Share the post "Será eficaz e seguro para a mulher tomar a pílula contínua?"
A eficácia e a segurança da pílula contínua são, por vezes, postas em causa. Haverá razão para tal? Ou tudo não passa de mitos? Fique a saber.
Chama-se pílula contínua à pílula de toma contínua que pode ser conhecida por outros nomes, tais como: pílula sem estrogénios; pílula só com progestativo; contracetivo oral com progestagénio; progestativo oral contraceptivo; contraceção progestativa oral; entre outras designações.
Geralmente recomendada no pós-parto, durante o período da amamentação, a pílula contínua tem vindo a levantar algumas questões relativamente à sua eficácia, enquanto método contracetivo, mas também relativamente à sua segurança, no que respeita à saúde da mulher, uma vez que é comum causar amenorreia (não menstruação).
Assim, importa fazer um fact-check em relação a esta questão e perceber, com base na evidência científica, se é ou não eficaz e seguro para a mulher tomar a pílula contínua.
Pílula contínua: o que é?
Antes de mais, importa explicar quais as diferenças entre esta pílula e as demais.
Logo à partida, a diferença mais evidente prende-se com o modo de toma desta pílula. Como o nome indica, esta pílula deve ser tomada de forma contínua, ou seja, diariamente, durante os 28 dias do ciclo.
Sem paragens e sem intervalos, esta pílula deve ser sempre tomada mais ou menos à mesma hora. Em caso de esquecimento, é importante tomá-la nas 12 horas seguintes à hora habitual de toma. Isto porque, a partir desse período, a eficácia contracetiva fica comprometida.
Obviamente que esta não é a única diferença entre a pílula contínua e as restantes. Como as suas outra designações também indicam, esta pílula possui apenas um progestativo, ou seja, não é combinada com estrogénios, como acontece com as outras pílulas anticoncecionais, chamadas, por isso, de contracetivos orais combinados.
Esta carateristica da pílula contínua torna-a mais indicada para algumas mulheres, nomeadamente aquelas para quem, por alguma razão, os estrogénios estão contra-indicados.
Como começar a tomar a pílula contínua?
Esta é outra dúvida recorrente, em relação a esta pílula. Eis alguns aspetos a ter em conta.
- No caso das mulheres que menstruam, a toma da pílula contínua pode ser iniciada nos 5 dias seguintes ao princípio da menstruação. Se iniciar a toma após esses 5 dias, então deve usar outro método contracetivo durante 7 dias.
- No caso das mulheres que não menstruam, e desde que tenham a certeza de que não estão grávidas, podem iniciar a toma desta pílula em qualquer altura.
Vantagens e desvantagens da pílula contínua
Como qualquer outro contracetivo, o uso da pílula contínua tem vantagens e desvantagens.
Algumas das suas vantagens são:
- Ser eficaz, desde que tomada de forma regular;
- Ser uma alternativa para as mulheres para quem os estrogénios estão contra-indicados;
- Não interferir na quantidade ou na qualidade do leite produzido, durante a amamentação;
- Poder ajudar a prevenir problemas de saúde como a doença fibroquística da mama, a doença inflamatória pélvica e os cancros do ovário e do endométrio;
- Reduzir o risco tromboembólico;
- Diminuir o efeito metabólico;
- Não comprometer a fertilidade.
Quanto às desvantagens, elas prendem-se essencialmente com o facto de:
- Só ser eficaz, se houver uma toma diária, num horário regular;
- Não proteger das doenças sexualmente transmissíveis, como a SIDA ou a Hepatite B;
- Poder causar irregularidades no ciclo menstrual ou mesmo amenorreia;
- Se se esquecer de tomar a pílula, isso aumenta mais o risco de engravidar, do que acontece se se esquecer de tomar uma pílula oral combinada;
- Causar mastodinia e tensão mamária;
- Contribuir para o aumento de peso;
- Provocar acne;
- Suscitar alterações de humor.
Quem deve tomar a pílula contínua?
Apesar da pílula contínua poder ser tomada por qualquer mulher, há situações onde ela é particularmente recomendada, a saber:
- Dismenorreia;
- Contraindicações para o uso de estrogénios;
- Perimenopausa;
- Aleitamento materno (3 a 6 semanas após o parto);
- Hipertensão;
- Tabagismo;
- Antecedentes pessoais e/ou familiares de tromboembolismo venoso ou trombose venosa superficial;
- Hiperestrogenismo endógeno;
- Síndrome pré-menstrual e cefaleias catameniais;
- Menorragias;
- Anemia;
- Endometriose.
Conclusão
Sim, a toma da pílula contínua ou pílula só com progestativo é eficaz e segura para a saúde da mulher.
Ainda que possa ser mais “sensível” aos esquecimentos e à hora de toma do que os contracetivos orais combinados, a verdade é que se houver uma toma diária e regular da pílula contínua, ela revela-se eficaz enquanto método contracetivo.
No que respeita à sua segurança para a saúde da mulher, e apesar de ser comum ela causar ciclos menstruais irregulares ou mesmo amenorreia, a realidade é que este efeito secundário não põe em causa o bem-estar da mulher, muito menos a sua fertilidade.
Logo, achar que, por poder provocar amenorreia, a pílula contínua contribui para a infertilidade ou para outros problemas de saúde é, simplesmente, um mito.
A amenorreia pode acontecer sempre que o contracetivo oral utilizado não tem estrogénios ou possui uma baixa dosagem destes, sendo um efeito secundário normal e sem consequências graves para a saúde.
Estas alterações no ciclo menstrual não são prejudiciais, a menos que perturbem o bem-estar psicológico e a segurança, autoestima e autoconfiança da mulher.