A terapia assistida por animais é uma intervenção com objetivos específicos, que são definidos e estruturados por um profissional de saúde com formação na área.
O animal é intencionalmente integrado no processo de tratamento de forma a ser um catalisador na melhoria das competências físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Capaz de nos despertar a capacidade de apego, o animal intriga e desperta a curiosidade, sem nos julgar. Representa assim o mediador ideal num contexto terapêutico.
Esta mediação pode exercer-se junto de todo o tipo de público/patologia, como por exemplo:
- Idosos
- Pessoas em dificuldades psicológicas
- Reclusos
- Jovens em situações de risco
- Autismo
- Hiperatividade
- Paralisia cerebral
- Pessoas com deficiência mental e/ou física
- Deficiência auditiva
As sessões podem decorrer em grupo ou individualmente, e todo o processo é documentado e constantemente avaliado. O animal é cuidadosamente selecionado e preparado de antemão sob a responsabilidade de um profissional na área da saúde.
Outro termo pode ser comummente confundido com a terapia assistida por animais – as atividades assistidas por animais. Mas são duas áreas completamente distintas, como poderá analisar pela seguinte tabela:
Terapia assistida por animais | Atividades assistidas por animais |
Dirigida por profissionais de saúde | Dirigida por voluntários com formação |
Objetivos terapêuticos | Sem objetivos terapêuticos |
Avaliações constantes e documentadas por escrito | Não exige a avaliação nem o registo |
Quadro terapêutico claramente estabelecido – lugar e horários definidos, programa estruturado e organizado | Pode acontecer em diversos ambientes, sem uma periodicidade estabelecida |
Procura promover melhorias a nível cognitivo, físico, emocional e/ou social | Produz benefícios a nível motivacional, educacional e recreativo |
Terapia assistida por animais e as suas origens
O animal sempre representou um papel muito importante na vida do ser humano. A adoração pela deusa Bastet com forma de gato, no Egipto, Hipócrates, que 400 a.C., utilizava o cavalo para promover a saúde dos seus pacientes, são alguns dos exemplos de como os relatos da utilização do animal remontam no tempo.
Muitos outros exemplos podem ser citados, especialmente durante os tempos de guerra. Em instituições de convalescença para feridos de guerra eram encontrados frequentemente animais, desde simples aves até a todos os animais que compõem uma quinta. Os pacientes ocupavam-se quotidianamente dos animais, o que parecia favorecer a sua recuperação e os ajudava a lidar com a sua súbita deficiência.
Desta forma, e tendo em conta a aceitação geral de que o contacto com animais é terapêutico e benéfico para os seres humanos, a terapia assistida por animais foi-se desenvolvendo continuadamente ao longo do tempo.
Mas qual a verdadeira origem?
Mas o verdadeiro pai da terapia assistida por animais surge nos anos 60 com Boris Levinson, psicólogo infantil e professor de psiquiatria. No final dos anos 50 ele recebeu em consulta uma criança autista, acompanhada pelos seus pais que, desarmados após um primeiro parecer médico, decidem pedir uma segunda opinião. Naquele dia, Jingles, o cão de Boris Levinson, está presente, o que não é usual. E, para surpresa de todos, Jingles interessado na conversa aproxima-se da criança, que o começa a acariciar sorrindo. No final, da consulta, ele até pergunta aos seus pais quando poderia voltar a ver o cão.
Portanto, Boris Levinson decidiu repetir a experiência, e descobriu mais tarde uma acentuada melhoria na saúde da criança. E assim nasce uma nova abordagem, bem como uma intensificação da investigação científica nesta área.
É também por esta altura que surgem os primeiros centros hípicos com equitação terapêutica na Europa, Canadá e EUA.
Atualmente em Portugal, ao contrário dos EUA ou países da Europa como Inglaterra, Alemanha, Holanda e a vizinha Espanha, a terapia assistida por animais está ainda numa fase de descoberta e estruturação.
Terapia assistida por animais e os seus benefícios
Diversos estudos investigaram os benefícios da relação Homem-Animal mostrando melhorias a vários níveis:
- Diminuição da pressão arterial;
- Diminuição dos índices de colesterol;
- Diminuição da frequência cardíaca e respiratória;
- Aumento da autoestima e confiança;
- Diminuição do sentimento de solidão;
- Diminuição do stress e ansiedade;
- Aumento das oportunidades de interação social.
O contacto com animais acalma e é uma fonte de amor incondicional, independentemente do comportamento ou da aparência física das pessoas. Tem ainda o poder de despertar a espontaneidade e de mudar a realidade diária das pessoas com disfunção cognitiva, psicológica ou física.
Considerações importantes a reter
A terapia assistida por animais revela um enorme potencial para melhorar o nosso bem-estar e saúde, mas deverá ser aplicada por um profissional devidamente qualificado e que respeite igualmente as questões éticas ligadas à utilização de um animal.
Além disso, o animal não deverá ser visto como um substituto do terapeuta, mas sim como um mediador com o poder de potenciar os efeitos do processo terapêutico.