O primeiro ano em que não tomei a pílula, foi tranquilo, já o segundo, não sei como é que não matei ninguém! O meu corpo era como um relógio e eu sentia cada salto do ponteiro. Cólicas menstruais muito (mas muiiiiiiiiiiiiito!) dolorosas, 48 horas de depressão profunda e uma semana em que estava extremamente irascível. Além disto, sentia tudo, fosse o preciso momento em que estava a ovular ou o corpo a avisar-me que vinha aí o período e, invariavelmente, dois dias depois, lá estava ele.
Faltam dois dias para o dia em que não deve vir o período e o meu corpo grita que o desgraçado está para chegar. Bem sei que os sintomas se confundem mas sou extremamente regular, seja na data de chegada do período seja nos sintomas. A única diferença em relação aos sintomas deste mês face aos anteriores é que, desta vez, chegaram mais cedo. Há uma semana que tenho cólicas, umas mais suaves outras mais intensas, e o peito está ligeiramente sensível ao toque.
Mas há outros sinais de que o período está para vir, nomeadamente, o habitual desarranjo intestinal que antecede a sua chegada e desanimei um bocado. No duche, desesperada e perdida em lágrimas, pedi muito ”se não é para acontecer, acaba com isto de uma vez!” Chegou o final da manhã do dia 20 de abril, o dia em que o período não deve vir, e eu soube que o que vinha aí era um positivo. Nunca me atraso. Nunca. E uma manhã inteira sem sinal do período não é normal. Não contei a quantidade de vezes que fui ao quarto de banho só para confirmar que tinha as cuecas limpas mas foram dezenas.
Dia 21 de abril acordo e nem sinal do meu amigo vermelhinho. Sorrio e sei que está no papo. O dia passa e continuo a correr para o quarto de banho, dezenas de vezes a cada hora. Não estou a exagerar. Vou dormir e na gaveta da mesinha um teste digital da Clearblue. Acordo ainda antes das sete da manhã e corro para o quarto de banho, é quase como se fosse véspera de Natal. Em segundos o teste surge o resultado sonhado: positivo. Corro para a cama, não dizemos nada, só sorrimos. Caem-me as últimas lágrimas e começa a aventura.
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