A carraça é um parasita externo que necessita de um hospedeiro para sobreviver (alimenta-se do sangue dos vertebrados) e se se reproduzirem, alojam-se no hospedeiro através da famosa picada de carraça, ficando agarrada a ele pelas suas pequenas patas, desta forma consegue sugar o seu sangue continuamente.
Estes parasitas estão ativos todo o ano, mas apresentam um aumento da sua atividade desde o início da Primavera até ao final do Outono, existindo um predomínio nas zonas rurais, com vegetação de média a baixa altura, com alguma humidade.
É importante ficar com a noção de que, a carraça pode transmitir bactérias que podem causar doenças, como por exemplo, Doença de Lyme, febre Escaro-nodular (febre da carraça) ou febre das Montanhas Rochosas, constituindo um perigo para a saúde pública, bem como para os animais domésticos.
Grupos de risco para a picada de carraça
Existem algumas pessoas mais vulneráveis e que podem ficar mais expostas à picada da carraça, tais como:
- Pessoas que tenham contacto com animais, principalmente os que estão ao ar livre, tais como: gatos e cães;
- Pessoas que trabalham ao ar livre, em campos ou matos (exemplo: agricultores, guardas florestais, veterinários e caçadores);
- Desportistas ao ar livre ou campistas.
Como atuar na picada de carraça?
Se souber que foi picado por uma carraça, deve seguir os seguintes passos:
- Não remova a carraça em casa, recorra a um profissional de saúde que a irá remover de uma forma rápida, segura e cuidadosa, utilizando uma pinça para esse fim, pegando na carraça perto da cabeça ou da boca, nunca na parte mole da carraça. NUNCA perfure a carraça, nem utilize outros estratagemas para forçar a carraça a soltar-se, como por exemplo, encostar objetos quentes ou utilizar azeite, pois pode aumentar o nível de stress no animal e libertar mais substâncias prejudiciais na pele;
- Os profissionais de saúde vão remover a totalidade da carraça sem a esmagar, bem como poderão colocar a carraça dentro de um recipiente para enviar para análise;
- É importante lavar com água e sabão as mãos e a área à volta da picada da carraça e desinfectar o local da picada com álcool.
Sintomas a ter em atenção na picada da carraça
A presença da carraça nem sempre é fácil de detetar, uma vez que a sua picada é praticamente indolor e porque apresentam umas dimensões muito reduzidas.
Após a picada de carraça, pode desenvolver um conjunto de sintomas, geralmente 3 a 7 dias após a picada, que necessitam de ser observados por um médico, tais como:
- Erupção cutânea;
- Pode deixar uma mancha negra – escara de inoculação – na zona onde a carraça picou;
- Febre (temperatura corporal > a 38ºC);
- Rigidez no pescoço;
- Cefaleias (dores de cabeça);
- Perda de apetite;
- Mialgias (dores musculares);
- Nódulos linfáticos edemaciados;
- Inflamação nas articulações;
- Fotossensibilidade.
Caso desenvolva sintomas como paralisia, dificuldade em respirar, taquicardia (frequência cardíaca > 100 batimentos por minuto) ou dores no peito, recorra de imediato a um serviço de urgência.
Sabe-se que quando a carraça afeta crianças, idosos ou doentes imunocomprometidos (com o sistema imunitário diminuído), podem surgir complicações graves com evolução desfavorável.
Tratamento da picada de carraça
Após a remoção da carraça, dependendo das complicações decorridas da sua picada, pode ser necessário iniciar um antibiótico precocemente (como a doxiciclina e a tetraciclina), bem como antipiréticos (como por exemplo o Paracetamol ou Ibuprofeno) para controlo da hipertermia e dores. Com o tratamento adequado e atempado, a infeção é debelada sem grandes complicações.
A notificação da doença por parte do médico que faz o diagnóstico, é obrigatória, permitindo à autoridade de saúde local a implementação de medidas de prevenção e controlo.
Formas de prevenção da picada de carraça
Apostar na prevenção é mesmo essencial, pelo que deve de apostar nos seguintes cuidados quando está ao ar livre:
- Reduza a área da pele exposta ao ar (opte por roupas com manga comprida, calças compridas, colocar as meias por cima das calças e utilizar sempre calçado fechado);
- Opte por roupas de cor clara para conseguir identificar mais facilmente a presença destes parasitas;
- Inspeccione sempre, detalhadamente, o corpo todos os dias, inclusive as dobras do corpo, como por exemplo, umbigo, axilas, virilhas, nuca da cabeça, atrás das orelhas etc.;
- Aplique repelente de insetos na roupa e proteja a pele com produtos que contenham DEET (N,N-dietil-m-toluamida). Deve existir sempre algum cuidado ao usar estes repelentes em crianças;
- Se tem cães ou outros animais domésticos, deve sempre inspeccioná-los para verificar se têm carraças e também colocar-lhes coleiras de proteção.