Farmacêutica Cátia Rocha
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25 Jul, 2017 - 15:57

Pílula do dia seguinte: quais os riscos e quando tomar

Farmacêutica Cátia Rocha

A contraceção oral de emergência, vulgarmente conhecida como a pílula do dia seguinte, atua atrasando a ovulação para que o espermatozoide não fecunde o óvulo.

Pílula do dia seguinte: quais os riscos e quando tomar

A pílula do dia seguinte tem como objetivo impedir uma gravidez não planeada após a relação sexual não protegida ou falha no método contracetivo.

O impacto psicológico, social e financeiro de uma gravidez não planeada é muito elevado, pelo que a recomendação do medicamento mais eficaz pode fazer a diferença no projeto de vida da mulher.

Este método de contraceção de emergência é apenas ocasional. Não substitui um método contracetivo regular.

É de facto de extrema importância mencionar ainda que não protege contra Doenças Sexualmente Transmissíveis.

A pílula do dia seguinte não interrompe uma gravidez já existente, não provoca aborto!

Em Portugal, 64% das gravidezes não planeadas terminam em aborto. Realizam-se aproximadamente 43 abortos por dia.

EM QUE SITUAÇÕES SE DEVE RECORRER À TOMA DA PÍLULA DO DIA SEGUINTE?

quando se deve tomar a pilula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte tem aspetos similares à pílula contracetiva regular, mas não substitui de forma alguma a toma desta. A pílula do dia seguinte tem uma dose extremamente alta de hormonas em comparação com a regular e apenas deve ser utilizada nos seguintes casos:

  • Está insegura quanto à eficácia do coito interrompido ou ao método do calendário;
  • O seu método de contraceção habitual falhou (preservativo rompeu ou saiu do sítio);
  • Cometeu um erro ao usar o seu método contracetivo regular (esqueceu-se de tomar a sua pílula contracetiva);
  • Tem tomado outra medicação que poderá ter diminuído a eficácia da pílula que toma regularmente e está preocupada se está ou pode ficar grávida.

COMO ATUA A PÍLULA DO DIA SEGUINTE?

Considerando que as pílulas do dia seguinte atuam inibindo ou atrasando a ovulação, não são eficazes em 100%. Se a ovulação acaba de ocorrer antes de uma relação sexual não protegida, as pílulas do dia seguinte já não serão eficazes. Não interferem com um óvulo implantado (gravidez) pelo que não causam aborto.

A ovulação é imprevisível e o risco de gravidez está presente durante a maior parte do ciclo.

Existe a crença de que nas mulheres com ciclos regulares de 28 dias, a ovulação ocorre aproximadamente 14 dias após o 1.º dia do último ciclo menstrual. No entanto, verifica-se que, na realidade, a ovulação ocorre numa janela temporal mais alargada.

Assim sendo, a pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rápido possível após a relação sexual não protegida.

Tomando a pílula do dia seguinte o mais rápido possível proporciona a maior probabilidade de sucesso.

Pode ser utilizada em qualquer momento do ciclo menstrual, a qualquer altura do dia, antes, durante ou depois das refeições.

QUAIS SÃO OS POSSÍVEIS EFEITOS SECUNDÁRIOS?

efeitos secundarios da pilula do dia seguinte

Os efeitos variam de pessoa para pessoa e podem durar horas ou alguns dias. Nos casos mais comuns, provoca um pequeno sangramento escuro e desregula a menstruação por cerca de três meses, causando atrasos ou adiantamentos no ciclo. Dor de cabeça, enjoo e dor nos seios também podem ocorrer.

A menstruação pode por vezes ocorrer alguns dias mais cedo ou mais tarde que a data esperada. Em aproximadamente 18,5% das mulheres, ocorreu um atraso de mais de 7 dias; em aproximadamente 7% das mulheres, a menstruação ocorreu mais de 7 dias mais cedo que o esperado.

5 CUIDADOS QUE DEVE TER APÓS A TOMA DA PÍLULA DO DIA SEGUINTE?

cuidados a ter aquando da toma da pilula do dia seguinte
  1. Caso ocorra vómito até 3 horas após a toma do comprimido, deve ser tomado outro comprimido assim que possível.
  2. Uma mulher que esteja a amamentar pode tomar a pílula do dia seguinte, mas deve suspender o aleitamento durante 7 dias.
  3. É aconselhado utilizar um método de barreira fiável (preservativo) até ao próximo período menstrual.
  4. A pílula do dia seguinte não confere proteção contracetiva para relações sexuais posteriores.
  5. Após a toma, deve continuar a utilizar o método contracetivo hormonal regular (pílula, adesivo transdérmico, anel vaginal), embora a sua ação contracetiva possa estar diminuída.

A PÍLULA DO DIA SEGUINTE PODE TER INTERFERÊNCIA COM A MEDICAÇÃO HABITUAL?

pilula do dia seguinte e interacao com outros medicamentos

Existem interações medicamentosas que devem ser tidas em conta:

  • Medicamentos usados para tratar a epilepsia (primidona, fenobarbital, fenitoína, fosfenitoína, carbamazepina, oxcarbamazepina e barbitúricos).
  • Medicamentos usados para tratar a tuberculose (rifampicina, rifabutina).
  • Medicamentos usados para o tratamento do HIV (ritonavir, efavirenz, nevirapina).
  • Medicamentos usados para tratar infeções por fungos (griseofulvina).
  • Produtos à base de plantas contendo Erva de São João (Hypericum perforatum).

Não é recomendada a utilização em mulheres com asma grave tratada com glucocorticoide oral, nem que sofram de doença hepática grave.

COMO ADQUIRIR A PÍLULA DO DIA SEGUINTE?

É um medicamento não sujeito a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia, pelo que pode ser adquirido em qualquer farmácia sob conselho de um farmacêutico.

Existem 2 substâncias comercializadas, que diferem no tempo de atuação após a relação sexual não protegida.

Levonorgestrel – até 72h após relação sexual não protegida.
Acetato de ulipristal – até 120h após relação sexual não protegida.

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