Share the post "HPV Vírus do Papiloma Humano: as respostas às suas dúvidas"
O Vírus do Papiloma Humano, ou HPV, já apresenta mais de 200 tipos de estirpes diferentes. Este é responsável por um elevado número de infeções que, na maior parte dos casos, causa lesões benignas, mas que também pode causar, por exemplo, cancro do colo do útero.
Esta é, de facto, uma das infeções de transmissão sexual mais comuns a nível mundial. Cerca de 50 a 80% de indivíduos sexualmente ativos adquirem esta infeção em alguma altura da sua vida, apesar de apenas uma pequena percentagem evoluir para doenças mais graves.
Como se transmite o Vírus do Papiloma humano?
Apesar de ser uma infeção muito prevalente, este vírus tem um período de latência muito grande o que faz com que por vezes se passem muitos anos até se descobrir a infeção. O HPV ocorre maioritariamente sob a forma de verrugas que se alojam na zona do útero da mulher aumentando de tamanho gradualmente.
Nos HPV de alto risco incluem-se os tipos 16 e 18, que são responsáveis por 75% das lesões mais graves (cancerosas). As estirpes mais comummente implicadas na doença oncológica são os tipos 16, 18, 31, 33, 35 e 39.
Nos HPV de baixo risco estão incluídos os tipos 6 e 11, que são responsáveis pela maioria das doenças benignas causadas pelo HPV, das quais as mais frequentes são os condilomas (lesão na pele semelhante a verrugas) ou verrugas genitais.
Em Portugal aparecem cerca de 1000 novos casos por ano e por isso é preciso esclarecer este problema e todas as dúvidas que possam surgir, nomeadamente se o HPV tem cura ou não.
O HPV é uma infeção sexualmente transmissível que pode afetar tanto homens como mulheres em qualquer idade. No entanto, as mulheres infetadas têm 300 vezes mais hipóteses de vir a desenvolver cancro do colo do útero.
Normalmente as zonas genitais são as mais afetadas, mas também as vias respiratórias, boca, olhos, ânus entre outros, podem ser infetados. Inicialmente esta infeção surge quando a pele de uma pessoa infetada entra em contacto com uma pessoa não infetada.
Depois de o vírus se alojar no organismo de uma pessoa, pode manter-se como um “fantasma” durante muitos anos, sem nunca haver evolução para doença.
Como se manifesta a infeção pelo Vírus do Papiloma humano?
Existem mais de 200 estirpes de HPV, no entanto as mais graves e que mais recorrentemente evoluem para cancro são as estirpes 16 e 18 do vírus.
A doença manifesta-se através de uma infeção silenciosa, que é o grande problema do HPV. Por vezes formam-se verrugas invisíveis e imperceptíveis e que apenas são detetadas com determinados exames.
Ou seja, não apresenta sintomas nem sinais que levem a uma desconfiança da parte da mulher/homem.
Quais os fatores de risco para o desenvolvimento do HPV?
Todas as pessoas sexualmente ativas estão suscetíveis de contrair o vírus HPV, mas existem alguns fatores que aumentam o risco de contágio:
- Relações sexuais desprotegidas;
- Múltiplos parceiros (o risco aumenta com o maior número de parceiros sexuais, ou com um parceiro que tenha múltiplos contactos);
- Sistema imunitário deficiente;
- Ser portador de alguma doença sexualmente transmissível (DST’S).
A infeção pelo HPV pode ser controlada, mas quando não tratada pode progredir e transformar-se dando origem a displasias e/ou carcinomas. Esta é a principal causa do desenvolvimento do cancro do colo do útero.
Alguns fatores de risco podem potenciar o aparecimento do cancro associado ao HPV, são resultantes de alterações do sistema imunitário:
- Uso prolongado de contraceptivos orais;
- Tabagismo;
- Infecção por HIV;
- Múltiplas gestações;
- Tratamentos como quimioterapia e radioterapia;
- Ser portador de doenças sexualmente transmissíveis como Herpes simples e clamídia.
Qual é o tratamento do HPV Vírus do Papiloma Humano?
Antes de mais é importante dizer que quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor. O tratamento adequado deve ser iniciado de imediato e sempre com acompanhamento médico para conseguir combater o vírus de forma mais eficaz e evitar assim o desenvolvimento de um cancro.
O tratamento passa pela aplicação de pomadas nas zonas lesadas ou através de eletrocoagulação, laser, crioterapia ou mesmo cirurgia e tem como objetivo reduzir ou eliminar as verrugas que se vão formando.
No entanto, é importante não esquecer que apenas o nosso sistema imunológico tem a capacidade de eliminar definitivamente o vírus do organismo e por isso mesmo é tão difícil dizer que o tratamento é 100% eficaz.
Este tratamento pode ser dado como encerrado assim que novos exames médico indiquem que não há verrugas. Mas estas podem aparecer novamente e nesses casos o tratamento tem que ser realizado novamente até não surgirem mais verrugas.
Quais as melhores medidas de prevenção do HPV?
O método mais eficaz é a imunização através da administração de vacinas. No Plano Nacional de Vacinação existem já duas vacinas contra as estirpes 16 e 18 do HPV, até 2019 apenas para mulheres. No entanto, os rapazes, que também podem ser portadores, estão já abrangidos mesmo que não possam desenvolver a doença mais preocupante associada ao vírus – cancro do colo do útero.
A idade ideal para a vacina ser administrada é aos 13 anos, sendo que, hoje em dia, estão recomendadas três doses:
- Primeira dose: a partir dos 13 anos de idade;
- Segunda dose: 2 meses após a primeira dose;
- Terceira dose: 6 meses após a primeira dose.
Apesar da sua existência, a vacina não consegue proteger contra a infecção por todos os tipos de estirpes do HPV, não prevenindo assim cancros do colo do útero do tipo cancros anogenitais e verrugas genitais.
A vacina não cura, é somente de prevenção, pelo que o seu efeito é potenciado se administrada antes do início de uma vida sexual ativa.
Além dessa medida de prevenção, é também crucial que as mulheres tenham consultas de rotina de ginecologia, sendo esta uma das medidas mais eficazes uma vez que quando o HPV é descoberto precocemente, as probabilidades de sucesso são muito maiores. Pelo que já foi dito antes, este vírus apenas é descoberto com exames específicos, como o Papanicolau em todas as mulheres que já iniciaram a sua vida sexual.
Também a vida sexual deve ser feita da forma mais segura possível, reduzindo o número de parceiros sexuais e com utilização de preservativo, em todas as circunstâncias, para assim ajudar a prevenir esta e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Praticamente 100 % dos cancros do colo do útero são causados pela infeção por HPV. Estima-se que, na Europa, cerca de 90 % dos cancros anais, 15 % dos cancros vulvares, 70 % dos cancros vaginais e 30 a 40 % dos cancros penianos sejam causados por infeções por HPV.
Quais são as vacinas utilizadas em Portugal?
Atualmente, as duas vacinas mais administradas em Portugal abrangem alguns serotipos, responsáveis pelo cancro do colo do útero e pelas verrugas anogenitais e são elas:
- Bivalente – Abrange os serotipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% de casos de cancro do colo do útero.
- Tetravalente – Abrange os serotipos 16, 18, 6 e 11, responsáveis por cerca de 90% das verrugas anogenitais.
É recomendada a vacinação em homens?
A vacinação no homem, embora possa ser administrada por indicação médica, habitualmente não é recomendada. Porém, se detetar por exemplo verrugas genitais, deve de imediato:
- Consultar um médico, de preferencia especialista;
- Falar com a/o sua/seu parceiro sobre o que se está a passar e pedir-lhe que também seja observado;
- Quando tiver relações sexuais, utilizar sempre o preservativo.
O HPV tem cura?
Ainda não existe medicação antiviral com capacidade de eliminar o Vírus do Papiloma Humano do organismo, pelo que apenas o sistema imunitário será capaz de o combater de forma expontânea.
No entanto, nem sempre o vírus é eliminado de forma natural pelo que se torna fundamental a realização de rastreios anuais ao HPV para que seja possível atuar precocemente em caso de resultado positivo.
Na presença do vírus, existem tratamentos para os sintomas manifestados, mas que, à partida, não conseguem erradicar o problema. Assim, sempre que o vírus se manifestar (sob a forma de verrugas), é importante voltar a implementar o tratamento adequado.
Se o HPV tem ou não cura deixa de ser importante se tomar as medidas de prevenção necessárias, de forma a proteger-se a si e ao próximo.