O termo treino funcional existe há décadas, principalmente no domínio da reabilitação: “o treino com o intuito de devolver função a uma estrutura após lesão“.
Foi adotado pelos pioneiros do fitness, passando a incidir, fundamentalmente, nos movimentos básicos do ser humano. No entanto, devido à sua projeção pelos media no início dos anos 90, a sua popularidade tem crescido imenso desde então, passando a ser uma das metodologias de treino mais populares.
E, embora não exista uma definição aceite universalmente, define-se treino funcional como o treino que visa desenvolver a força funcional específica para uma dada atividade.
Com este aumento de popularidade, com um marketing persuasivo, é hoje difícil encontrar um atleta, treinador, personal trainer, que não afirme utilizar o treino funcional. No entanto, é preciso ter especial atenção à realização destes treinos que, quando desajustados, podem acarretar um elevado risco de lesão.
O verdadeiro significado de treino “funcional”
De acordo com o dicionário de Língua Portuguesa, funcional quer dizer que funciona bem, que é de fácil utilização ou que permite efetuar alguma coisa da melhor maneira.
Por outras palavras, aquilo que é realizado com intuito de promover a função. Assim sendo, e transpondo esta ideia para o dia a dia, falamos de algo funcional quando melhoramos o processo, por exemplo, em atividades diárias básicas como caminhar, sentar ou levantar algum peso.
No caso do exercício físico estaremos, então, a concluir que um treino bom é sempre um treino funcional. E por treino bom, entenda-se o treino que é adequado à pessoa, que tem em consideração o estado de forma da mesma e que procura dar resposta às suas necessidades.
Por outro lado, um treino não funcional e que não se adeque à pessoa e ao seu objetivo será propício à lesão e, como resultado não haverá, certamente, aumento da funcionalidade, antes pelo contrário. Por exemplo, colocarmos um sujeito sedentário, que não realiza qualquer tipo de atividade física no seu dia a dia, a fazer treino de força de altíssima intensidade, incidindo nas fases excêntricas do movimento.
A estratégia por detrás do termo
A ideia de oferecer treino funcional é, essencialmente, uma estratégia de marketing. Por exemplo, afirmando: “Com este treino o indivíduo desenvolve a força, o equilíbrio, a flexibilidade, entre outras capacidades físicas.”
Ora, não é esse o objetivo de todas as outras metodologias de treino, quando bem realizadas? Claro que o treino poderá incidir, mais ou menos, em determinando momento, em determinada capacidade física. Mas não se quer sempre o desenvolvimento harmonioso e total do corpo humano?
Outra afirmação comum é: “Se o seu objetivo é melhorar a qualidade de vida, então este deve ser o treino a ter em conta!”. Será? É este o tipo de treino que mais se adequa a todo o tipo de pessoa?
Como já referimos em outros artigos, se pretende melhorar a sua qualidade de vida, terá mais sucesso se encontrar um tipo de treino que se compromete a realizar. Aquele onde consegue encontrar satisfação e motivação para que perdure até que os benefícios ocorram.
O ideal será sempre contar com o apoio de um profissional do exercício físico que conseguirá encontrar o tipo de treino mais adequado para os seus objetivos.