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A quinoa é a semente da planta conhecida cientificamente como Chenopodium quinoa.
Pelo facto de apresentar maior qualidade nutricional que a maioria dos grãos, este produto é frequentemente rotulado como um superalimento (1, 2).
Embora a quinoa seja preparada e consumida como um cereal, está categorizada como pseudocereal, uma vez que não se desenvolve nas mesmas condições que o trigo, a aveia e o arroz por exemplo.
É consumida habitualmente cozida e adicionada a saladas, como acompanhamento de pratos ou adicionada a sopas de forma a alterar a textura e enriquecer do ponto de vista nutricional.
Como curiosidade, as Nações Unidas declararam 2013 com o “Ano Internacional da Quinoa” devido ao papel deste grão na segurança alimentar mundial (3).
Quinoa: INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
A quinoa cozida compreende cerca de 72% de água, 21% de hidratos de carbono, 4.4 % de proteína e pouco menos de 2% de gordura.
A informação nutricional da quinoa cozinhada, por 100 g de produto, está descriminada abaixo (4):
- Energia: 120 kcal
- Água: 72%
- Proteína: 4.4 g
- Hidratos de carbono: 21.3 g
- dos quais açúcares: 0.9 g
- Fibras: 2.8 g
- Gordura: 1.9 g
Hidratos de carbono
Cerca de 83% dos hidratos de carbono da quinoa são amidos. O restante consiste em fibras e quantidades vestigiais de açúcares (4%) como a maltose, a galactose e a ribose (4, 5).
A carga glicémica deste grão é bastante baixa – 13 – o que significa que não causa subidas bruscas de glicose no sangue, sendo apta para consumo por diabéticos (6).
Fibras
A quinoa cozida é uma fonte interessante de fibra, 80 a 90% correspondendo a fibra insolúvel como a celulose (7). Este tipo de fibras tem vindo a ser associado a uma redução no risco de doenças como a diabetes (8, 9, 10).
Para além disso, da fermentação intestinal da fibra insolúvel e do amido resistente são produzidos ácidos gordos de cadeia curta com impacto pronunciado na saúde intestinal e na diminuição do risco de doenças crónicas (11, 12 13, 14).
Proteína
Embora cozida apresente apenas 4% de proteína, por peso seco, a quinoa fornece cerca de 16% deste nutriente, bem mais do que outros cereais (4, 15, 16).
Podemos dizer que este grão é uma fonte de proteína completa, ou seja, possui todos os 9 aminoácidos essenciais, aqueles que apenas obtemos através da alimentação (5, 16, 17).
É particularmente rica em lisina, que habitualmente não está presente nas fontes vegetais, mas também em metionina e histidina (1, 2, 15).
Importa ainda referir que a qualidade da proteína da quinoa é comparável á da caseína, uma das frações proteicas de elevada qualidade encontrada nos produtos lácteos (15, 17, 18, 19, 20, 21).
Gordura
O conteúdo em gordura da quinoa é bastante baixo, fornecendo apenas 2 g/100 g de produto cozinhado, consistindo maioritariamente nos ácidos palmítico, oleico e linoleico (22, 23).
Vitaminas e minerais
A quinoa é uma fonte razoável de antioxidantes e minerais, fornecendo mais magnésio, ferro e zinco do que a maioria dos grãos (15, 24).
- Manganésio: encontrado maioritariamente em grãos integrais, este oligoelemento tem uma função importante no metabolismo, crescimento e desenvolvimento
- Fósforo: quase que podíamos dizer que o fósforo é exclusivo dos produtos de origem animal mas a sua presença na quinoa determina a importância deste grão na saúde óssea e manutenção da integridade dos tecidos corporais
- Cobre: um mineral que frequentemente está em falta devido à ocidentalização dos padrões alimentares, com um importante papel na saúde cardíaca
- Ácido fólico: Uma das vitaminas do complexo B, mais propriamente a vitamina B9, o ácido fólico é essencial para a função celular e crescimento tecidular, sendo particularmente importante nas mulheres grávidas
- Ferro: este mineral é essencial, entre outros, para o transporte de oxigénio pelos glóbulos vermelhos
- Magnésio: importante para muitas funções corporais, igual ao que acontece com o cobre, o magnésio está em falta nas dietas ocidentais
- Zinco: este mineral é importante para a saúde em geral, participando em muitas reações químicas que acontecem no organismo
Outros compostos
A quinoa contem vários compostos vegetais que contribuem não só para o seu sabor mas também para os efeitos na saúde.
- Saponinas: estes glicosídeos de origem vegetais são responsáveis por protegem as sementes de quinoa conta insetos e outras ameaças naturais. São habitualmente amargos mas podem ser facilmente eliminados através do demolhe, lavagem ou torrefação antes de cozinhar (2, 25)
- Quercetina: trata-se de um polifenol antioxidante que pode ter um papel na proteção contra várias doenças, nomeadamente doença cardiovascular, osteoporose e alguns tipos de cancro
- Quempferol: outro antioxidante que pode ter um papel na redução do risco de doenças crónicas, incluindo o cancro
- Esqualeno: é um precursor dos esteróides vegetais que age com efeito antioxidante no nosso corpo
- Fitatos: são antinutrientes que reduzem a absorção de minerais como o magnésio e o ferro. A presença de ácido fítico na quinoa pode ser anulada através do demolhe ou germinação da soja antes da cocção (26)
- Oxalatos: antinutrientes como os fitatos mas que ligam o cálcio, reduzindo a sua disponibilidade para absorção, podem ainda representar um risco para pessoas com maior propensão para desenvolver pedras nos rins (27)
BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE
Controlo da glicemia
Pessoas com diabetes tipo 2 não são capazes de utilizar de forma eficaz a insulina que produzem o que conduz a variações do açúcar no sangue e outras complicações.
Os hidratos de carbono refinados aumentam o risco de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular, enquanto os cereais e grãos integrais, como a quinoa, estão associados a uma diminuição desse mesmo risco (28, 29, 30, 31).
Num estudo levado a cabo em humanos, a quinoa baixou tanto os níveis de triglicerídeos como de ácidos gordos livres no sangue. Também se verificou uma redução nos níveis de açúcar no sangue mas em menor grau comparativamente a opções sem glúten (pão e massa) e pão tradicional (32).
Perda de peso
O elevado teor em proteína e fibras fazem da quinoa um aliado interessante na perda de peso.
As proteínas são consideradas elementos chave na perda de peso uma vez que promovem aumento do metabolismo e a sensação de saciedade, sendo importantes na prevenção da obesidade e doenças associadas (33, 34).
As fibras promovem a sensação de saciedade e ajudam a limitar a ingestão de alimentos, ao mesmo tempo que melhoram a saúde gastrointestinal (35, 36). Por outro lado, ajudam a conferir uma baixa carga glicémica à quinoa, fator que previne a sobre-ingestão alimentar e a sensação de fome (37, 38).
Isenta de glúten
Como o pseudocereal isento de glúten que é, a quinoa está apta ao consumo por pessoas intolerantes ou alérgicas à porção proteica dos cereais mais comuns (15).
Com efeito, alguns estudos indicam que incluir ou substituir os ingredientes mais comuns usados nas dietas isentas de glúten por quinoa aumenta drasticamente a qualidade nutricional e o teor em antioxidantes da mesma (39, 40).
Conclusão
A quinoa é mais rica em vários nutrientes do que a maioria dos cereais e grãos, para além de apresentar uma quantidade relativamente interessante de proteína dita “completa”.
Para além disso, é ainda rico em antioxidantes e compostos vegetais com propriedades benéficas, embora também apresente alguns antinutrientes.
Do ponto de vista de saúde, a quinoa pode ajudar na perda de peso e redução do risco de doenças cardiovasculares, e pode ser uma opção a considerar em dietas isentas de glúten.
Se pretende potenciar o valor nutricional da sua dieta, substituir cereais como o arroz e o trigo por quinoa pode ser uma boa forma de começar.
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