A Ana Barbosa é a médica especialista em ecografia ginecológica e obstétrica mas goza de má fama entre as grávidas. Que é austera, que é bruta, que tem um estilo quase militar, que não é simpática e por aí vai. A nossa experiência não podia ser mais diferente e, mais uma vez, julgo que a forma descontraída como encaramos as coisas ajuda. Isso e o facto de conhecer a experiência de várias pessoas que por lá tinham passado.
Já sabíamos que, enquanto está a fazer a ecografia, a médica não diz rigorosamente nada e que isso não é sinal de que algo está errado, é apenas a sua forma de se concentrar. Entrámos no consultório sorridentes, soltámos um generoso bom-dia, deitei-me na marquesa e antes de avançar com o exame, foi-me explicado isso mesmo: “não falo enquanto estou a fazer o exame mas, no final, explico tudo e respondo a todas as vossas perguntas.”
Seja onde for, recomendo que se concentrem no ecrã e não na cara da médica que, de forma involuntária, pode fazer uma ou outra careta que pode apenas resultar do facto de terem um “saltarico” na barriga, como foi o nosso caso. Assim, evitam panicar desnecessariamente. E no final, cumpriu-se. Entre coisas como “que rica benção”, “minha querida”, “é um belo saltarico” ou que “riqueza”, a Dra. Ana Barbosa foi super disponível, atenciosa e explicou tudo o que havia para explicar, de forma clara, disponível, sem desvalorizar ou sobrevalorizar e, principalmente, sem parecer que estava a fazer um frete.
E às doze semanas e um dia, percebemos que vem aí um exibicionista porque fez questão de se mostrar sempre de perna aberta, o que não deixou margem para dúvidas: um gajo. A médica começou por não querer dar grandes certezas, que na próxima seria mais evidente mas quando eu lhe disse “ó doutora, eu estou super a acreditar que é uma menina…”, ela devolveu-me “ó minha querida, mas não acredite, não acredite e não compre muitas coisas cor de rosa!”.
Já sei que o que as pessoas esperam ouvir é que o que importa é que venha com saúde e perfeitinho. Mas isso é óbvio, certo? Ninguém engravida a desejar ter um bebé que não é saudável. Por isso, confesso que a minha preferência era uma menina. Porquê? Talvez porque venho de uma família de meninas e ele vem de uma família só de rapazes e uma menina vinha dar uma sacudidela naquela casa. Por isso e porque alguém um dia me disse, depois de me perguntar se eu preferia meninas ou meninos e eu responder a primeira, me ter brindado com um “oxalá sejam tudo rapazes”. E eu gosto tanto de contrariar.
Veja também:
- #1: o princípio
- #2: não são perguntas normais
- #3: ninguém nos diz isto
- #4: terato… quê?
- #5: tenho medo
- #6: já faltou mais…
- #7: vamos lá fazer um bebé!
- #8: positivo!
- #9: hallo, hallo, estás aí?
- #10: vão ser avós!
- #11: público ou privado?
- #13: como assim não sou imune?
- #14: que fome é esta?
- #15: cansam-me
- #16: são puns, pessoas!
- #17: salvem-me das férias
- #18: as papas, os morangos e a morcela
- #19: está tudo no sítio
- #20: as grávidas inventam
- #21: habemus mau feitio
- #22: planear para não panicar!
- #23: eu não quero um baby shower
- #24: o baby shower aconteceu
- #25: uma lufada de ar fresco
- #26: quero relatos, não sermões!
- #27: diz que gravidez não é doença
- #28: nada para vestir
- #29: mixórdia de cenas#30: temos que falar sobre isto
- #30: temos que falar sobre isto
- #31: calem-se porra!
- #32: Bêbada de amor
- #33: Tenho que voltar a isto
- #34: Uma gravidez santa
- #35: O meu plano de parto