Antes de avançar com a inseminação propriamente dita, há alguns passos fundamentais. Uns médicos podem pedir outros exames mais complexos, haverá também os que pedem menos mas, no nosso caso, foi relativamente simples. Assim, confirmada a teratozoospermia, era ainda preciso perceber se comigo estava tudo bem e, para isso, fiz a histeroscopia. Tive medo. Um medo descontrolado que não percebia de onde vinha. Eu estava a acreditar, caramba!
Esquece os sonhos porque isto ainda não acabou. Não estás livre de ter uma pequena infertilidadezinha dentro de ti e o que julgas estar guardado é bem possível que não seja o que esperas receber. Que importa que sejas muito regular? Que importa que o teu corpo seja agora um relógio e saibas o que dizem os sinais que te gritam todos os meses? Fizeste medicina, queres ver? Achas que é esse muco que te inunda as cuecas, mês sim, mês sim, que te vai salvar? Estás mesmo convencida que sentes a ovulação, por isso, está tudo bem contigo? Estás optimista queres tu ver… que atrevimento!
Tudo isto me passou pela cabeça e o pânico quase que se instalou de vez. A ansiedade é uma coisa que tenho aprendido a dominar, uma capacidade que veio com a idade mas, também, por osmose. Ver como ele encara os problemas, a sua atitude de nada é grave o suficiente para nos aborrecermos, ajudou-me muito, nos últimos anos, a relativizar e a focar no que apenas interessa. Às vezes ainda me perco neste caminho. E perdi-me. Tive crises de choro sozinha, as palpitações agressivas e os pesadelos voltaram, a voz falhava-me do nada e sentia-me descontrolada. Descontrolada é a palavra.
Mais uma vez, salvou-me a Sónia que esteve sempre ao meu lado. Bela, acreditas no reiki? Acredito, respondi. Então vai fazer uma sessão antes que tenhas uma ataque de pânico porque, depois do primeiro, não há retorno. Fui. Assim que me sentei na marquesa, enquanto a terapeuta se preparava disse-me “para já, sinto aí um grande medo de ser mãe” (tenho?) as lágrimas caíram e, depois disso, o que aconteceu foi mágico.
Senti, fisicamente, intensas vagas de energia e, fosse pelo que fosse, os medos foram com elas.
Veja também:
- #1: o princípio
- #2: não são perguntas normais
- #3: ninguém nos diz isto
- #4: terato… quê?
- #6: já faltou mais…
- #7: vamos lá fazer um bebé!
- #8: positivo!
- #9: hallo, hallo, estás aí?
- #10: vão ser avós!
- #11: público ou privado?
- #12: um exibicionista
- #13: como assim não sou imune?
- #14: que fome é esta?
- #15: cansam-me
- #16: são puns, pessoas!
- #17: salvem-me das férias
- #18: as papas, os morangos e a morcela
- #19: está tudo no sítio
- #20: as grávidas inventam
- #21: habemus mau feitio
- #22: planear para não panicar!
- #23: eu não quero um baby shower
- #24: o baby shower aconteceu
- #25: uma lufada de ar fresco
- #26: quero relatos, não sermões!
- #27: diz que gravidez não é doença
- #28: nada para vestir
- #29: mixórdia de cenas#30: temos que falar sobre isto
- #30: temos que falar sobre isto
- #31: calem-se porra!
- #32: Bêbada de amor
- #33: Tenho que voltar a isto
- #34: Uma gravidez santa
- #35: O meu plano de parto