Share the post "Pandemia afetou saúde mental de quase metade dos portugueses"
A pandemia por COVID-19 tem impactos em muitas áreas das nossas vidas, principalmente ao nível da saúde, economia e saúde mental.
A Ordem dos Psicólogos divulgou um relatório com evidências científicas que visam preparar a sociedade para o que ainda aí vem. Para tal, defende que, no presente, deve-se preparar e mitigar os efeitos negativos da crise socioeconómica que vivemos.
O cumprimento das medidas de segurança e proteção contra o SARS-CoV-2 implicou – e continuará a implicar – uma reorganização das relações, do trabalho, da educação, do dia a dia. De tal forma que, a partir de hoje, Portugal entra novamente em Estado de Calamidade e novas medidas são impostas para tentar travar o aumento de casos.
E tudo isto tem consequências que se refletem em várias áreas: desemprego, precaridade laboral e perda de rendimento; pobreza e exclusão social; literacia e acesso a cuidados de saúde psicológica / mental; e outros fatores que acentuam a desigualdade, como género, educação e acesso a tecnologia.
Estas são, simultaneamente, as áreas nas quais a crise socioeconómica terá mais impacto e os fatores que produzem ou precipitam dificuldades e problemas de Saúde Mental.
Saúde mental pode custar às empresas 3,2 mil milhões de euros anualmente
O relatório destaca um estudo com 10.500 participantes onde se concluiu que quase metade dos portugueses (49,2%) reportou impactos psicológicos moderados ou severos. Um valor significativo que leva também à perda de produtividade devida ao absentismo e ao presentismo, que pode custar às empresas portuguesas até €3,2 mil milhões por ano (estimando que os trabalhadores faltem devido ao stress e a problemas de Saúde Psicológicas até 6,2 dias por ano e o presentismo possa ir até 12,4 dias).
São ainda de destacar os impactos na Saúde Mental dos profissionais de Saúde: de acordo com o relatório da Ordem dos Psicólogos, quase três em cada quatro (72,2%) apresenta níveis médios ou elevados de exaustão emocional e valores semelhantes de burnout, devido à pandemia.
Manter uma força de trabalho produtiva e saudável
Para a Ordem dos Psicólogos, não existe uma solução mágica, mas sim várias áreas que devem ser observadas com maior cuidado e que exigem mais intervenção ativa:
- Colocar as pessoas no centro das políticas públicas, criando medidas que visem o crescimento económico e o bem-estar dos cidadãos.
- Combater o desemprego.
- Garantir o acesso aos serviços e cuidados de saúde psicológica/mental.
- Prevenir problemas, nomeadamente através do reforço de psicólogos e demais profissionais da área nos cuidados de saúde.
- Apoiar a parentalidade a infância.
- Mudar comportamentos, sendo, para isso, fundamental aumentar a compreensão e o conhecimento de aspetos cognitivos, motivacionais, emocionais.
- Intervir no stress laboral e riscos psicossociais.
- Investir na promoção da saúde psicológica / mental nas escolas.
- Promover a resiliência, o autocuidado e o bem-estar.
- Aumentar a literacia em saúde psicológica.
- Ordem dos Psicólogos – “Crise económica, pobreza e desigualdades: Relatório sobre Impacto Socioeconómico e Saúde Mental”. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/crise_econaomica_pobreza_e_desigualdades.pdf