Teresa Santos
Teresa Santos
06 Out, 2020 - 09:51

Conheça as 3 novas vacinas do Programa Nacional de Vacinação

Teresa Santos

No último trimestre de 2020, o Programa Nacional de Vacinação inclui novas vacinas: meningite B, HPV e rotavírus. Saiba para que são e os destinatários.

Programa Nacional de Vacinação: bebé a ser vacinado

O último trimestre de 2020 traz três novas vacinas para o Programa Nacional de Vacinação. As vacinas da meningite B, do HPV e do rotavírus passam a fazer parte do calendário de vacinação nacional.

Até este momento, estas vacinas podiam ser dadas às crianças, mas não eram gratuitas, nem comparticipadas, o que significa que os pais as tinham que comprar, dispendendo uma média de 50€ a 160€ por dose, dependendo da vacina em causa. A partir deste momento, desde que as crianças reúnam os requisitos exigidos, o Programa Nacional de Vacinação passa a disponibilizar gratuitamente estas vacinas.

Programa Nacional de Vacinação: 3 novas vacinas gratuitas

Bebé a ser vacinado contra a meningite B

Como já referimos, o Programa Nacional de Vacinação passou a englobar, a partir do último trimestre de 2020, três novas vacinas, a saber: meningite B, HPV e rotavírus. Mas, afinal, a quem se destina cada uma delas e quais as suas funções?

Meningite B

Esta vacina evita a doença invasiva meningocócica (DIM) e/ou sepsis (infeção generalizada). Ela destina-se, especificamente, à proteção contra o serogrupo B da Neisseria meningitidis.

A Bexsero, nome desta vacina, costuma ser administrada em mais do que uma dose,  através de injeção intramuscular, dos 2 os 12 meses de idade.

Alguns dos seus efeitos secundários são:

  • Choro invulgar
  • Irritabilidade
  • Diarreia
  • Vómitos
  • Perda de apetite
  • Sonolência
  • Erupção cutânea
  • Sensibilidade, tumefação, induração e vermelhidão no local da injeção

Contra-indicações

  • Vacinas contra pneumococo serotipo 6B
  • Hipersensibilidade a algum componente da vacina

HPV – Vírus do Papiloma Humano

O Vírus do Papiloma Humano é uma infeção sexualmente transmissível bastante comum, mas muitas vezes assintomática. Enquanto alguns destes vírus apresentam um risco reduzido; outros podem mesmo causar cancros, como os do colo do útero, orofaríngeo, da vulva, vaginal, anal e peniano.

As principais formas de prevenir esta infeção é utilizar preservativo durante os atos sexuais e tomar esta vacina. Se, até agora, ela era apenas gratuita para raparigas; a partir de 1 de outubro de 2020, ela passou a também estar acessível para rapazes com 10 anos de idade (1).

Rotavírus

O rotavírus é o agente responsável por metade das viroses que ocorrem nos primeiros anos de vida das crianças. Sintomas como diarreia, vómitos, cólicas, náuseas, dores de cabeça e/ou febre estão, geralmente, relacionados com este vírus.

A vacina do rotavírus não impede o surgimento de uma gastroenterite, por exemplo, mas alivia a sintomatologia que lhe está associada. Para isso, deve ser administrada, oralmente, em mais do que uma dose, até aos 6 meses de idade.

Alguns dos seus efeitos secundários são:

  • Vómitos
  • Diarreia
  • Irritabilidade
  • Febre

Contra-indicações

  • Hipersensibilidade a algum componente da vacina
  • Alergia ao látex (no caso da Rotarix®)

Nota importante: Ao contrário das outras duas novas vacinas, a vacina contra o rotavírus será apenas administrada aos grupos de risco, a partir de dezembro de 2020. Nessa altura, a Direção-Geral da Saúde prestará mais informações acerca desta vacina e dos seus destinatários (2).

Programa Nacional de Vacinação: origem e objetivos

Médico a dar vacina

No ano em que o Programa Nacional de Vacinação comemora 55 anos de existência, ele passa a incluir três novas vacinas. Assim tem sido ao longo dos anos, apresentando-se como um plano em permanente revisão e melhoria.

Desde a sua génese que o propósito deste programa é o de vacinar o maior número de indivíduos possível , de modo a contribuir não só para a proteção individual, como para o fortalecimento da saúde pública. Apesar de, no nosso país, não ser obrigatória, a vacinação é vista, simultaneamente, como um direito e um dever dos cidadãos.

Assim, as vacinas contempladas no programa têm em conta a sua a epidemiologia da doença, o seu impacto, a sua disponibilidade no mercado e a sua relação custo-benefício. Todas estas vacinas são universais, gratuitas e financiadas pelo Estado. A sua administração está assegurada pelos centros de saúde e hospitais (3).

Programa Nacional de Vacinação: calendário 2020

Médico a vacinar criança

Eis como se organiza o Programa Nacional de Vacinação, a partir do último trimestre de 2020 (4).

À nascença

  • 1ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB)
Aos 2 meses de idade

  • Vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB
  • 1ª dose contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa)
  • 1ª dose contra doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
  • 1ª dose contra a poliomielite (VIP)
  • 2ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB)
  • 1ª dose da vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13)
  • Vacina meningocócica B (MEN B) (para crianças nascidas depois de 01.01.2019)
Aos 4 meses de idade

  • 2ª dose de DTPa, Hib e VIP (vacina pentavalente DTPaHibVIP)
  • 2ª dose de Pn13
  • Vacina contra o Rotavírus (vacina ROTA) para grupos de risco (em vigor a partir de 12/2020)
  • Vacina meningocócica B (MEN B) (para crianças nascidas depois de 01.01.2019)
Aos 6 meses de idade

  • 3ª dose de DTPa, Hib, VIP e VHB (vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB)
Aos 12 meses de idade

  • 3ª dose da Pn13
  • vacina contra a doença invasiva por Neisseria meningitidis C – MenC (dose única)
  • 1ª dose da vacina contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR)
  • Vacina meningocócica B (MEN B) (para crianças nascidas depois de 01.01.2019)
Aos 18 meses de idade

  • Vacina pentavalente DTPaHibVIP
  • 1º reforço de DTPa (4ª dose) e de VIP (4ª dose)
  • Único reforço de Hib (4ª dose)
Aos 5 anos de idade

  • 2ª reforço (5ª dose) de DTPa e de VIP – vacina tetravalente DTPaVIP
  • 2ª dose de VASPR
Aos 10 anos de idade

  • Reforço da vacina contra o tétano e difteria (Td)
  • 2 doses da vacina contra infeções pelo vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (HPV9), administrada apenas a raparigas
  • Vacina HPV, para todos os rapazes nascidos depois de 1 de janeiro de 2009
Ao longo de toda a vida

  • Reforços das vacinas contra o tétano e difteria (Td) em doses reduzidas, aos 10, 25,45, 65 anos de idade e, posteriormente, de 10 em 10 anos

Nota: Os adultos e grávidas não vacinados contra o tétano devem fazer esta vacina em qualquer idade.

Fontes

  1. Serviço Nacional de Saúde. Vírus do Papiloma Humano (HPV). Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/virus-do-papiloma-humano-hpv/
  2. Direção-Geral da Saúde. Norma nº 018/2020. Programa Nacional de Vacinação 2020. Disponível em: https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0182020-de-27092020-pdf.aspx
  3. Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Vacinação. Disponível em: https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/programa-nacional-de-vacinacao/programa-nacional-de-vacinacao.aspx
  4. Serviço Nacional de Saúde. Programa Nacional de Vacinação. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/guia/programa-nacional-vacinacao/
Veja também

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