Atualmente a grávida tem um conjunto de diferentes tipos de parto à sua disposição, cada um com as suas caraterísticas especificas, no entanto, verifica-se um aumento do número de mulheres que opta pelo parto humanizado.
A humanização do parto é um processo instintivo e natural para a mulher, que evita a mecanização do parto muito caraterística do ambiente hospitalar, que se tem vindo a implantar nas últimas décadas, associadas ao parto normal ou cesariana.
Muitas grávidas querem e precisam de vivenciar o nascimento dos seus filhos de forma ativa, participativa e inteira, vivenciando os processos naturais e humanos por inteiro, mesmo que isso provavelmente envolva a presença de dor e medo.
No parto humanizado, o papel da obstetrícia é remetido para o acompanhamento e vigilância, recorrendo-se a técnicas e procedimentos (por exemplo, a realização da episiotomia, etc.) frequentemente realizados noutros tipos de parto, apenas em última instância ou se a grávida mudar de opinião e der o seu consentimento.
Neste tipo de parto, os protagonistas são sempre a gestante e o nasciturno (bebé), verificando-se que o acompanhante e os profissionais de saúde optimizam o acolhimento físico, bem como emocional da gestante, respeitando a sua vontade e desejos. No entanto, é importante que a gestante apresente boa saúde antes do parto e uma gravidez tranquila, que indique a possibilidade de um parto natural.
Parto humanizado: caraterísticas específicas
Por norma, um parto humanizado baseia-se nos seguintes princípios:
- A gestante tem a liberdade de fazer todas as escolhas em relação ao parto, desde que se encontre bem informada e deve ser totalmente respeitada;
- Existe um respeito pelo processo fisiológico do parto, não se realizando indução do parto (ou seja, a administração de ocitocina artificial para acelerar as contrações), por esta razão o trabalho de parto pode ser muito moroso, levando muitas horas até à expulsão do bebé, sendo essencial a presença de um acompanhante da grávida;
- Criação de um ambiente favorável ao parto, que engloba pouca exposição luminosa, ambiente pouco ruidoso e temperatura ambiente agradável, evitando-se o uso excessivo de ar condicionado. O objetivo deste ambiente é ser semelhante ao ambiente intra-uterino, facilitando a adaptação do bebé ao meio exterior;
- Parir na posição mais confortável para a gestante, o que pode ser na posição ginecológica, vertical, de cócoras, etc.;
- O corte do cordão umbilical só é realizado quando este deixa de pulsar sangue;
- Não se limita só ao momento do parto, abrangendo toda a gestação, parto e pós-parto;
- Não existe um procedimento ou normas rígidas a serem cumpridas, é acompanhada a evolução única de cada parto, bem como as necessidades especificas de cada gestante e bebé;
- É extremamente importante que todo o parto seja acompanhado por um profissional de saúde habilitado (como por exemplo, médico obstetra, enfermeira parteira ou especialista em saúde materna, médico anestesista);
- No pós-parto é valorizado o contato imediato do bebé com a mãe, favorecendo a amamentação e o vínculo mãe-filho e é evitado realizar ao bebé a maioria dos habituais procedimentos associados a um parto normal ou cesariana, como por exemplo:
- Aspiração da via aérea;
- Aplicação de colírio/pomada nos olhos;
- Administração de vitamina K;
- Entre outros.
Parto humanizado: vantagens
Se optar pelo parto humanizado, estas são as seguintes vantagens em relação aos outros tipos de parto:
- Estimulação do vínculo mãe-bebé logo no pós-parto imediato;
- Favorecimento da amamentação, devido ao contato imediato pele com pele, mas também devido à libertação da hormona ocitocina durante o parto vaginal, que favorece a descida do leite;
- Menor risco de contrair problemas respiratórios no bebé, uma vez que a passagem pelo canal vaginal faz com que ocorra uma compressão no bebé que favorece a libertação de secreções pulmonares;
- Melhores índices de vitalidade (APGAR) do bebé após o nascimento;
- Menor risco de infeção e de hemorragia, quando comparado com o parto por cesariana.
Parto humanizado: desvantagens
No entanto, tal como em todos os procedimentos, existem algumas desvantagens de optar pelo parto humanizado:
- Quando o parto é realizado no domicílio torna-se mais difícil agir em conformidade quando ele não decorre como previsto e torna-se urgente recorrer a procedimentos mais técnicos e invasivos;
- Sentir todo o processo de dor do trabalho de parto;
- Não é aconselhado em gravidezes consideradas de risco, tais como a gemelar ou uma gravidez tardia ou na adolescência, bem como em gestantes que tiveram complicações de saúde durante a gravidez (por exemplo, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, etc.);
- O trabalho de parto pode tornar-se muito moroso.
Parto humanizado: formas não farmacológicas de atenuar a dor
Neste tipo de parto, a anestesia epidural não é administrada por opção da grávida, pelo que é necessário recorrer a métodos não farmacológicos para atenuar as dores das contrações e as associadas ao momento de expulsão do bebé, tais como:
- Banhos com água quente frequentes;
- Realização de massagem na região sacro-lombar;
- Aplicação de botija de água quente ou almofadas de aquecimento na região lombar;
- Alternância da posição corporal;
- Realização de caminhadas;
- Utilização da bola de pilates, tal como é ensinada nas aulas de preparação para o parto;
- Musicoterapia (aplicação de músicas calmas e relaxantes que tragam conforto à grávida);
- Diálogo contínuo e positivo.