Share the post "Mitos sobre alimentação que estão a fazer com que coma mal"
Alguns mitos sobre alimentação, que não passam disso mesmo, podem condicionar a sua alimentação e consequentemente a sua saúde. Ao optar por determinadas escolhas por globalmente ser dito que é benéfico ou não, pode levá-lo a ter uma alimentação desadequada, baseada em crenças não fundamentadas.
Como diz o ditado popular “com a saúde não se brinca”, e na dúvida será sempre melhor consultar um nutricionista, o profissional de saúde apto a esclarecer todas as suas questões neste domínio.
5 Mitos sobre alimentação que já deve ter ouvido falar
Existem vários mitos sobre alimentação, no entanto, vamos focar-nos em 3 que têm sido frequentemente abordados e que, por vezes, ainda podem suscitar algumas dúvidas:
- O consumo de leite faz mal e não precisamos de o fazer para garantirmos o aporte de cálcio.
- O glúten faz mal
- O Consumo de ovos contribui para o aumento do colesterol no sangue.
- Comer pão engorda ao contrário de outros alimentos ricos em hidratos de carbono.
- Ser vegetariano ou optar por uma alimentação vegetariana é saudável.
1. O leite faz mal
O leite é um alimento consumido há muitos anos e muitos são os benefícios associados ao seu consumo. É diretamente ligado ao aporte de cálcio na dieta e quando se fala na sua importância, rapidamente nos referimos a este aspecto.
O leite não faz mal, muito pelo contrário: o seu consumo tem vários benefícios na saúde humana e são vários os estudos que o comprovam. A questão que mais se fala relativamente ao leite prende-se precisamente com a sua digestão: muitas pessoas são intolerante à lactose, o açúcar presente no leite, ou dificilmente digerem a proteína presente neste alimento, a caseína. É certo que o leite não é um alimento sempre fácil no campo da digestão, no entanto, não é por isso que o mesmo traz malefícios à saúde.
Cada caso é um caso e por isso cada situação deve ser avaliada de forma individual. Apesar de não fazer mal, não se pode dizer que é um alimento imprescindível já que ainda que com menos biodisponibilidade (capacidade de absorção), outros alimentos podem substituir o leite quando falamos da questão do cálcio. Também as pessoas que, por diversos motivos, não podem consumir leite, as alternativas vegetais revelam-se uma boa opção.
A crença de que o leite faz mal, pode trazer consequências no padrão de consumo geral e na saúde de quem restringe estes alimentos e derivados da sua alimentação. Ainda que possam existir alternativas viáveis, nomeadamente opções vegetais, a tendência pode não cobrir as necessidades de cálcio e outros nutrientes importantes no leite, especialmente em crianças e idosos em que estas necessidades são maiores.
Algumas alternativas ao leite têm outro tipo de aditivos, nomeadamente açúcar, que em nada beneficiam os consumidores, se estes optarem por fazer determinadas escolhas alimentares. É importante a leitura dos rótulos, não só ao nível dos ingredientes como também o que diz respeito ao valor nutricional. Preste atenção à quantidade de açúcar (compare os produtos na coluna correspondente ao produto por 100g) e ao teor de gordura total e gordura saturada.
2. O glúten faz mal e deve ser evitado
A moda das dietas sem glúten veio para ficar – mas será que tem fundamento? O glúten é a proteína encontrada em cereais como o trigo, cevada e centeio. Associada ao seu consumo, existe uma doença, a doença celíaca, que se caracteriza por uma resposta imune mediante o consumo de alimentos com glúten. Neste caso, o glúten deve ser restringido completamente da dieta sendo que, a presença do mesmo na alimentação pode provocar complicações graves na saúde de quem tem esta doença.
Além da doença celíaca, existem outras condições em que o glúten deve ser restringido nomeadamente na presença de uma intolerância ou, tal como alguns estudos sugerem, na presença de algumas doenças de pele e auto-imunes.
Além das situações mencionadas, é errado dizer que o glúten faz mal à saúde ou que, muito menos, o seu consumo favorece o aumento de peso. A restrição de alimentos com glúten deve ser pensada e justificada. Na dúvida, consulte um nutricionista.
A restrição de glúten e a escolha de alimentos substitutos nem sempre constitui uma alternativa viável e saudável: a maioria dos alimentos sem glúten, reconstituídos ou alterados a partir de um produto naturalmente com glúten, têm outro tipo de ingredientes que tornam o seu sabor apelativo e agradável ao consumidor. A adição de açúcar e gorduras e o próprio processamento dos alimentos revela uma troca pouco saudável e sem vantagens do ponto de vista nutricional.
Além das escolhas alternativas, a restrição de hidratos de carbono, que normalmente acontece quando há uma tentativa de restrição de alimentos com glúten sem substituição pela sua versão isenta, poderá não ser positivo para a saúde dos consumidores já que os mesmos fornecem nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo e não devem ser restringidos sem razão ou aconselhamento específico para tal.
3. O consumo de ovo aumenta o colesterol no sangue
A questão do ovo é prova de que a ciência é dinâmica e que aquilo que era verdade ontem, hoje já não é. Estudos mais antigos sugeriam que o consumo de ovo potenciava o aumento do colesterol no sangue e que o seu consumo devia ser restrito (cerca de 2-3 ovos por semana).
Hoje, através de estudos recentes, sabe-se que o consumo de ovos não aumenta o colesterol no sangue nomeadamente o “mau colesterol”, como estudos anteriores diziam. Apesar disso, não se deve ter isto como justificação para comer ovos à descrição: o ovo é um alimento saudável mas nem todos têm a mesma origem (condições das galinhas que lhes deram origem) e o ideal será sempre ter uma alimentação equilibrada, variando as fontes de proteína na sua dieta e moderando as quantidades.
A crença de que, segundo os estudos recentes, pode-se comer ovos com maior liberdade, faz com que as pessoas tenham a crença que o seu consumo deve ser desmedido e sem restrição o que na realidade não deverá acontecer: ainda que não exista uma dose máxima, deverá ter sempre em conta o equilíbrio.
4. O pão engorda
O mito clássico de que o pão engorda, ainda que não passe disso mesmo, continua a ter impacto nos hábitos de consumo dos Portugueses, numa cultura em que o pão é um alimento que faz parte gastronomia e presente em muitos pratos típicos. O pão é um alimento rico em hidratos de carbono, fibra, vitaminas e minerais e o seu valor nutricional depende sempre dos ingredientes que são usados já que existem inúmeras formas de confeccionar pão.
O facto de as pessoas pensarem que o pão engorda, faz com que restrinjam este alimento e optem por outros que, à partida podem parecer saudáveis mas que na realidade acabam por ser uma opção não tão saudável como o pão: granola, barras de cereais, cereais de pequeno-almoço, bolachas, entre outros.
O pão não engorda e é um alimento saudável, desde que consumido nas porções certas e tendo em conta aquilo que é uma alimentação equilibrada. Além do fator inerente à quantidade, aquilo que coloca no pão pode adicionar valor calórico ao conjunto e retirando o conceito de saudável à refeição em que consome o pão. Opte por compotas sem açúcar, queijo magro ou fiambre de aves. Evite a compra de pão embalado, opte pelo fresco confeccionado a partir de farinhas integrais e sem adição de açúcar ou gordura.
5. Ser vegetariano é saudável
Uma alimentação vegetariana, falando dos casos em que não existe consumo de carne e peixe pode, tendo em conta o facto de conter uma parte considerável de frutas e vegetais, parecer uma alimentação saudável. No entanto, o conceito “saudável” é também subjectivo na medida em que se forem analisados todos os fatores, inclusive alternativas à carne no mercado e formas de confecção, nem sempre se pode dizer que um vegetariano se alimenta de forma adequada.
É certo que o maior consumo de frutos e hortícolas constituí um ponto vantajoso, no entanto, a alimentação vegetariana pode conter uma série de alimentos com elevado teor de açúcar, gordura (ainda que na maioria vegetal) e em que, muitas vezes, fritos e guisados predominam nos métodos de confeção. Uma alimentação saudável pressupõe uma alimentação equilibrada, capaz de satisfazer as necessidades nutricionais de cada um. A prática de uma alimentação vegetariana pode ainda constituir uma situação de carência nutricional, pelo que deverá consultar sempre o médico e o nutricionista para que sejam monitorizados os seus parâmetros clínicos.
Ainda que não seja vegetariano e queira optar por alguns menus ou produtos intitulados como tal, leia devidamente os rótulos dos produtos e, no caso de comer fora, tenha em atenção aos ingredientes adicionados e às formas de confecção dos pratos optando por cozidos, estufados, assoados com pouca gordura e grelhados.