Atualmente, é estimado que ocorram cerca de meio milhão de mortes maternas anuais. Aproximadamente 99% das mortes maternas acontecem em países em desenvolvimento.
Por este motivo, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o partograma, que tem como principal objetivo melhorar a assistência ao trabalho de parto e, assim, diminuir a mortalidade e morbilidade materna e fetal.
O partograma só pode ser utilizado por profissionais de saúde que tenham especialidade em obstetrícia e que tenham capacidade de:
- Conduzir um trabalho de parto;
- Acompanhar a dilatação cervical;
- Anotar corretamente a hora e o estado da dilatação cervical.
O que é o partograma?
O partograma é um instrumento de registo onde é feita uma representação gráfica do trabalho de parto. O principal registo efetuado é a dilatação do colo do útero, avaliada através do exame vaginal, ou toque.
A OMS fez uma revisão deste instrumento, para torná-lo de mais fácil utilização. Na versão modificada, a fase latente do trabalho de parto foi removida e o início dos registos começam na fase ativa, ou seja, quando a dilatação atinge os 4cm.
Quando a grávida entra em trabalho de parto é realizada uma avaliação completa do seu estado assim como do feto. Esta avaliação inclui a elaboração da história clínica, exame abdominal, frequência cardíaca fetal e exame vaginal.
Objetivos
A utilização do partograma tem como objetivo:
- Monitorizar a evolução do trabalho de parto, prevenindo o parto prolongado e a paragem na evolução do trabalho de parto;
- Monitorizar o bem-estar do feto e da grávida.
Informação registada
No partograma são efetuados os seguintes registos:
- Informação sobre a parturiente: nome da grávida, número de utente, data e hora de admissão, hora da rotura de membranas;
- Frequência cardíaca fetal: registada de 30 em 30 minutos;
- Líquido amniótico: são registadas as suas características – claro (C), sanguinolento (S) ou mecónio (M). Se ainda não houver rotura de membranas é registado um “T”;
- Moldagem: é observada e registada a moldagem dos ossos craneanos fetais ao descer a apresentação. A moldagem é registada da seguinte forma: os ossos estão separados e palpam-se facilmente as suturas (0); os ossos tocam-se (+); há ligeira sobreposição dos ossos (++); há sobreposição marcada dos ossos (+++);
- Dilatação cervical: avaliada através do exame de toque e registada a partir dos 4cm de dilatação. O exame de toque deve ser reduzido ao número de vezes necessárias. O intervalo deve ser de 4 horas entre cada toque;
- Linha de alerta: tem início nos 4 cm de dilatação, até ao ponto de dilatação total esperada à taxa de 1 cm por
hora; - Linha de ação: paralela à linha de alerta, registada 4 horas para a frente da linha de alerta;
- Descida da cabeça: Refere-se ao plano onde é palpável a cabeça fetal, acima da sínfise púbica;
- Horas: hora do dia;
- Tempo: tempo decorrido desde o início da fase activa do trabalho de parto;
- Contrações: registadas de 30 em 30 minutos;
- Ocitocina, medicamentos e soluções endovenosas: registo dos fármacos administrados;
- Pressão arterial, pulso e temperatura da parturiente: a pressão arterial deve ser registada de 4 em 4 horas, o pulso de 30 em 30 minutos e a temperatura de 2 em 2 horas;
- Urina: é registada a quantidade de urina em cada micção. A urina é testada para avaliar a presença de proteínas e corpos cetónicos.
Registo das contrações uterinas
Para que o trabalho de parto progrida segundo o esperado é necessário que hajam boas contrações. Normalmente, as contrações vão se tornando mais frequentes e duram mais tempo conforme o trabalho de parto vai progredindo.
No partograma, as contrações são registadas de 30 em 30 minutos. Através do CTG, o registo das contrações é feito continuamente, assim como a frequência cardíaca fetal.
Os registos das contrações são feitos segundo 2 critérios:
- Número de contrações em 10 minutos;
- Duração de cada contração.