Há muitos mitos acerca dos ovos que incluímos na nossa ementa. Apenas um por semana? Dois ou três? A razão por detrás desta discussão prende-se com o facto de, à exceção do potencial risco que o excesso de colesterol do ovo possa ter para a saúde, mas a verdade é que este alimento é dos mais saudáveis à nossa disposição.
Mesmo com os estudos mais recentes, nos quais a ingestão de 300 mg adicionais de colesterol podem ter um impacto negativo na saúde em geral, nunca pode ser descartada a hipótese de que, uma vez que a população estudada foi a norte-americana, este aumento do risco esteja associado aos alimentos que frequentemente acompanham os ovos: bacon e carnes processadas. No fundo, comer ovo é perfeitamente seguro, desde que não se ultrapasse o limite de três unidades por dia. Por outras palavras, a palavra-chave é a moderação.
Ovos: um poderoso alimento
Ovos de galinha, em particular, são excelentes fontes de vitamina A, vitamina B2, vitamina B12, selénio, ácido fólico e antioxidantes.
Dependendo da galinha ou do grau de enriquecimento do ovo, podem fornecer ainda quantidades apreciáveis de ómega 3. Mesmo com os estudos mais recentes, nos quais a ingestão de 300 mg adicionais de colesterol podem ter um impacto negativo na saúde em geral, nunca pode ser descartada a hipótese de que, uma vez que a população estudada foi a norte-americana, este aumento do risco esteja associado aos alimentos que frequentemente acompanham os ovos: bacon e carnes processadas.
Comer ovo é perfeitamente seguro, desde que não se ultrapasse o limite de três unidades por dia. Por outras palavras, a palavra-chave é a moderação.
Há riscos no consumo exagerado?
Um estudo recente sugere que cada 300 mg de colesterol alimentar consumidos diariamente aumentam em 17% o risco de desenvolver doença cardiovascular e em 18% o risco de mortalidade por todas as causas.
Uma vez que um ovo contém cerca de 186 mg de colesterol, foi sugerido pelos investigadores que o consumo de três a quatro ovos semanalmente está associado a um aumento de 6% do risco de doença cardiovascular e de 8% no risco de morte por todas as causas.
Esta informação quase nos leva a assumir que o consumo de ovo, nem que seja 1 por semana, é mau para a saúde. Mas não é bem assim.
OVO E O COLESTEROL ALIMENTAR
Em primeiro lugar, é importante perceber o impacto relativo do colesterol dos alimentos na saúde global. O colesterol provém de duas fontes: pode ser produzido pelo fígado ou pode ser obtido através da alimentação, maioritariamente pela ingestão de produtos de origem animal. Por exemplo, carnes e produtos lácteos gordos são ricos no chamado colesterol alimentar ou dietético.
Estes mesmos produtos são também ricos em gorduras saturadas e gorduras trans, substâncias essas que fazem com que o fígado produza mais colesterol do que é normal. Alguns tipos de óleos alimentares, como o óleo de coco e o óleo de palma, também aumentam a produção hepática de colesterol. As diretrizes norte-americanas sugerem que a ingestão de colesterol deve ser o mais próximo de nada possível.
No entanto, o fundamento científico que acompanha estas recomendações também sugere que o colesterol não é um nutriente cujo sobreconsumo seja de interesse. É importante enfatizar que demonstrar o impacto na saúde de um nutriente ou alimento específico é bastante complexo.
No estudo citado anteriormente, no qual foram seguidas mais de 30.000 pessoas dos mais diversos grupos étnicos e socioeconómicos durante 31 anos, foram ressalvados múltiplos efeitos confundidores.
Por outro lado, por muita qualidade que um estudo observacional tenha, vai continuar a ser um estudo observacional, ou seja, é praticamente impossível atribuir uma relação causa-efeito ao consumo de ovo.
O QUE ACONTECE QUANDO COMEMOS VÁRIOS OVOS POR DIA?
Durante décadas as pessoas foram alertadas para a importância de limitar o consumo de ovos – ou pelo menos das gemas dos ovos. Um ovo médio contém aproximadamente 186 mg de colesterol, ou seja, cerca de 62% do valor diário de ingestão recomendado.
Em contraste, a clara do ovo é composta maioritariamente por proteína. As recomendações mais comuns incluem o limite de duas a seis gemas de ovo por semana. No entanto, não há suporte científico suficiente para suster esta recomendação nos dias de hoje.
Nutriente | Quantidade por 44 g (unidade média) | % das Quantidades Diárias Recomendadas (RDA) |
Proteína | 5.5 g | 11% |
Gordura | 4.4 g | 7% |
Gordura saturada | 1.4 g | 7% |
Colesterol | 186 mg | 62% |
Ómega 3 | 32.6 mg | – |
Vitamina A | 214 UI | 4% |
Vitamina D | 15.4 UI | 4% |
Vitamina B12 | 0.6 mcg | 9% |
Selénio | 13.9 mcg | 20% |
Alguns estudos examinaram os efeitos do consumo de ovos nos níveis de colesterol. Estes estudos dividiram as pessoas em dois grupos – um que ingeria um a três ovos por dia e outro que ingerir outros produtos, como substitutos do ovo.
Como resultado, em quase todos os casos, verificou-se um aumento dos valores de colesterol HDL, ou seja, o “bom” colesterol. Por outro lado, o colesterol total e o “mau” colesterol podem manter-se inalterados ou, em alguns casos, subir ligeiramente.
Aparentemente, a resposta à ingestão de ovos inteiros varia de pessoa para pessoa. Em 70% dos casos, o consumo do ovo com a gema não teve efeito nos valores de colesterol total e colesterol LDL mas em 30% dos indivíduos, designados hiper-responsivos, estes marcadores podem subir ligeiramente.
Mesmo assim, uma das alterações verificadas foi a mudança do tamanho das partículas de colesterol LDL, de pequenas e densas para grandes , um indicador de menor risco de doença cardíaca.
Sendo assim, mesmo que a ingestão de ovos seja acompanha da de subida nos níveis de colesterol “mau”, essa subida não é necessariamente negativa. Até à data, é seguro ingerir até três ovos inteiros por dia, contabilizados nas necessidades energéticas diárias.
Vantagens do consumo de ovos
Os ovos são mais do que o colesterol que os compõe. A sua riqueza em luteína e zeaxantina, dois antioxidantes, torna-os em alimentos valiosos na redução do risco de doenças oculares.
O seu teor em colina, um nutriente essencial com potencial lipotrófico obtido quase exclusivamente da alimentação e importante para o correto funcionamento celular, faz com que os ovos sejam alimentos importante em funções que vão desde a manutenção da saúde do sistema nervoso central até à desintoxicação do fígado.
Para além disso, quando contabilizados nos cálculos nutricionais, os ovos podem ser importantes na manipulação da composição corporal uma vez que promovem a sensação de saciedade e o aumento de massa muscular.
No entanto, quanto é “muitos ovos”?
Infelizmente, não existem estudos em que a ingestão de ovo seja superior a três unidades por dia. É possível, no entanto, que comer mais de três ovos por dia possa ter um impacto negativo para a saúde e embora relatos de um homem de 88 anos que consumia 25 ovos por dia e apresentava valores séricos de colesterol normais, é impossível extrapolar a resposta ao consumo extremo de ovos para a restante população.
Também é importante salientar que nem todos os ovos são iguais, e os mais saudáveis são os enriquecidos com ómega três ou de galinhas que não sejam criadas em cativeiro. Este são naturalmente mais ricos em ómega três e vitaminas lipossolúveis como a vitamina A e a vitamina D.