Quando se fala em tipos de enfarte, a primeira coisa que nos lembramos é do enfarte do miocárdio. No entanto, existem diversos tipos de enfarte, todos com as suas caraterísticas, com a sua gravidade, as suas causas e sintomas. No entanto, apesar de serem todos diferentes, todos têm algo em comum. Em todos eles, o que verificamos é uma ausência de circulação sanguínea numa ou mais artérias, que leva a consequências graves.
De todos os tipos de enfarte, o que apresenta números mais preocupantes é o enfarte de miocárdio, no entanto todos causam problemas e podem ter consequências graves.
Vamos então perceber quais os principais tipos de enfarte e conhecer cada um deles.
Os 5 tipos de enfarte: informe-se corretamente
1. Enfarte do Miocárdio
Conhecido maioritariamente como ataque cardíaco, o enfarte ocorre no músculo do coração que tem o nome de miocárdio. Este músculo tem como principal função enviar o sangue para todo o organismo, fazendo-o chegar a todos os órgãos e tecidos. Este músculo é irrigado por artérias coronárias, que são responsáveis por fazer chegar ao coração os nutrientes e oxigénio necessários. Quando essa irrigação é afetada, devido a um coágulo que interrompe a circulação nas artérias coronárias, ocorre o chamado enfarte do miocárdio. Assim, as células dessa zona afetada, podem morrer.
Quando este problema não é tratado a tempo, o músculo acaba por morrer e tal como sabemos, o coração é o motor de todo o nosso corpo e sem ele não conseguimos viver. Por isso mesmo, o enfarte do miocárdio é um dos tipos de enfarte mais graves e emergentes, devendo ser tratado num hospital o mais rápido possível.
Os sintomas mais comuns neste tipo de problema são:
- Dor intensa em forma de aperto ou queimadura;
- Dor no braço esquerdo, maxilar, pescoço e, por vezes, nas costas;
- Ritmo cardíaco e respiração acelerados;
- Tonturas e fraqueza;
- Náuseas e vómitos;
- Perda da consciência.
2. Enfarte Cerebral
Esclarecido o enfarte do miocárdio, é importante explicar a diferença para um enfarte cerebral, ou mais corretamente Acidente Vascular Cerebral (AVC) visto que segundo o Instituto Universitário de Lisboa, cerca de 25,5% dos portugueses não sabe a diferença entre estes.
Um AVC é um problema repentino onde os efeitos visíveis e sentidos são imediatos, uma vez que ocorre no cérebro e este controla tudo o que fazemos, pensamos, sentimos ou mesmo como comunicamos. Então, este ocorre quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é impedido, devido à obstrução de uma artéria que leva sangue até este.
O AVC pode causar a morte dessa parte danificada, do tecido cerebral, que se denomina então de enfarte cerebral. Os principais sintomas passam por dificuldade em movimentar o rosto, os braços e as pernas, dificuldade em falar e expressar-se e ainda problemas de visão.
Os fatores de risco deste problema, são os mesmo do enfarte do miocárdio:
- Hipertensão;
- Tabagismo;
- Colesterol elevado;
- Diabetes;
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
3. Enfarte Intestinal
Um enfarte intestinal, tal como nos outros tipos de enfarte, ocorre quando há uma deficiente irrigação de uma parte do intestino devido ao entupimento de um vaso sanguíneo por um coágulo.
Quando há falta de sangue e, por sua vez, oxigénio numa parte do intestino, essa acaba por morrer. Como o nome de trombose intestinal ou isquemia mesentérica indica, o que se verifica é um inchaço no local afetado, devido aos gases acumulados produzidos e proliferados pelas bactérias. Quando este inchaço é demasiado, essa parte do intestino acaba por romper, libertando sangue causando uma infeção muito grave. Esta isquemia pode ocorrer de forma gradual, à qual se dá o nome de isquemia mesentérica crónica, ou de forma repentina, chamada isquemia mesentérica aguda.
Os sintomas podem surgir de forma repentina ou podem-se desenvolver de forma lenta ao longo de vários dias. Os mais comuns neste tipo de enfarte são:
- Dor abdominal intensa, que piora ao longo do tempo;
- Sensação de inchaço na barriga;
- Náuseas e vómitos;
- Febre acima de 38ºC;
- Diarreia com sangue nas fezes;
- Perda de peso.
Contrariamente aos outros enfartes abordados, o enfarte intestinal não é uma situação emergente, no entanto, se a dor abdominal for muito intensa e não melhorar após 3h, a ida ao hospital é obrigatória com o objetivo de confirmar o diagnóstico médico e iniciar o mais rápido possível o tratamento para evitar que uma grande porção do intestino seja afetada.
4. Enfarte Pulmonar
Também conhecido por embolia pulmonar ou trombose pulmonar, o enfarte pulmonar é a necrose, ou morte celular, do tecido pulmonar devido a falta de circulação sanguínea.
O pulmão tem duas fontes de irrigação, as artérias pulmonares e as artérias brônquicas, logo, quando temos uma obstrução de uma artéria, geralmente não ocorre enfarte, uma vez que a integridade do tecido mantém-se devido à outra artéria não obstruída. Temos então uma isquemia chamada de trombo-embolismo pulmonar. No entanto, devido a diversos outros fatores tais como a insuficiência cardíaca, esta isquemia pode transformar-se em enfarte pulmonar, correspondendo a 10% do total de casos.
O que acontece é que um coágulo aloja-se num vaso sanguíneo, na perna ou na pélvis, entope-o e impede a passagem do sangue. Quando esse coágulo se liberta e passa para a corrente sanguínea, é habitual que se desloque para os pulmões. Isto resulta numa dor intensa ao respirar, tosse com expectoração e com sangue bem como dificuldades respiratórias.
Quanto maior a dificuldade respiratória, menores quantidades de oxigénio circulam no sangue, podendo mesmo afetar todos os órgãos do nosso corpo que necessitam de uma boa oxigenação para exercer as suas funções corretamente.
De salientar que, como em todos os tipos de enfarte, isto acontece quando há um único coágulo num vaso sanguíneo. A situação piora drasticamente quando existem vários coágulos ou quando o enfarte se prolonga por muito tempo.
5. Enfarte Medular
Este enfarte, tem como nome síndrome isquémica aguda da medula espinhal, é uma doença muito rara com uma prevalência de 1 a 2% de todas as doenças agudas do sistema nervoso central.
Ocorre maioritariamente devido a doenças da aorta abdominal, em casos de aneurismas, hérnias discais volumosas, artrites, estados tardios de sífilis ou em casos de tumores que provoquem a compressão arterial, sendo que a maior parte das causas nem sempre são conhecidas.
O que se verifica nesta patologia é a falta de irrigação sanguínea num segmento da medula espinhal, normalmente o segmento dorsal da artéria de Adamkiewicz e da artéria espinhal dorsal.
Importante sabermos que a coluna vertebral encontra-se dividida em três partes, sendo que esta patologia pode afetar os primeiros dois terços, irrigados pelas artérias espinais anteriores.
Os sintomas deste tipo de enfarte são, na grande maioria, uma dor intensa e súbita nas costas, levando a uma fraqueza flácida bilateral que rapidamente se estende para as pernas, devido ao local da medula espinhal que foi afetado, com elevada perda de sensibilidade térmica e dolorosa.