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Os principais sintomas da COVID-19 são a febre, falta de ar e tosse. Outras manifestações da doença como as dores musculares, cansaço, alterações gastro-intestinais, dor de garganta e até conjuntivite, podem ocorrer. Mas como é que este vírus afeta o nosso corpo? E porque é que o novo coronavírus causa falta de ar e tosse? Respondemos em seguida a estas, e outras questões.
Porque é que o novo coronavírus causa falta de ar e tosse?Como é que afeta o corpo?

A exposição ao novo coronavírus, acontece quando a pessoa saudável contata através da boca, olhos ou nariz com gotículas respiratórias infetadas. Estando já o vírus no corpo, este vai-se ligar às células da mucosa da região posterior do nariz e da garganta.
Através das proteínas que estão na sua membrana celular, o vírus vai conectar-se a uma célula humana, introduzindo nela o seu ácido ribonucleíco (ARN). A célula afetada reconhece que o ARN do vírus é o seu, replicando-o milhares de vezes e produzindo proteínas virais. Todos os componentes se agrupam, formando vírus completos que migram da célula inicial e infetam outras células (1).
Cada vírus pode criar entre 10.000 e 100.000 réplicas. Quando isto acontece, o sistema imunitário reconhece que está na presença de um agente externo e desenvolve uma resposta inflamatória para o combater. Este é o motivo pelo qual algumas pessoas inicialmente sentem dor de garganta e congestão nasal.
Qual é a fisiopatologia da insuficiência respiratória causada pelo novo coronavírus?

Após estar alojado no nariz e garganta, o vírus migra até aos brônquios, e ali produz inflamação da mucosa. Esta irritação é a causa da tosse. Quando tal acontece, a resposta inflamatória do corpo aumenta e a febre surge. Sintomas de fadiga, perda de apetite e mal-estar geral podem também ocorrer.
Em casos mais graves, o vírus atinge também os pulmões e causa pneumonia ou ainda, uma condição designada síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).
Em ambos os casos, os vasos sanguíneos que suprem os pulmões começam a esvaziar devido à inflamação, e os pulmões enchem-se de líquido e de células que podem danificar o tecido pulmonar. Este problema pode ser ligeiro em algumas pessoas, que melhoram com oxigénio e com o tempo. Nos casos graves de SDRA, pode ser necessário um ventilador para dar suporte aos pulmões até que a inflamação estabilize e o fluido desapareça (2).
A tosse provocada pelo novo coronavírus é seca ou produtiva?
Geralmente, a tosse provocada pela COVID-19 é seca. No entanto, cerca de 1 em cada 5 doentes, parece desenvolver tosse produtiva (com expetoração) (2).
Esta condição é mais frequente em pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou bronquiectasias. Se a expectoração apresentar coloração esverdeada, é sugestivo para a necessidade de toma de antibiótico. Neste caso, deverá consultar o seu médico.
Que exercícios respiratórios podem ser realizados se contrair a COVID-19?
Não existem exercícios respiratórios específicos para realizar no caso de contrair a COVID-19. Se tem uma condição respiratória como bronquiectasias, na qual precisa de eliminar regularmente o excesso de muco (expetoração) dos seus pulmões, deve continuar a realizar os seus exercícios respiratórios ou de eliminação de expetoração regularmente (2).
A infeção pelo novo coronavírus pode afetar a capacidade pulmonar?
Na maioria dos casos, a resposta é não. Existem situações, principalmente quando os doentes são admitidos na unidade de cuidados intensivos, em que houve perda de capacidade pulmonar e cicatrização pulmonar após COVID-19. Se tiver sintomas contínuos de falta de ar ou dificuldade em exercitar-se, os profissionais de saúde podem realizar um teste de função pulmonar. No entanto, a maioria das pessoas não irá necessitar desse acompanhamento.

Estar infetado com COVID-19 aumenta o risco de embolia pulmonar?
A embolia pulmonar tem sido relatada num grande número de doentes com COVID-19 quando internados em unidades de cuidados intensivos. Isto ocorre devido à inflamação causada pela COVID-19, e pelo fato de os doentes nessas unidades não se conseguirem movimentar. Não há evidência de que as pessoas com infeção ligeira por COVID-19 tratada em ambiente domiciliário tenham maior risco de embolia pulmonar (2).
A COVID-19 causa danos a longo prazo nos pulmões?
A grande maioria das pessoas infetadas pelo novo coronavírus, está a recuperar plenamente sem efeitos a longo prazo. As infeções muito graves, ou as que requerem ventilação em unidade de cuidados intensivos, podem ter efeitos nos pulmões e músculos devido ao vírus e aos efeitos de estar a receber cuidados intensivos. A reabilitação e apoio podem ajudar os doentes a regressar à vida normal. Esta condição, afetará apenas uma pequena percentagem dos doentes que contraem a COVID-19 (2).
- Cyranoski, D. (2020) Profile of a Killer Virus. Nature. 501:22-6. Disponível em: https://media.nature.com/original/magazine-assets/d41586-020-01315-7/d41586-020-01315-7.pdf
- European Lung Fondation (2020). COVID-19. Acedido a 28 de Julho de 2020. Disponível em: https://www.europeanlung.org/pt/qa-covid-19/