O diagnóstico de sarna pode passar facilmente despercebido pelos sintomas pouco específicos, mas deve ser considerado em todos os pacientes que se queixem de comichão intensa, generalizada e persistente.
É uma doença altamente contagiosa que pode ser facilmente transmitida através do contacto direto com a pele. Pode também ser transmitida através de superfícies infetadas, tais como, roupas, lençóis ou estofos.
COMO SE DESENVOLVE A SARNA?
Os ácaros responsáveis pelo desenvolvimento da sarna crescem e multiplicam-se apenas na pele humana.
Os ácaros são capazes de perfurar a epiderme (camada mais superficial da pele) logo após o seu contacto. As fêmeas depositam os seus ovos no interior, provocando uma reação alérgica que é visível na superfície da pele.
Os ovos, cerca de 10 a 15, eclodem e dão origem em 3 a 4 dias a larvas. Estas larvas dirigem-se para a superfície cutânea escavando pequenas bolsas, amadurecem em cerca de 1 a 2 semanas e ao atingirem a maturação (forma adulta) acasalam. A nova fêmea fertilizada volta a perfurar a epiderme para depositar mais ovos e o macho morre.
Na sarna clássica, mais comum, vivem no hospedeiro 5 a 15 parasitas fêmeas, no entanto este número pode atingir centenas no caso da sana ou escabiose crostosa, forma mais grave e altamente contagiosa.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA SARNA?
São apenas 2 os principais sintomas associados diretamente à sarna:
- Comichão intensa, geralmente preservando a cabeça e o pescoço;
- Lesões cutâneas, como pápulas ou vesículas principalmente na parte anterior do tronco, nas coxas, nádegas e antebraços.
A erupção cutânea é consequência das reações de hipersensibilidade ao parasita. A atividade deste na pele produz um efeito traumático e fenómenos irritativos que causam a comichão intensa.
O início dos sintomas coincide com o desenvolvimento da resposta imunitária à presença dos ácaros. Num primeiro contacto, os sintomas aparecem cerca de 3 a 6 semanas, no caso de uma reinfeção, os sintomas ocorrem logo após 24 horas.
A comichão é o sintoma mais comum, apresentando uma agravamento noturno, devido ao facto do aumento da temperatura facilitar a movimentação do parasita na superfície cutânea. A intensidade deste sintoma não tem relação direta com a exuberância das lesões na pele.
A duração das lesões é longa e pode variar entre semanas ou meses, a menos que sejam tratadas.
EM QUE CONSISTE O TRATAMENTO DA SARNA?
Os pacientes infetados e as pessoas com as quais é mantido contacto devem ser tratadas ao mesmo tempo, apresentem ou não sintomas.
Os agentes tópicos que são geralmente usados para tratamento da sarna são mais eficazes após a hidratação da pele, ou seja, depois do banho.
A aplicação deve ser feita em todas as áreas da pele, em especial nas mais facilmente esquecidas, virilhas, à volta das unhas, atrás das orelhas, face e couro cabeludo.
As roupas da cama e de uso pessoal devem ser descontaminadas por lavagem a 60ºC.
A comichão pode persistir até 1 ou 2 semanas após a conclusão de um tratamento eficaz. Períodos mais longos devem ser investigados.
A escolha do fármaco mais apropriado para o tratamento depende de vários fatores:
- Eficácia;
- Efeitos potencialmente tóxicos;
- Custo;
- Extensão de área a aplicar;
- Idade do paciente.
Soluções antiparasitárias:
- Creme de permetrina a 5% – Aplicado em todas as áreas do corpo, do pescoço para baixo. Lavar 8 a 12 horas após a aplicação.
- Benzoato de benzilo – deve ser evitado o contacto com a face, olhos, mucosas e canal urinário. Fazer 2 aplicações com um intervalo de 10 minutos, com algodão embebido do medicamento e deixar secar. 24 a 48h depois da aplicação, a preparação deve ser lavada e as roupas trocadas.
- Enxofre de 2 a 10% em vaselina – deverá ser aplicado na pele durante 2 a 3 dias.