Facilmente se confundem as palavras vertigem, tonturas e desequilíbrio, apresentando para a maioria da população o mesmo significado, no entanto não são completamente sinónimos, nem podem ser consideradas uma doença, mas sim uma manifestação clínica de uma potencial patologia.
Estes termos são usados para descrever diversos sintomas (como por exemplo, fraqueza, sensação de desmaio, falsa sensação de movimento, sensação de cabeça no ar, etc.). São sintomas frequentes nas diferentes faixas etárias, no entanto têm tendência para agravar com o aumento da idade, bem como podem ser alarmantes numa faixa etária mais avançada pelo elevado risco de fraturas que podem ser provocadas pelas quedas.
Vertigem, tonturas e desequilíbrio: principais diferenças
As principais diferenças entre estes três estados definem-se como:
- Vertigem: consiste numa falsa sensação de movimento, onde o doente sente que ele ou o seu meio se encontram a rodar ou a moverem-se. A posição de sentada ou o movimento tendem a agravar as vertigens;
- Desequilíbrio é, basicamente, a sensação de instabilidade e queda iminente;
- Tontura: é a sensação de perda de equilíbrio e queda, como se a pessoa deixasse de sentir o chão, apresentando desconforto ao nível da estabilidade
Tonturas e desequilíbrio: o seu impacto no dia-a-dia
Estes sintomas causam um impacto negativo considerável no dia-a-dia dos doentes, uma vez que causam uma limitação física e psicológica, bem como sensação de pânico.
Os sintomas podem ser particularmente perigosos em pessoas que executam tarefas de precisão ou perigosas, tais como: conduzir ou operar máquinas pesadas.
Para além disso, existe uma pressão psicológica interior pela sensação intermitente de dependência e limitação na rotina diária.
Tonturas e desequilíbrio: 6 razões para estes sintomas
São várias as doenças ou causas que podem levar a este tipo de problemas, fique a conhecer as mais comuns:
1. Patologias relacionadas com o aparelho vestibular ou ouvido interno
Como por exemplo, o famoso e comum síndrome vertiginoso ou vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), que é causada pela deslocação de partículas / cristais para os canais auditivos; doença de ménière, tumores do nervo acústico, neuronite vestibular ou labirintite.
2. Causas metabólicas
Como por exemplo, hipo ou hipertiroidismo, diabetes, hipoglicemia (níveis de açúcar no sangue baixos), entre outras patologias.
3. Causas cardiovasculares
Por exemplo os AVC’s (acidentes vasculares cerebrais) ou hemorragia cerebral, hipotensão grave, anemia grave (leva a diminuição de oxigénio ao cérebro), entre outros.
4. Problemas neurológicos
Como por exemplo, cefaleia da enxaqueca vestibular, tumores do sistema nervoso central, esclerose múltipla, entre outros.
5. Intoxicação farmacológica
Existem alguns medicamentos que apresentam toxicidade específica para os nervos auditivos e/ou para os órgãos do equilíbrio (medicamentos ototóxicos).
Esses medicamentos tendem a causar tonturas e uma incapacidade diminuida de focar um alvo visual (oscilopsia).
6. Gravidez
Já que neste período verifica-se um conjunto de mudanças, incluindo mudanças na circulação sanguínea, podendo levar à diminuição da pressão arterial devido ao peso do útero sobre os vasos sanguíneos.
Tonturas e desequilíbrio: meios de diagnóstico
É importante identificar corretamente a causa desta sintomatologia, de forma a proceder a um tratamento rápido e eficaz.
Na consulta é importante relatar o tipo de sensações associadas às tonturas, bem como à identificação dos fatores que as desencadeiam, pois pode ajudar a identificar as causas possíveis.
Durante o exame físico, os ouvidos, os olhos e o sistema neurológico são particularmente importantes, prestando particular atenção aos testes de deambulação, equilíbrio e coordenação.
A audição é testada e os ouvidos são examinados quanto às anomalias do canal auditivo e do tímpano. Os olhos são verificados quanto a movimentos anómalos, como nistagmos (os olhos fazem movimentos rápidos e descoordenados).
Para além do exame físico e história clínica, o médico poderá solicitar os seguintes exames complementares:
- Avaliar a SpO2 (saturação periférica de oxigénio), glicose sanguínea e, nas mulheres, fazer um teste de gravidez através da urina;
- Eletrocardiograma (ECG);
- Mapeamento holter;
- Análises sanguíneas;
- Impedancimetria;
- Potenciais auditivos e vestibulares;
- Audimetria tonal e vocal;
- Electrococleografia;
- Teste vestibular abrangente, que inclui inclui videoeletronistagmografia, teste da cadeira giratória e teste de potencial evocado miogénico vestibular;
- Posturografia.
Tonturas e desequilíbrios: tratamento
O tratamento será indicado pelo médico consoante a causa ou a patologia que está a provocar as tonturas.
O tratamento pode passar pela realização de manobras que incidem sobre a posição da cabeça, pela controlo de doenças do ouvido interno.
No caso de intoxicação por medicamentosa, o tratamento inclui suspender ou reduzir a dose de qualquer medicamento que seja a causa, ou substituir por outro medicamento. Pode ser necessário a toma de benzodiazepinas (por exemplo diazepam) e anti-histamínicos.
Fazer fisioterapia e exercícios fortalece os músculos e manter a marcha independente o máximo possível também ajuda. A reabilitação vestibular através de protocolos adequados consegue dar uma melhor qualidade de vida à pessoa afetada.