Corre à boca miúda, entre uma reunião de tupperware, um café entre amigas e uma conversa com as tias da aldeia, que pode levar um ano até retomar o sexo depois do parto. Um ano! Um ano? Não, não e não!
Vamos já começar pelo fim para isto ficar bem esclarecido: a não ser que seja um dos raros casos (raríssimos!) em que nada a faz despertar para o prazer e a sua líbido tenha efetivamente desaparecido, não há nenhuma razão para não retomar o sexo, tão cedo quanto possível. Se for um destes casos raros, então, deve procurar ajuda especializada para resolver a situação.
Pareceu-nos importante começar por esclarecer este ponto porque, nós sabemos: hoje é porque acabou de dar à luz, amanhã aguarda a primeira consulta, depois é porque está a amamentar, no dia seguinte regressa ao trabalho, está ansiosa e quer dormir cedo, depois é o tempo que não chega para tudo e há uma máquina de roupa para fazer, um dia qualquer é porque não tem a depilação feita, no outro é porque lhe parece que ouviu o bebé a chorar. Não sabe bem como e já passaram mais de doze meses.
Afinal, como fica o sexo depois do parto?
Muitas mães chegam à consulta de puerpério (6 semanas após o nascimento) sem terem ainda retomado o sexo depois do parto.
Segundo as próprias, têm receio de que algo não esteja bem e aguardam que o médico lhes dê sinal verde para avançar.
É raro, mesmo raro, acontecer algo que a impeça de ter relações sexuais depois de ter sido mãe. Aliás, é recomendado que o faça o quanto antes para que, quando na consulta de revisão, possa esclarecer quaisquer dúvidas caso, de facto, sinta que algo não está bem.
À partida, não há nenhuma razão para não ficar igual e se existe alguma questão, o mais certo é que possa facilmente ser resolvida conversando com o seu parceiro.
O que pode atrasar o retorno a uma vida sexual saudável?
Apesar do que dizemos acima, a verdade é que vários factores podem interferir no regresso a uma vida sexual saudável e ativa. A solução passa muito por relativizar e conversar com o seu parceiro. Apresentamos alguns desses factores e as formas de os ultrapassar.
1. Lóquios
Os lóquios são perdas de sangue, muco e tecidos do interior do útero que acontecem após o parto. Estas perdas podem durar até oito semanas após o parto, na maioria dos casos, após cinco semanas já reduziram significativamente.
2. Cansaço
As novas rotinas e tarefas que chegam juntamente com o bebé podem, mesmo, sugar-lhe toda a energia e, quando tem algum tempo livre, só quer é descansar ou dormir.
Em muitos casos, fazer amor com o parceiro vem no fim da lista. Nem que seja por marcação, arranje tempo para namorar com o seu amor.
3. Insegurança
Engordou alguns quilos com a gravidez, alguns teimam em não sair, sente-se mais flácida, inchada, a juntar a isto, não teve tempo para tratar da depilação. Tudo somado, sente-se desconfortável no seu próprio corpo.
É possível que o seu aspeto físico interfira com a sua segurança mas não com a dele. Ele continua a amá-la e a desejá-la como antes.
4. Medo de engravidar
A sua fertilidade vai demorar algum tempo a regressar. As mães que não amamentam, a menstruação pode descer entre 6 e 24 semanas após o parto. As que amamentam vão ter a menstruação passadas 6 semanas. Está fácil de ver que seria bastante difícil engravidar durante ou logo após o primeiro mês.
5. Medo da dor
A grande maioria das mães tem medo da dor. Não há razões para isso! Se levou pontos, saiba que caem em 10 dias. Ainda que durante a gravidez as características da vagina se alterem, ficando volumosa, após o parto, a vagina demora cerca de 3 semanas a retomar a sua anatomia.
Porém, pela descida acentuada de estrogénios, pode ter dificuldade em lubrificar. É para isto mesmo que servem os lubrificantes.
6. Medo de estar diferente
Dificilmente ficará com medidas diferentes das que tinha. Ou seja, nem terá uma vagina mais apertada nem mais larga. Ao reparar uma episiotomia (incisão feita na zona entre a vagina e o ânus para alargar o canal vaginal e ajudar a expulsar o bebé durante o parto) há referências anatómicas para juntar um lado do corte com a sua parte correspondente do outro lado.
7. Emocionalmente instável
É muito natural que se sinta ansiosa, frágil, resultado do baby blues ou, até mesmo, de uma depressão pós-parto. No caso do primeiro, dentro de dias isso passa; tratando-se do último, é urgente que procure acompanhamento profissional para superar o mais rapidamente possível e recuperar a sua qualidade de vida.
7. Falta de disponibilidade
Acabou de ser mãe, está a aproveitar o momento, só tem olhos para o seu bebé, sente que por estar a amamentar, o seu corpo é exclusivo do seu bebé e assim estão, os dois, perdidos num mundo só vosso.
Procure não se esquecer que antes de ser mãe, é mulher, e o que seu bebé é fruto de uma história de amor. Não deixe a sua relação arrefecer e resgate a intimidade o mais rapidamente possível. Afinal, o amor é o mais importante.