Share the post "Exame do toque vaginal: para que serve, como é feito e quais os riscos associados"
O exame do toque vaginal serve para avaliar, no momento em que é feito, o estado do colo do útero, se a mulher grávida se encontra em trabalho de parto, para se ter ideia da fase em que se encontra e qual a descida e rotação da cabeça do bebé.
À medida que a gestação vai chegando ao fim, e entrando em trabalho de parto o colo do útero vai de posterior para anterior, de formado para apagado, dilatando até 10cm, amolecendo em termos de consistência. Essa informação, contudo, nada revela sobre o tempo que falta, como vai decorrer nas próximas horas, qual o estado do andamento da dilatação, compatibilidade feto-pélvica, etc, uma vez que tudo pode acontecer em minutos ou em horas.
Se realizado com cuidado, não magoa, embora deva ser evitado por haver riscos de infecções. Este exame pode causar desconforto, cólicas, sangramento ou mesmo dor.
Quando se faz o exame do toque vaginal?
Durante a gravidez apenas em casos de queixas de contracções ou desconforto abdominal, para verificar se o trabalho de parto está activo ou não. Em ambiente hospitalar, na admissão ao hospital em caso de trabalho de parto.
Há hospitais que fazem a verificação vaginal de hora a hora, sendo as recomendações da OMS – Organização Mundial de Saúde (OMS) que “o número de exames vaginais deve ser limitado ao estritamente necessário; durante a primeira parte do trabalho de parto [dilatação], habitualmente, um exame vaginal de quatro em quatro horas é suficiente”.
Como se faz o toque vaginal?
Todas as grávidas têm o direito de saber o que é feito, em que consiste e quais as conclusões. O que nem sempre acontece neste exame. A mulher deve autorizar expressamente a realização do exame, e não ser induzida ou pressionada a fazê-lo.
Para a realização deste exame, a mulher tem de estar deitada de barriga para cima, com as pernas afastadas e dobradas sobre os joelhos, onde o profissional de saúde, introduz dois dedos até chegar ao colo do útero, e avalia a sua maturação, apagamento ou dilatação.
Apesar de existirem outras formas de se avaliar a evolução do trabalho do parto: palpação abdominal, interpretação do comportamento e sons maternos (expressões faciais, palavras, acções e vocalizações) – sendo já raro encontrar profissionais preparados para os interpretar. São técnicas menos invasivas, de respeito pelo parto e pela evolução natural do processo.
Durante a gravidez, este tipo de verificação de pouco ou nada serve. Muitos médicos, após as 37 semanas de gestação realizam este exame sem consentimento, e fazem o descolamento de membranas alegando que estão a dar uma “ajuda” na evolução do trabalho de parto. Sendo este um conjunto de procedimentos abusivo, desnecessário e não comprovado cientificamente,
que levam a um desconforto, dor e sangramento às grávidas, criando ansiedade e pressão.
Amniotomia
A amniotomia, rotura de membranas, ou bolsa amniótica, é outra das intervenções realizada “aproveitando” o exame do toque vaginal. Consiste em, mecanicamente, manualmente, romper o saco amniótico, com o objectivo de tentar que a dilatação aumente.
Este tipo de intervenção é altamente desaconselhada, com riscos de infecção para a mãe e sofrimento fetal para o bebé. Apenas deve ser realizado mediante autorização expressa da mãe. Este é um procedimento desconfortável, doloroso, que pode resultar ou não. Em caso de tornar efectivamente as contracções mais intensas e frequentes, aumenta os níveis de dor, levando ou não à dilatação.
Direitos da mulher
- Informação detalhada sobre os procedimentos a realizar;
- Possibilidade de negar os “toques maldosos”;
- Possibilidade de negar a rotura de membranas;
- Possibilidade de negar estagiários na sala de parto;
- Escolher o profissional de saúde que pretende que a acompanhe.
Caso algum destes direitos não seja respeitado estamos perante um quadro de violência obstétrica – que deve ser reportado aos devidos serviços.
Quais os riscos do toque vaginal?
Ao realizar este método, existe sempre possibilidade de levar microorganismos da vagina ao canal cervical. Interfere sempre com o bem-estar da parturiente – invasão de privacidade, desconforto, comunicação pouco assertiva, posição desfavorável para o parto, colocação de insegurançaInterfere com a progressão normal do trabalho de parto.