Share the post "Sexo depois da gravidez: a dualidade entre o desejo e o medo"
O nascimento de um filho tem o poder de afetar, positiva ou negativamente, a rotina dos pais, seja o primeiro, segundo ou mais filhos.
O sexo depois da gravidez é frequentemente encarado como um momento de ansiedade, desejo e, simultaneamente, medo por parte da mulher.
O bebé passa a ser o centro das atenções da família, principalmente da mãe, que passa a amamentar, dedicando grande parte do seu dia nesta tarefa e o restante tempo passa nas restantes tarefas associadas ao “ser mãe”, quer seja dar banho, trocar fralda, amar e admirar o bebé, cuidar da casa, etc.
Com esta nova realidade, é comum que, muitas vezes, a mulher acabe por se esquecer de cuidar dela própria e deixe “um pouco de lado” o relacionamento com o seu parceiro, este por sua vez, pode sentir-se mais inseguro e com ciúmes do “terceiro” elemento da família.
No entanto deve de evitar ao máximo chegar a este ponto, uma vez que o nascimento de um bebé deve ser um motivo de alegria e deve servir para fortalecer ainda mais o amor e o companheirismo entre o casal.
Consequentemente, ao fortalecer o amor entre o casal, está também a fortalecer a relação sexual entre eles, desde que respeitem o tempo necessário de espera para reiniciar o sexo depois da gravidez, sendo que deverá ser sempre o médico que determina qual o melhor período de abstinência.
Este tempo é necessário à mulher para voltar a encontrar a sua posição no mundo. O companheiro terá de criar uma grande abertura de espírito para esta situação e cada um deve expressar o que sente acerca do assunto, de forma a ultrapassar o problema.
Fatores que podem dificultar o sexo depois da gravidez
As inúmeras novas atribuições que a mulher passa a ter enquanto mãe podem dificultar o desejo em ter relações sexuais, essencialmente o cansaço é o fator predominante.
Entre os restantes fatores podemos contar com:
- A consequência da amenorreia (ausência de menstruação), devido à produção da hormona prolactina, que favorece a produção do leite e ajuda a reduzir a libido e a lubrificação vaginal;
- Períodos de sono mais curtos e desregulados;
- As mulheres podem ainda sentir o receio de sentirem dor, do desconforto ou de não serem capazes de ter e/ou de dar prazer. O medo interfere nas emoções, deixando a mulher menos confortável e mais tensa;
- Tempo para amamentar;
- Cuidados com as rotinas do bebé;
- Alguns homens sentem receio em fazer sexo tanto com uma mulher gestante, como após o nascimento do bebé.
Neste momento, é extremamente importante, o homem demonstrar paciência para com a mulher e colaborar com a rotina e cuidados do bebé, partilhando as responsabilidades de forma equilibrada.
Quando reiniciar as relações sexuais depois da gravidez?
Não existe um tempo pré-estabelecido para que a primeira relação sexual após o parto aconteça, isso dependerá de casal para casal e da forma que se sentem física e psicologicamente.
Este período de pausa após o parto é chamado o período puerpério ou quarentena, e deve coincidir com uma revisão ginecológica. Geralmente, após 30 a 40 dias depois do parto, a mulher já está apta fisiologicamente para voltar a ter a sua rotina sexual normal.
Após esse período, a retoma da vida sexual pode ter lugar se este exame não revelar problemas como indícios de uma infeção, se a episiotomia (incisão efetuada na zona do períneo) ou no caso de cesariana, a cicatriz abdominal, cicatrizou bem e se os fluidos vaginais hemáticos já pararam.
Se não cumprir este período de resguardo, a penetração, além de ser bastante dolorosa, aumenta o risco de desenvolver uma infeção no útero.
Durante este período, o casal deve de manter a sua atividade sexual ativa, apenas deve de evitar a penetração vaginal. A troca de caricias e carinhos é importante para fortalecer esta nova fase de vida enquanto casal.
Aspetos a ter em conta no sexo depois da gravidez
- Deve recorrer ao uso de lubrificantes entre as 6 semanas e os 6 meses pós-parto, devido à vagina se encontrar com menor lubrificação que o habitual;
- Deve de realizar diariamente exercícios dos músculos pélvicos pois ajudam a prevenir problemas decorrentes da pressão exercida durante o trabalho de parto, bem como ajudam a melhorar a performance sexual da mulher;
- Embora as dores durante o ato sexual passem com o tempo, se estas persistirem por mais de três semanas, depois do fim do período do resguardo ou se forem muito intensas, podemos estar perante um caso de Dispareunia (dor durante o ato sexual), sendo importante consultar o seu médico ou um especialista;
- A comunicação entre o casal tem um papel de extrema importância, surgindo como um meio de reduzir a ansiedade e o medo do pós-parto.
É importante não esquecer que por ter ganho o estatuto de pais, não deixam de ter o estatuto de homem e de mulher.