Tratamento silencioso na relação: o silêncio como abuso emocional

Nunca ouviu falar em tratamento silencioso na relação? Talvez já tenha experimentado. Trata-se de uma forma de abuso emocional nas relações e que pode, muitas vezes, passar despercebida.

Reconhece a sensação de, após um desentendimento qualquer ou depois de ter tomado alguma decisão que desagradasse o seu par, receber o silêncio duradouro como punição? Recorda-se de sentir-se ignorado e triste, com sinais de ansiedade?

A verdade é que existem pessoas que ignoram emocionalmente os seus parceiros com o objetivo de os magoar, punir ou de os manipular – isto de forma recorrente. Há quem se recuse a reconhecer a existência dos seus próprios parceiros durante horas, dias ou semanas, fazendo com que se sintam menos humanos – quase como se fossem autênticos fantasmas.

Assim, o tratamento silencioso é um comportamento de punição e controlo abusivo utilizado por pessoas com este tipo de perfil (abusivo e controlador) quando o parceiro tem uma decisão ou posição mais assertiva, quando o confronta ou até mesmo quando tenta impor limites numa determinada situação.

Tratamento silencioso na relação: comportamento de punição e controlo abusivo

O tratamento silencioso caracteriza-se pela prática de recusar-se a responder, evitar falar com o parceiro ou ignorar a outra pessoa de forma intencional. Ou seja, é um comportamento que visa magoar emocionalmente o outro, sobretudo quando falamos de relações amorosas.

Mas existem duas formas de tratamento silencioso: o direto e a ausência física. O que quer isto dizer que, de uma forma imediata a pessoa irá deixar de falar com o parceiro, acabando por ignorá-lo por completo ou por comunicar apenas o necessário e com frieza.

Vai agir com desdém ou como se nada estivesse a acontecer, como se o parceiro não estivesse ali, no mesmo local – no fundo, como se fosse totalmente invisível. Além disto, saiba que esse tipo de pessoa raramente dará uma justificação pelo comportamento e atitude que adota.

Por outro lado, a pessoa que sofre desse abuso emocional começa a sentir-se insegura e confusa, sem compreender o que está a acontecer e questionando, muitas vezes:

“Por que motivo não falas comigo” “Passou-se alguma coisa para estares assim?”

Estas são apenas algumas das perguntas mais comuns quando alguém se depara com o tratamento silencioso na relação.

A ausência física

A segunda forma de tratamento silencioso pode ser considerada quando existe ausência física. Ou seja, quando a pessoa abusiva se ausenta fisicamente e desaparece simplesmente, sem dar qualquer tipo de satisfação ao parceiro.

Ainda assim e independentemente de se tratar de ausência física ou de ser tratamento silencioso direto, o objetivo da pessoa abusiva ao adotar este tipo de atitude e comportamento é retomar a posição de controlo e levar o companheiro de novo para a posição de abuso.

Ora, esse comportamento acaba com qualquer tentativa da vítima de impor limites ou de reagir naquela situação em específico. Para além disto, é uma autêntica forma de punição para a vítima, que gera várias questões quer a nível psicológico como físico.

Por vezes, na esperança de que o tratamento silencioso acabe, a vítima acaba por tentar bajular a pessoa abusiva. Contudo, essa não parece ser uma boa estratégia para lidar com este problema que é mais grave do que pode parecer numa fase inicial.

6 dicas para conseguir dar resposta ao tratamento silencioso

Se pensa que pode estar a passar por esta situação ou conhece alguém que sofre com o problema do tratamento silencioso na relação, estas dicas podem ajudar a responder. Tome nota.

Estar numa relação não significa deixar de conviver com os amigos e família. Por isso, é importante manter os seus relacionamentos com a família, os vizinhos, amigos e até com os seus colegas de trabalho. Numa situação de desespero e em que sinta que precisa de ajuda, todas estas pessoas o poderão vir a ajudar a enfrentar a situação vivida com o seu parceiro.

Sabemos que quando se está numa relação com um parceiro controlador e abusivo, pode ser difícil lembrar-se da sua própria essência e de quem é enquanto pessoa.

Saiba que chegar a este ponto não deve ser uma hipótese sequer. Por isso, não permita nunca que os seus sonhos, desejos e opiniões sejam simplesmente apagados pelo seu parceiro.

Fortalecer a sua vida interior vai fazer com que se sinta útil e forte, com controlo em si mesmo. Assim, sempre que for possível opte por fazer algum hobbie de que goste, envolva-se em projetos que façam sentido para si ou que o ajudem a enfrentar o seu parceiro controlador e abusivo.

Se a situação estiver descontrolada e não estiver a saber dar resposta ao problema, então talvez esteja na hora de contactar um profissional. Falamos de um terapeuta que o consiga ajudar e que perceba sobre o controlo e abuso numa relação. O objetivo é conseguir encontrar estratégias para enfrentar os desafios que possam surgir.

Depois de reconhecer que está efetivamente sob o controlo do seu parceiro e que vive o tratamento silencioso de perto, deve definir os seus limites. Se considera que a situação se tornou prejudicial para si ou para os seus amigos e familiares, então deverá encontrar alguém que o consiga ajudar a planear uma saída em segurança desse relacionamento.

Por muito que até possa gostar da pessoa com quem está, há que colocar-se sempre em primeiro lugar. Por isso mesmo, saiba que não precisa de estar numa relação na qual o seu parceiro utiliza o tratamento silencioso e abusa emocionalmente de si.

Converse com os seus amigos e familiares e encontre uma forma de sair de uma relação abusiva.