Share the post "Paixões na infância: como devem ser vividos o amor e o afeto?"
O namoro, a relação amorosa, é algo de complexo, até para os adultos. As crianças estabelecem relações de amizade e não de namoro. Têm curiosidade em conhecer o sexo oposto e em perceber as relações amorosas entre os adultos. Mas, e quando a criança diz que já namora? Como lidar com as paixões na infância?
As emoções das crianças são importantes!
As emoções fazem parte da nossa vida, é preciso saber viver com elas. Naturalmente, as crianças não são exceção, pelo que importa desde cedo acompanhar o seu desenvolvimento afetivo e emocional.
As emoções, quando estão ausentes ou quando são excessivas tornam-se patológicas e tendem a perturbar as vivências diárias. Assim sendo, contribuir para o bem-estar emocional das crianças é função de todos os adultos que com elas privam e que têm responsabilidade na sua educação e formação.
Como parte do seu desenvolvimento emocional e afetivo é importante que, desde cedo, as crianças aprendam a:
- identificar e reconhecer as emoções;
- identificar e reconhecer as reações corporais que estas provocam;
- tomar consciência das emoções e aprender a controlá-las;
- compreender o que os outros estão a sentir;
- comunicar com clareza sobre emoções.
Um desenvolvimento emocional e afetivo bem-sucedido permite aumentar os relacionamentos, gerar mais possibilidades de afeto e criar maior qualidade de vida. Assim sendo, a infância, através das relações de grupo que as crianças estabelecem umas com as outras, é uma fase importante para desenvolver estas capacidades de reconhecimento e controlo das emoções.
Paixões na infância: as crianças também namoram?
O amor e a paixão acompanham-nos desde sempre. Os bebés fazem tudo para captar a atenção e encantar os adultos de referência. As crianças, mesmo as mais pequenas, procuram criar laços afetivos com aqueles que as rodeiam.
Mas, e quando a “química” e a atração é dirigida a outra criança? Será que as paixões na infância existem? Será que as crianças realmente namoram?
Idade pré-escolar
Com a entrada na idade pré-escolar, é natural que as crianças se identifiquem mais com alguns colegas e amigos e com outros nem tanto. É também nesta fase que as crianças começam a dar conta das múltiplas e complexas emoções que sentem e conseguem exprimir.
Assim, é comum e natural que as crianças se sintam especialmente entusiasmadas e motivadas em partilhar brincadeiras, momentos e afeto com algum colega/amigo mais especial.
Todavia, nestas idades, o namoro como o conhecemos mais tarde no curso do desenvolvimento, não existe, nem parece haver grande benefício em incentivá-lo. Estas paixões na infância são formas de expressar amizade, carinho, sentido de identificação ou até curiosidade pelo sexo oposto.
Idade escolar
À medida que as crianças vão crescendo, em idade escolar, começam a surgir as primeiras paixões na infância, estas já mais arrebatadoras. É nesta fase que o tema do namoro tende a surgir com maior enfoque e curiosidade.
As crianças convivem com o tema “amor” e “namoro” no seu dia a dia, na família, na escola, na televisão. Assim sendo, é natural que nas suas brincadeiras recriem certos rituais que vêm nos adultos, como o namoro, o casamento e até o divórcio.
Nesta fase, os pais, ou outros adultos de referência, podem partilhar com as crianças a sua experiência sobre estar apaixonado e sobre as suas próprias paixões na infância, não valorizando em demasia estas paixões infantis, mas respeitando-as.
Adolescência
Na adolescência já é tudo um pouco diferente. O amor e a paixão atingem outras proporções e certezas.
É natural que nesta fase os pais se sintam ansiosos e inseguros. Devem procurar conhecer os amigos e os namorados dos filhos, incentivar as atividades em grupo de amigos, respeitar e dar espaço aos sentimentos do adolescente, não ridicularizar nem menosprezar as suas relações de namoro.
Conclusão
Independentemente da idade, proibir e menosprezar em nada contribui para o bom desenvolvimento emocional e afetivo dos mais pequenos.
Os pais devem tentar antecipar-se às paixões na infância e, desde cedo, assumir o controlo das conversas sobre quais as formas mais adequadas e respeitosas de expressar apreço pelos outros.
Em suma, os pais não devem reprimir as manifestações infantis de afeto, desde que estas sejam adequadas. Devem, antes, explicar e mostrar quais os comportamentos permitidos e conversar livremente, sem tabus.