Psicóloga Ana Graça
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15 Abr, 2020 - 08:45

Sintomas da ansiedade: conhecê-los pode ajudar a reconhecer o problema

Psicóloga Ana Graça

A ansiedade pode ser muito incapacitante e enfrentá-la um enorme desafio. Existem vários tipos e sintomas da ansiedade que importa conhecer.

Sintomas da ansiedade: mulher com olhar vazio

Os dados publicados pela Direção Geral de Saúde em 2013 demonstram que Portugal é um dos países europeus com maior prevalência de perturbações mentais, nomeadamente perturbações de ansiedade (1). Assim sendo, torna-se fundamental compreender a natureza desta perturbação e conhecer quais os principais sintomas da ansiedade.

COMPREENDER A ANSIEDADE

Como melhorar a sua capacidade de tomar decisões

A ansiedade é um estado de humor orientado para o futuro associado à preparação para a possibilidade de ocorrência de um acontecimento negativo, no qual o medo é a resposta de alarme ao perigo eminente ou presente, real ou percebido.

É uma resposta adaptativa do organismo, caraterizada por um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e cognitivas, que se traduzem num estado de ativação e alerta face a um sinal de perigo ou ameaça à integridade física ou psicológica.

Contudo, nem sempre a ansiedade desempenha esta saudável função adaptativa. Por vezes, a ansiedade torna-se patológica. Tal acontece quando o perigo a que pretende responder não é real ou quando o nível de ativação e duração são desproporcionais face à situação objetiva (2).

Em níveis moderados, o stress e a ansiedade:

  • Capacitam o indivíduo para lidar com situações de mudança e adversidade
  • Proporcionam uma melhor perceção dessas situações e das suas consequências
  • Permitem um processamento mais rápido da informação e maior capacidade de resolução de problemas
  • Aumentam a motivação, a energia e a produtividade

No entanto, quando em níveis elevados, o stress e a ansiedade têm consequências sérias, nomeadamente:

  • Cansaço mental
  • Dificuldade de concentração
  • Perda de memória imediata
  • Crises de ansiedade e de humor
  • Doenças físicas devido à diminuição do funcionamento imunitário (3)

CAUSAS DA ANSIEDADE

Sintomas da ansiedade: mulher preocupada com o trabalho

De uma forma geral, acredita-se que a origem da ansiedade se deve a uma combinação de agentes biológicos e ambientais. A investigação tem identificado um vasto leque de fontes gerais de stress, incluindo:

  • Acontecimentos de vida stressantes: podem precipitar episódios de ansiedade e de depressão, bem como levar a respostas caraterísticas de stress
  •  Pressões de outros significativos
  • Aspetos relacionados com a avaliação social
  • Dificuldades pessoais de inserção na sociedade
  • Conflitos interiores no domínio afetivo, emocional e sexual
  • Fatores de ordem genética
  • Química cerebral
  • Certos traços de personalidade
  • Carência de suporte social (4, 5)

SINTOMAS DA ANSIEDADE

Sintomas da ansiedade: mulher com insónia

A resposta de stresse produz alterações cognitivas, comportamentais e fisiológicas, e depende da discrepância entre a forma como o indivíduo perceciona o evento stressor e como perceciona a sua capacidade para lidar com o mesmo (3). Desta forma, os sintomas da ansiedade manifestados por cada pessoa podem variar, no entanto, importa conhecer alguns dos mais comuns.

Se, por um lado, alguns dos sintomas da ansiedade se manifestam a nível físico, outros manifestam-se a nível emocional, contudo, os vários sintomas tendem a surgir em simultâneo.

A ansiedade encontra-se classificada, agrupando um variado conjunto de perturbações. É uma condição com o potencial de afetar gravemente a via diária e que se pode manifestar de diferentes modos. Eis alguns dos mais comuns sintomas da ansiedade:

  1. Ansiedade e preocupação constantes e exageradas.
  2. Agitação, nervosismo ou tensão interior.
  3. Fadiga fácil.
  4. Dificuldades de concentração ou mente vazia.
  5. Irritabilidade.
  6. Tensão muscular.
  7. Perturbações do sono, manifestando dificuldades em adormecer ou permanecer a dormir, ou sono agitado ou pouco satisfatório.
  8. Mal-estar subjetivo devido a um constante desassossego.
  9. Dificuldade em controlar as inquietações.
  10. Apreensão constante em relação às rotinas diárias, aspetos financeiros, saúde, complicações e eventuais problemas.
  11. Resposta de alarme exacerbada.
  12. Suores e transpiração.
  13. Palpitações.
  14. Tremores.
  15. Vertigens.
  16. Desconforto gástrico (6, 7).
Como combater a ansiedade: mulher com sintomas de ansiedade
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TRATAMENTO DA ANSIEDADE

mulher com esgotamento emocional com psicologo

Para além de procurar o melhor tratamento da ansiedade, deveria ser esforço de todos procurar otimizar a sua prevenção e diagnóstico, bem como diminuir o estigma e a culpa que algumas pessoas sentem quando apresentam os sintomas da ansiedade.

Muitas vezes, as perturbações de ansiedade não são reconhecidas, possivelmente pela ideia de culpa que o doente atribui a si mesmo nestas situações, o que atrasa a procura de ajuda especializada.

No entanto, as perturbações de ansiedade requerem tratamento especializado e a definição do tratamento adequado deve ter sempre em conta a história médica e psiquiátrica e as características pessoais do doente. O tratamento da ansiedade deve passar por uma sinergia entre farmacologia, psicoterapia e técnicas psicoeducativas (8).

Fontes

  1. DGS – Direção Geral de Saúde (2013). Portugal: Saúde Mental em Números – 2013. Disponível em: https://www.dgs.pt/estatisticas-de-saude/estatisticas-de-saude/publicacoes/portugal-saude-mental-em-numeros-2013-pdf.aspx
  2. Castillo, A., Recondo, R., Asbahr, F., & Manfro, G. (2000). Transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22, 20-23. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3791.pdf
  3. Lipp, M. E. (2006). Teoria de temas de vida do stress recente e crónico. Boletim Academia Paulista de Psicologia, XXVI, 3, 82-93. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/946/94626311.pdf
  4. Lovibond, P., & Lovibond, S. (1995). The structure of emotional negative states: Comparison of Depression Anxiety Stress Scales (DASS) and Beck Depression and Anxiety Inventories. Behaviour Research and Therapy, 33, 335-343. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/000579679400075U?via%3Dihub
  5. Dias, C. Cruz, J., Fonseca, A. (2009). Emoções, stress, ansiedade e coping: estudo qualitativo com atletas de elite. Rev Port Cien Desp 9(1) 9–23. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpcd/v9n1/v9n1a02.pdf
  6. World Health Organization (1992). The ICD-10 classification of mental and behavioral disorders (10.ª ed.). Geneva: WHO.
  7. APA (2014). DSM 5. Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais, 5ª Edição. Lisboa: Climepsi Editores.
  8. Aires-Conçalves, Sérgio; Coelho, Rui Perturbação de ansiedade generalizada em cuidados de saúde primários: abordagem e tratamento. Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 7, núm. 1-2, janeiro-dezembro, 2005, pp. 65-75 Sociedade Portuguesa de Psicossomática. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/287/28770205.pdf
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