os sentimentos de impotência, isolamento e culpabilização dão mais força à estratégia do agressor. É nesta fase que se regista um maior número de denúncias da situação e procura de ajuda.
3. Fase de apaziguamento ou “lua-de-mel”
A violência termina e o agressor manipula a vítima através do falso arrependimento: garante que não voltará a ser violento e mostra-se delicado e sedutor.
Com a repetição do ciclo de violência as consequências tornam-se cada vez mais graves. A fase da lua-de-mel passa a ter uma duração menor até que deixa de acontecer, dando lugar a fases de tensão e agressão mais duradouras.
Consequências da violência na relação
As situações de violência continuada resultam numa diversidade de consequências traumáticas, nomeadamente:
- Danos físicos, corporais e cerebrais, por vezes irreversíveis;
- Alterações dos padrões de sono e perturbações alimentares;
- Alterações da imagem corporal e disfunções sexuais;
- Distúrbios cognitivos e de memória;
- Distúrbios de ansiedade, hipervigilância, medos, fobias, ataques de pânico;
- Sentimentos de medo, vergonha, culpa;
- Baixa autoestima;
- Vulnerabilidade e dependência emocional;
- Isolamento social;
- Comportamentos depressivos.
Em suma…
A violência na relação faz com que esta se torne destrutiva e acarrete inúmeras consequências negativas e perigos reais. Uma relação amorosa deve ter o poder de noz fazer sentir seguros, amados, valorizados e felizes. Uma relação abusiva é possessiva, manipuladora, ameaçadora e ataca a autoestima da vítima de violência.
O papel do amigo ou familiar nem sempre é fácil e é, muitas vezes, frustrante, mas não desista de apoiar quem mais gosta. Se deteta que alguém próximo a si vive um relacionamento através do qual é desvalorizado, humilhado, controlado ou violentado denuncie ou ajude-o a denunciar a situação às autoridades e a contactar a Associação de Apoio à Vítima.