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A vinculação consiste num laço emocional forte, estabelecido entre a criança e o adulto responsável pela prestação de cuidados, frequentemente a mãe. Logo que nasce, o bebé procura instintivamente estabelecer uma relação com a pessoa com quem interage mais frequentemente, de forma a obter proteção e segurança. São vários os autores que realçam a importância deste vínculo afetivo, afirmando que todas as relações futuras que a criança constituir serão baseadas nesta primeira ligação emocional.
O vínculo afetivo entre a mãe e o bebé é único e especial
Ao longo da gravidez, o bebé vai sendo influenciado pelas experiências da mãe. Nos últimos meses, é já capaz de ouvir e responder ao toque, dar respostas a estímulos externos, possibilitando a construção de uma sintonia especial entre mãe e bebé. Esta interação especial sofre influência das emoções vividas pela mãe, nomeadamente ansiedades, angústias, expectativas, alegrias e medos.
Com o nascimento do bebé, o vínculo afetivo ganha uma nova dinâmica e uma nova força. Os pais não estão perante a imagem idealizada do filho mas sim perante o tão esperado bebé.
O vínculo afetivo que a mãe estabelece com o bebé é uma relação emocional única, que se estabelece de um modo gradual, desde os primeiros contactos. Mas, uma mãe sob stress, deprimida, ou que não tenha estabelecido com seus pais uma vinculação segura, pode ter maiores dificuldades em responder adequadamente às necessidades do seu filho.
7 fatores facilitadores do processo de vinculação
As investigações têm mostrado que há importantes elementos facilitadores do processo de vinculação, nomeadamente:
1. O toque
Promover o contacto físico entre mãe e bebé o mais precocemente possível é de extrema importância, daí que o contacto pele com pele frequentemente aconteça imediatamente após o parto.
Mas o toque é iniciado ainda na barriga da mãe, já que esta sente o bebé e o bebé também a sente. Mais ainda, o toque é uma das melhores formas de expressar amor, carinho, preocupação e transmitir segurança e proteção.
2. O contacto visual
Rapidamente o bebé é capaz de reconhecer o rosto materno, daí que o olhar tenha um papel preponderante nas interações precoces, sendo fundamental no desenvolvimento do vínculo afetivo.
É através do olhar que os pais vão reconhecendo e acompanhando as diferentes fases de desenvolvimento do seu filho. O olhar é também uma excelente forma de comunicação.
3. O odor
A criança e a mãe reconhecem-se através do olfato desde cedo, daí que o odor seja importantíssimo na criação deste vínculo afetivo tão especial.
4. A voz
Ainda dentro da barriga, o bebé ouve a voz e o coração da mãe. Posteriormente, à medida que se desenvolve, vai aprendendo a responder através do balbucio, de diferentes sons e gargalhadas que provocam nos pais sentimentos de bem-estar e alegria. Também o bebé se sente mais tranquilo e confiante ao sentir que está a ser ouvido.
5. O choro
Apesar de ser muitas vezes fonte de angústia e preocupação para os pais, o choro é um elemento importante na vinculação. Quando a mãe reconhece o choro do seu bebé e responde adequadamente às suas necessidades demonstra o forte vínculo emocional que tem com o seu bebé.
6. O sorriso
Quem é que não se derrete ao ver um bebé sorrir? O sorriso é um dos aspetos mais poderosos da vinculação, dado que cria um sentimento de amor contagiante em redor do bebé.
7. A amamentação
O processo de amamentação/aleitamento é um meio primordial de desenvolvimento do vínculo afetivo. Nestes momentos, os pais seguram, beijam, acariciam, cheiram e sentem o seu bebé.
Vínculo afetivo: fundamental para o desenvolvimento da criança
A competência emocional durante os primeiros anos de vida desenvolve-se no contexto da relação de vinculação. Esta competência emocional inclui a capacidade de identificar e nomear emoções em expressões faciais, de descrever circunstâncias e causas da ativação emocional em si e nos outros, de descentração afetiva e de ligar a experiência emocional às expressões e à comunicação emocional.
A qualidade da vinculação é associada às diferenças na forma como as crianças expressam as suas emoções, compreendem os estados emocionais do próprio e dos outros. A forma como os pais comunicam as suas emoções e propiciam um diálogo acerca das emoções, influencia a capacidade da criança se expressar emocionalmente. Assim sendo, o contexto familiar tem uma grande influência no desenvolvimento da compreensão emocional.
As relações de vinculação seguras são caraterizadas pela oportunidade de a criança expressar livremente as suas experiências emocionais, num diálogo aberto e compreensivo. Estas crianças tendem a ter um desempenho superior em tarefas de compreensão das emoções negativas, já que lhes foi dada a oportunidade de expressar estas emoções negativas e desconfortáveis.
Por outro lado, as relações de vinculação inseguras, caraterizadas pela indisponibilidade dos cuidadores, originam a redução da expressão emocional negativa, assim como a restrição da expressão das emoções positivas.
Assim, podemos assumir que o vínculo afetivo estabelecido entre a criança e os pais é uma necessidade primária, tão vital como a água, o sono ou a comida. Um bebé que se sente protegido terá muito mais hipóteses de se tornar um adulto seguro de si, capaz de amar e de se sentir amado.