Os períodos de inatividade estão associados a uma reversão de muitas adaptações funcionais. Como resposta à questão “O que acontece ao nosso corpo quando deixamos de treinar?” deixamos de seguida alguns dos efeitos do destreino em alguns dos sistemas do corpo.
De referir que o timing para a ocorrência destas reversões é variável de pessoa para pessoa, dependendo de vários fatores como idade, condição física atual, historial desportivo (há quanto tempo treina, quantas vezes por semana, qual a duração dos treinos, qual a intensidade, que modalidades pratica, etc.), motivo da paragem, entre outros.
Também a “gravidade” das reversões dependente de vários fatores, sendo certo que quanto maior o tempo de inatividade maior a perda e mais difícil a recuperação.
Treinar não deve ser uma moda, mas sim um estilo de vida. Quando isto acontece, verificam-se várias adaptações fisiológicas dos sistemas cardiovascular, endócrino, respiratório, neuromusculoarticular, entre outros que estão a ser solicitados, evidenciando adaptações que aumentam as suas capacidades para o tipo de estímulo que estão a receber.
O que acontece ao nosso corpo quando deixamos de treinar
Mudanças no metabolismo
- Diminui o metabolismo das gorduras. Por consequência há um aumento da gordura acumulada, podendo haver aumento do peso. Se não gasta a energia ingerida nos alimentos, esta passará a ser armazenada como gordura no seu corpo.
- Diminuição dos níveis de glicogénio muscular.
- Acumulação mais rápida do lactato.
- Aumento dos níveis de glicose no sangue.
Alterações cardiovasculares
- Diminuição da massa cardíaca.
- Diminuição do volume de sangue ejetado pelo coração (volume sistólico).
- Aumento da frequência cardíaca.
- Aumento da pressão arterial.
- Aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Sistema muscuesquelético: reduções significativas
- Diminuição da massa muscular (atrofia muscular).
- Diminuição da força muscular.
- Diminuição da capilarização muscular.
- Diminuição da massa óssea que resulta num aumento do risco de osteoporose.
Capacidade respiratória alterada
- Diminuição da capacidade do nosso organismo captar e utilizar o oxigénio (VO2máx).
Sistema neural afetado
- Diminuição da produção de hormonas como a serotonina e endorfina (conhecidas como hormonas do bem-estar).
- Maior propensão para baixa autoestima e depressão.
- Diminuição da comunicação neuromusculoarticular.
Então, cada vez que deixo de treinar regularmente perco tudo?
Com base no princípio da reversibilidade, poderíamos assumir que sim. No entanto, este princípio não se aplica a habilidades que são adquiridas. Isto é, assim que uma habilidade é aprendida, nunca mais é esquecida, principalmente se foi bem aprendida. Nadar, andar de bicicleta… São alguns dos exemplos. Quando para de treinar pode perder força, resistência e tudo o referido anteriormente, mas o corpo ainda se lembrará como se executa determinada função.
6 dicas para se manter ativo
- Leve sempre consigo um saco de treino preparado.
- Reduza o volume de treino em vez de parar definitivamente.
- Reduza a intensidade do treino em vez de parar ou desistir porque está mais cansado, doente, menos assíduo.
- Faça treinos mais curtos em vez de faltar ao treino porque não tem tempo para o seu treino habitual.
- Faça uma caminhada ou uma corrida logo pela manhã, na sua hora de almoço, ao final do dia.
- Faça do treino um compromisso profissional. Da mesma forma que não pode faltar ao trabalho, não pode faltar ao momento do dia dedicado ao seu bem-estar.
Quando é o seu próximo treino?