Para entender quais as novas vacinas em 2019, é importante explicar a importância da vacinação bem como explicar quais as vacinas implementadas no sistema de vacinação atual.
As vacinas constituem o maior avanço da medicina moderna e cada vez mais temos à disposição mais e melhores vacinas, que mudam por completo o panorama das doenças infeciosas nos países desenvolvidos e permitiram salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.
As vacinas são produtos imunobiológicos constituídos por microrganismos, partes destes ou produtos derivados, que depois de inoculados no indivíduo saudável produzem uma resposta similar à da infeção natural induzindo imunidade sem risco para o vacinado. E, por isso, mesmo a vacinação é a forma mais efetiva de prevenir a doença.
Mas além desta proteção individual, a maioria das vacinas tem ainda a capacidade de, a partir de determinadas taxas de cobertura vacinal, interromper a circulação dos microrganismos entre pessoas, originando aquilo a que se chama “imunidade de grupo”. Esta imunidade de grupo permite proteger também todos aqueles que não podem ser vacinados ou não respondem à vacinação.
Qual era o plano nacional de vacinação antes das novas vacinas?
Segundo a direção geral de saúde, o plano nacional de vacinação (PNV) foi criado em 1965 e desde essa data está em permanente revisão e melhoria.
As vacinas que fazem parte deste plano são selecionadas com base na epidemiologia das doenças e evidência científica do seu impacto. Até 2019, o PNV consistia em:
- Hepatite B: a vacina contra a hepatite B (VHB) é dada aos 0, 2 e 6 meses de idade;
- Doença invasiva Haemophilus influenzae b: a vacina Hib é dada aos 2, 4, 6 e 18 meses de idade;
- Difteria, Tétano e Tosse convulsa: uma vacina trivalente (DTPa) dada aos 2, 4, 6, 18 meses e depois aos 5 anos de idade;
- Poliomielite: a vacina VIP é dada aos 2, 4 e 6 meses com reforço aos 18 meses e 5 anos de idade;
- Infeções por Streptococcus pneumoniae: a vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13) é dada aos 2 e 4 meses com reforço aos 12 meses de idade;
- Doença invasiva por Neisseria meningitidis C: a vacina contra a doença invasiva provocada por Neisseria meningitidis C (MenC) é dada numa dose única aos 12 anos;
- Rubéola, Sarampo e parotidite epidémica: a vacina trivalente VASPR é dada aos 12 meses de idade e aos 5 anos;
- Infeções por vírus do Papiloma humano: a vacina (HPV9) contra infeções por Papiloma humano de 9 genótipos é dada às rapariga com 10 anos (sendo dividida em duas doses, dadas com um intervalo de 6 meses);
- Tétano: a vacina do tétano (Td) deve ser administrada aos 10, 25, 45 e 65 anos de idade, sendo que a partir desta idade é dada de 10 em 10 anos.
As três novas vacinas em 2019
Uma vez que o plano nacional de vacinação está em constante melhoria, surgiram em 2019 três novas vacinas. São elas as vacinas contra o rotavírus, que provoca gastroenterites, contra a meningite B, que era apenas dada a crianças em situações clínicas graves gratuitamente e há ainda o alargamento da vacina contra o Papiloma Humano a todos os rapazes, uma vez que as raparigas já tinham esta vacina no PNV.
Estas vacinas, que a partir de 2019 serão gratuitas e pertencerão ao plano de vacinação, eram dispendiosas. Sendo que as vacinas contra o rotavírus tinham um preço médio total de 150€, as da meningite B 95€ por dose (o número de doses dependia da idade, sendo necessárias pelo menos 2 doses). Já a vacinação contra o HPV variava entre 140€ e 290€, consoante a escolhida no mercado.
Ao todo, os números para as famílias portuguesas são muito simpáticos, uma vez que pouparam cerca de 500€, na introdução destas novas vacinas em 2019.
Mas em que consistem estas três vacinas? Vamos conhecê-las um pouco melhor.
1. Vacina contra o rotavírus
O rotavírus é uma infeção viral do sistema digestivo cujos sintomas são semelhantes aos de uma gastroenterite habitual. Estes incluem febre, vómitos e diarreia.
É uma infeção muito comum nas crianças e provoca uma gastroenterite aguda. A vacina contra este vírus é administrada por via oral e é dada a partir das 6 semanas de vida.
Existem dois tipos disponíveis no mercado: a Rotateq, que prevê a administração de 3 doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, e a Rotarix, que prevê apenas 2 doses dadas aos 2 e 4 meses de idade.
2. Vacina contra a meningite B
A meningite tipo B é uma doença rara causada por Meningococcus B, que apresenta uma taxa de mortalidade considerada alta: 10%.
Existem poucos casos em Portugal, no entanto é uma doença que progride rapidamente, podendo causar a morte em poucas horas. É uma doença que afeta maioritariamente crianças e adolescentes, sendo muito efetiva no primeiro ano de vida.
Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe, tais como febre alta, vómitos e sonolência. A vacina pode ser administrada entre os 2 meses e os 50 anos de idade, sendo que esta é mais eficiente quando dada aos 2 meses.
3. Vacina contra o HPV em rapazes
O vírus do Papiloma Humano (HPV) é responsável por diversas infeções de transmissão sexual. A consequência mais grave destas infeções, que muitas vezes são persistentes e silenciosas, é o cancro do colo do útero, um problema que causa a morte de muitas mulheres.
Esta vacina já entrava no PNV para raparigas com mais de 10 anos, uma vez que as mulheres são mais suscetíveis a ter este vírus e pelo tipo de cancro que causa. No entanto, este vírus pode também provocar infeção persistente e doenças nos homens, sendo por isso introduzida no plano.
Diversos outros tipos de cancro podem ser consequência deste vírus, bem como provocar problemas de fertilidade nos homens. A vacina é dada da mesma forma, uma dose a partir dos 10 anos e a segunda dosagem, 6 meses depois.