A toxoplasmose é uma doença parasitária comum, causada pela exposição a um parasita designado de Toxoplasma gondii, apresentando uma grande prevalência a nível mundial, infetando quase um terço da população em algum momento ao longo da sua vida.
Verifica-se que quando ocorre esta infeção numa pessoa, sem alterações do seu sistema imunitário, a infeção pode ser assintomática ou apresentar uma sintomatologia ligeira, semelhante a um estado gripal. Este quadro apresenta uma evolução benigna, sendo que entre 2 a 4 semanas, a pessoa geralmente fica curada. O problema ocorre quando a infeção se verifica durante a gravidez, devido ao elevado risco de transmissão da infeção da mãe para o feto.
Como surge a infeção toxoplasmose?
Os ovos do parasita Toxoplasma Gondii encontram-se nas fezes dos gatos, uma vez que a reprodução sexual deste parasita ocorre apenas nas células que revestem o intestino destes animais.
A doença é contagiosa mas não se transmite de pessoa para pessoa, exceto nos casos de transmissão materno-fetal.
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Formas de transmissão da toxoplasmose
A transmissão desta doença pode ocorrer das seguintes formas:
- Pela ingestão de alimentos contaminados, crus ou mal cozidos (sobretudo vegetais, legumes crus, carne mal passada e água), que contenham a forma inativa (cistos ou oócitos) do parasita;
- Após o contacto com terrenos que contenham ovos nas fezes de gatos;
- Transmissão materno-fetal: se a grávida estiver infetada com este parasita, a infeção pode ser transmitida ao feto através da placenta. Atenção que isto é grave, podendo resultar em aborto ou na ocorrência de toxoplasmose congénita, podendo causar-lhe graves sequelas.
Sintomatologia da toxoplasmose
Quando se verifica a infeção de mãe para o bebé, este pode apresentar os seguintes sintomas/consequências:
- Inflamação dos olhos;
- Icterícia grave;
- Convulsões;
- Formação fácil de hematomas;
- Malformações cerebrais, como por exemplo, atraso mental ou paralisia cerebral;
- Surdez;
- Défice de visão;
- Parto prematuro;
- Em última instância, morte fetal.
Geralmente nos casos da toxoplasmose adquirida depois do nascimento, raramente se verificam sintomas. Contudo, por vezes aparecem sintomas semelhantes a um quadro gripal (pode incluir tumefação dos gânglios linfáticos do pescoço e das axilas, sensação de mal-estar e cansaço geral, dores musculares e uma febre baixa e flutuante) que pode durar algumas semanas ou meses e depois desaparece. Ou seja, em condições normais, o nosso sistema imunitário consegue combater eficazmente a doença.
Num doente portador do vírus HIV/SIDA, a toxoplasmose tende a ser generalizada, com inflamação cerebral, convulsões, tremores, cefaleias (dor de cabeça), confusão ou coma.
Contudo, é importante reter que, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, o parasita permanece no organismo, podendo ser reativado se as defesas diminuírem.
Como é feito o diagnóstico da toxoplasmose?
Esta patologia é diagnosticada através de análises sanguíneas, que demonstram a presença de anticorpos específicos (IgM e IgG) contra o parasita.
Se estiver grávida, é necessário na consulta pré-conceção ou na primeira consulta pré-natal, avaliar a imunidade à toxoplasmose, para determinar se está imune ou não a esta infeção. Se já tiver sido infetada previamente com este parasita, o feto está protegido pela sua imunidade (IgG +).
No caso de não estar imune à toxoplasmose e se suspeitar de infeção durante a gravidez, a infeção fetal confirma-se através da realização de uma amniocentese, que é um exame de diagnóstico pré-natal invasivo, consistindo na aspiração trans-abdominal de uma pequena quantidade de fluido amniótico da bolsa amniótica, que envolve o feto.
Tratamento da toxoplasmose
Em muitos casos não é necessário a realização de um tratamento, no entanto pode ser necessário a administração de um conjunto de medicamentos, como a espiramicina, sulfadiazina e a pirimetamina, frequentemente em combinação.
Quando a infeção ocorre durante a gravidez, verifica-se que quando não tratada, o resultado é uma doença congénita em cerca de 44% dos recém-nascidos, no entanto, quando se realiza o tratamento adequado, este risco reduz para 29%.
Formas de prevenção da toxoplasmose
A prevenção desta infeção é de extrema importância e pode ser feita através de várias atitudes e medidas de prevenção diárias, tais como:
- Lavar sempre as mãos após qualquer exposição com terra, areia, carne crua ou vegetais/fruta não lavados;
- Cozinhar sempre muito bem os alimentos, evitar a ingestão de carnes mal passadas (a carne não deve de ficar cor-de-rosa e o suco/líquido que liberta, deve de ser transparente). Não prove a carne até estar totalmente cozinhada. Evite a ingestão de carnes fumadas ou curadas, como por exemplo, presunto ou salame;
- Congelar bem os alimentos (carnes ou peixes) antes da sua preparação, de preferência alguns dias antes;
- Antes de começar a preparação dos alimentos deve de lavar bem as mãos com água e sabão, bem como lavar todos os utensílios de cozinha e superfícies de trabalho a utilizar;
- Se quiser ingerir fruta ou legumes, lave muito bem e/ou descasque os alimentos antes de os ingerir, preferencialmente durante pelo menos 15 minutos com um produto apropriado para a lavagem dos alimentos. Não coma saladas já prontas ou embaladas;
- Não beber água não tratada;
- Evite a ingestão de leite não pasteurizado;
- Utilizar luvas em atividades de jardinagem ou que impliquem contacto com o solo ou com a areia dos gatos e, posteriormente, lavar muito bem as mãos. Se estiver grávida evite esta atividade;
- Tente manter as caixas de areia dos gatos fora de casa e/ou cobertas com uma tampa própria. As caixas devem ser limpas todos os dias;
- Alimente o seu gato com ração seca ou comida comercial embalada e nunca com carne crua;
- Mantenha os seus gatos no interior da sua casa.