Os sinais de depressão são mais prevalentes em indivíduos do sexo feminino, com índices 1,5 a 3 vezes mais altos do que os do masculino, começando no início da adolescência (1, 2).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as perturbações depressivas são, atualmente, um dos maiores problemas de saúde em todo o mundo. Estima-se que seja a segunda causa de morbilidade no ano de 2020 e os estudos mais recentes preveem que seja a primeira causa nos países desenvolvidos em 2030 (1, 2).
Os principais SINAIS DE DEPRESSÃO
Para melhor identificar e, assim, poder tratar esta doença, conheça alguns dos sinais de depressão e os seus sintomas (2, 3).
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
Os sinais de depressão podem manifestar-se por sentimento de tristeza, vazio, sem esperança ou coragem. Este pode ser relatado pela própria pessoa ou por observação feita por outras pessoas. Em crianças e adolescentes, esta tristeza pode-se manifestar por humor irritável.
2. Diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
Pode haver menor interesse por passatempos ou falta de prazer em atividades antes consideradas prazerosas.
Um indivíduo adulto que antes gostava de correr deixa de o fazer; numa criança que gostava de futebol arranja desculpas para não o praticar. Por vezes, o seu funcionamento pode parecer normal, mas o seu comportamento é notado como um esforço aumentado para realizar as atividades diárias.
3. Perda ou ganho significativo de peso (sem que seja por dieta) ou redução ou aumento do apetite.
As alterações no apetite podem envolver redução ou aumento. Alguns indivíduos deprimidos referem ter de se forçar a alimentar e outros podem comer demais. Em crianças, considera-se o insucesso em obter o ganho de peso esperado
4. Insónia ou Hipersónia
As dificuldades do sono podem assumir a forma de dificuldades para dormir ou dormir excessivamente.
5. Agitação ou retardo psicomotor
A agitação psicomotora pode manifestar-se por incapacidade de ficar sentado quieto, agitar as mãos, puxar ou esfregar a pele, roupas ou outros objetos.
O retardo psicomotor pode manifestar-se por um discurso, pensamento ou movimentos corporais lentificados; maiores pausas antes de responder; volume da fala diminuída, etc.
6. Fadiga ou perda de energia
Diminuição da energia, cansaço e fadiga mesmo sem esforço físico são sinais de depressão comuns. Tudo é feito com grande esforço.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva
Tendencialmente, as pessoas com sinais de depressão fazem avaliações negativas e irrealistas do próprio valor, culpabilizam-se ou ruminam acerca dos seus fracassos passados.
Os indivíduos frequentemente atribuem as interpretações que fazem das situações a defeitos pessoais.
8. Sentimentos de ansiedade e aumento de irritabilidade
Os indivíduos referem maior irritabilidade (por exemplo, raiva persistente, tendência a responder a situações com ataques de raiva ou culpando outros ou sentimento exagerado de frustração por questões menores).
9. Queixas somáticas
Por vezes, as queixas de humor começam por questões somáticas como dores corporais.
10. Dificuldade para pensar ou em se concentrar, ou tomar decisões
Em termos profissionais, os indivíduos sentem-se incapazes de funcionar adequadamente. Nas crianças, há uma diminuição no rendimento escolar.
São também frequentes queixas de memória ou distração fácil que não devem ser confundidos com possível demência em idade avançada.
11. Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida
Podem ser de um desejo passivo de não acordar pela manhã, ou uma crença de que os outros estariam melhor se estivesse morto, até pensamentos transitórios.
Pode ou não haver um plano específico para cometer suicídio. Pode ser uma tentativa de suicídio.
12. Interesse ou desejo sexual
Em alguns indivíduos, há redução significativa dos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual.
FATORES DE RISCO PARA DEPRESSÃO
Temperamentais
O temperamento (afetividade negativa) é um dos fatores de risco para o início de uma perturbação depressiva. Estes indivíduos têm uma tendência para desenvolverem episódios depressivos em resposta a eventos de vida stressantes (2, 3).
Ambientais
Experiências traumáticas de infância, situações de vida stressantes e angustiantes são potenciais fatores de risco para desenvolver sinais de depressão.
Genéticos
Os familiares de primeiro grau de indivíduos com Perturbação Depressiva têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença que a população em geral. A hereditariedade é de aproximadamente 40%.
Existem outras condições médicas, como a diabetes, obesidade mórbida, doenças cardiovasculares e doenças crónicas ou incapacitantes que, não raras vezes, aumentam o risco de desenvolver episódios depressivos. Também ocorrem
sinais de depressão durante o tratamento com certos fármacos como os corticosteróides, interferon ou devido a abstinência de substâncias como anfetaminas, cocaína, etc.
Em suma
É certo que dentro das Perturbações Depressivas existem alguns subgrupos. Contudo, a característica comum, é a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo seja ela social, profissional ou em outras áreas de vida do indivíduo.
Muitas das consequências funcionais da Perturbação Depressiva derivam de sintomas individuais pelo que não têm de estar presentes todos estes sinais de depressão. Existem critérios específicos e outros aspetos a ser explorados para o diagnóstico.
Uma tristeza ou desinteresse em atividades de vida diária podem fazer parte de experiências e acontecimentos de vida adaptativos de qualquer ser humano.
Pelo que, pela complexidade da doença, identificar se os sinais de depressão são uma doença ou não pode não ser tarefa fácil. Se perceber alguns dos sinais em si ou em alguém próximo é aconselhado que recorra a ajuda especializada.
- Leckie G. et al. (2019). Identifying Critical Points of Trajectories of Depressive Symptoms from Childhood to Young Adulthood. Pubmed, Jounal of Youth and Adolescence, 48 (4), 815-827. Doi: 10.1007/s10964-018-0976-5
- Carvalho S. (2011). Variáveis Sócio-Cognitivas como Preditores da Resposta ao Tratamento Farmacológico da Depressão. (Dissertação de Doutoramento). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/18468/3/Serafim%20Armindo%20Dias%20de%20Carvalho%20%5bDisserta%c3%a7%c3%a3o%20de%20Doutorament.pdf
- American Psychiatric Association (2014). DSM-5: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Porto Alegre: Artmed.