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De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS), os organismos geneticamente modificados (OGM’s) ou transgénicos podem ser definidos como “organismos (plantas ou animais) nos quais o material genético (DNA) foi alterado de um modo que não ocorre na natureza por reprodução ou recombinação natural”.
Quando apenas se altera o material genético de um organismo, ele é apenas um organismo geneticamente modificado. Quando se transfere genes de um organismo para outro, mesmo em espécies não relacionadas, com o objetivo de acrescentar características novas e/ou vantajosas à espécie que os recebe, esta tecnologia é denominada “engenharia genética” e estes alimentos são considerados transgénicos.
É uma técnica muito específica e precisa, visto que é necessário saber exatamente que genes têm de ser alterados para obter os resultados pretendidos.
Esta técnica tem como principal objetivo, em particular nos alimentos de origem vegetal, gerar variedades mais produtivas, mais nutritivas, resistentes a doenças e pragas, e mais tolerantes a agressões externas, como por exemplo alterações climáticas.
Atualmente, existem cerca de 26 espécies vegetais transgénicas aprovadas comercialmente, sendo que as modificações genéticas aplicadas promovem uma maior resistência aos herbicidas (em particular no algodão, milho, soja e beterraba), aos insetos, a vírus (papaia, abóbora e batata), a condições ambientais adversas, entre outras.
5 mitos a desvendar sobre organismos geneticamente modificados
1. Os organismos geneticamente modificados são uma “invenção” recente
Apesar de poderem parecer uma invenção recente, se consideramos um conceito mais amplo da sua definição, a origem dos OGM’s remonta há muito tempo. Na verdade, grande parte dos alimentos que comemos atualmente foi alterada geneticamente ao longo do tempo pelo Homem, pois este foi selecionando as características que mais lhe agradavam nas espécies animais ou vegetais que ingeria.
Quer isto dizer que desde há muito tempo que o homem seleciona as plantas ou animais com características mais vantajosas, de modo a promover especificamente a sua reprodução e assegurar uma nova geração com essas mesmas características, até que se extingam as espécies com características menos favoráveis.
Posto isto, conclui-se que uma grande parte das plantas e animais que incluímos na nossa alimentação, não só atualmente, derivam de técnicas naturais de manipulação genética, o que torna difícil fugir da ingestão de alimentos geneticamente modificados.
2. Os organismos geneticamente modificados não são seguros do ponto de vista alimentar
Outro grande mito que se levanta quando se fala em alimentos geneticamente modificados é que estes podem não ser seguros para consumo humano.
No entanto, e de acordo com a evidência científica, não há margem para dúvidas: os organismos geneticamente modificados são seguros do ponto de vista alimentar, quer para animais como para humanos.
Com efeito, são vários os estudos e as instituições de renome que demonstram a segurança destes alimentos para a saúde humana, uma das quais a American Association for the Advancement of Sciences, a instituição responsável pela revista Science, que diz: “A melhoria das culturas agrícolas pelas técnicas modernas de manipulação genética é segura. (..) Consumir alimentos contendo ingredientes derivados de culturas transgénicas não é mais arriscado do que consumir os mesmos alimentos que contêm ingredientes de plantas cultivadas modificadas por técnicas convencionais de melhoramento de plantas. Por outro lado, as modificações genéticas podem ter um impacto muito positivo a nível da saúde”.
Em 2018 surgiu um novo estudo que mostrou que alguns OGM’s tornam os seres humanos mais resistentes a microtoxinas capazes de induzir ou aumentar o risco de cancro, embora sejam ainda necessários mais estudos para provar esta associação.
3. Os Organismos geneticamente modificados não são seguros do ponto de vista ambiental
Outra das questões que gera controvérsia quando se fala em alimentos transgénicos é o impacto que estes poderão ter a nível do ambiente e da sustentabilidade.
No entanto, mais uma vez a ciência é unânime em confirmar que o impacto ambiental destes alimentos é positivo, isto porque promovem a redução da utilização de pesticidas (visto que as espécies selecionadas já são mais resistentes a pragas), diminuindo o impacto ambiental associado ao uso dos mesmos, assim como a redução significativa na libertação de emissões de gases de efeito estufa.
Com efeito, a adoção dos transgénicos reduziu, em média, o uso de pesticidas em 37%, aumentou os rendimentos das colheitas em 22%.
Por último, as culturas transgénicas parecem exercer um efeito protetor sobre as culturas não transgénicas em relação a pragas, aumentando a produtividade do cultivo, um fator que tem um impacto económico importante.
4. Os Organismos geneticamente modificados têm um impacto económico negativo
Como já abordado nos pontos anteriores, através do recurso a estas técnicas, a produção torna-se mais barata, com menos mão-de-obra, menos incorporação de inseticidas e quase eliminação de herbicidas não-biodegradáveis, o que aumenta a produtividade dos solos e se torna economicamente favorável (diminui o preço de custo para produtores e consumidores).
5. Os organismos geneticamente modificados não têm regulamentação
Na Europa, os OGM’S são regulados legalmente de forma específica, prevendo a aplicação de requisitos de rastreabilidade e rotulagem.
No que se refere à rastreabilidade, a Comissão propôs regras para possibilitar que os produtos ao longo das cadeias de produção e distribuição possam ser localizados e identificados, sendo controladas e verificadas as menções (frases) de rotulagem nos produtos que contem OGM’s, de modo a possibilitar uma escolha informada do consumidor.
Em suma, e à face do conhecimento científico e técnico atual, os riscos e vantagens dos organismos geneticamente modificados têm de ser vistos caso a caso, sendo que na maioria das variedades aprovadas para comércio e consumo até à data, não só são seguros do ponto de vista alimentar como são economicamente mais vantajosos e sustentáveis.