A papeira, ou parotidite, é uma infeção viral aguda, que, normalmente, aparece na infância, e que provoca tumefação (inchaço) doloroso de uma ou de ambas as glândulas parótidas, podendo ainda, em casos mais graves, serem envolvidos outros órgãos.
As glândulas parótidas são as maiores glândulas salivares de nosso corpo e estão localizadas à frente dos ouvidos.
O grupo etário mais afeto inclui crianças entre os 5 e os 15 anos. Quanto mais jovem for a criança, melhor é o prognóstico.
A papeira é cada vez mais rara, uma vez que a vacinação contra este vírus pertence ao Plano Nacional de Vacinação, o que permitiu reduzir drasticamente o número de casos registados.
A vacina combinada contra Sarampo, Parotidite epidémica (papeira) e Rubéola (VASPR) deve ser administrada aos 12 meses e aos 5 anos, de acordo com o esquema de vacinação recomendado.
Os surtos ocorrem, por norma, em jovens adultos que não estão vacinados ou que estão incorretamente vacinados (apenas com uma dose da vacina).
QUAIS OS SINTOMAS DA PAPEIRA?
De entre as pessoas afetadas, 15 a 20% não apresentam sintomas, sendo que o sinal mais comum, o inchaço das glândulas parótidas, ocorre apenas entre 14 a 21 dias após a exposição.
Cerca de 50% dos doentes desenvolve inicialmente sintomas inespecíficos que podem incluir febre, dores de cabeça, dores musculares, dores a mastigar e deglutir, falta de apetite e mal-estar.
Uma vez instalado o vírus no organismo, este atinge a circulação sanguínea e pode disseminar-se para diferentes glândulas:
- Glândulas salivares – A papeira causa dor e inchaço na glândula parótida e noutras glândulas salivares localizadas sob a língua e a mandíbula.
- Testículos – Nos testículos, o vírus pode alojar-se causando edema, dor, hipersensibilidade e, por vezes, diminuição permanente do tamanho (atrofia), embora raramente cause infertilidade.
- Ovários – Nas mulheres, a infeção dos ovários pela papeira pode causar dor nos quadrantes inferiores do abdómen, mas não conduz a infertilidade.
- Pâncreas – O vírus da papeira pode causar inflamação do pâncreas e consequentes dores abdominais.
- Cérebro – O vírus pode igualmente atingir o cérebro, onde pode causar meningite (inflamação e infeção das membranas que revestem o cérebro) e encefalite (uma infeção cerebral). Este envolvimento cerebral é o mais grave, embora muito raro e conduz a complicações a longo prazo, tais como surdez, paralisia ou convulsões.
Quando uma grávida desenvolve papeira, pode existir um risco acrescido de morte fetal e de aborto se se encontrar no primeiro trimestre de gravidez.
Os sintomas de papeira geralmente prolongam-se durante cerca de 10 dias. Quando o doente recupera, de um modo geral fica imunizado para o resto da vida contra o vírus da papeira.
COMO SE TRANSMITE A PAPEIRA?
Esta doença é então transmitida por um vírus que se propaga através das vias respiratórias (através da tosse, espirros, saliva) bem como através do contacto com objetos e superfícies contaminadas.
A papeira é contagiosa até 9 dias após o aumento da glândula parótida. Assim, após diagnóstico, deve ser evitada a escola e o contacto com outras crianças ou adultos suscetíveis.
O retorno às atividades escolares só deve ser feito após orientação médica, devendo ser apresentada uma declaração que ateste a cura da doença e, portanto, a ausência de perigo de contágio.
COMO SE TRATA A PAPEIRA?
O tratamento da papeira inclui geralmente medidas que reduzam o desconforto, tais como:
- Uso de paracetamol para reduzir a febre e proporcionar alívio do desconforto generalizado;
- Aplicar compressas mornas ou frias no local para reduzir a dor sentida nas glândulas parótidas;
- A dieta alimentar deve incluir alimentos fáceis de mastigar e digerir (sopas, caldos, purés, papas, cremes) de modo a não agravar as queixas;
- Os alimentos ácidos devem ser evitados, assim como os açúcares, devido à ação repressora sobre o sistema imunitário.
Nota
É importante saber que a aspirina (ácido acetilsalicílico e derivados) não deve ser administrada nas crianças com menos de 16 anos, com o objetivo de reduzir dores e febre, devido ao risco de sofrer de Síndrome de Reye, uma doença grave que atinge o sistema nervoso central e o fígado, podendo mesmo colocar a vida da criança em risco.