Das várias doenças de visão existentes a mais comum é a miopia. Estima-se que esta doença afeta aproximadamente 1,5 mil milhões de pessoas, o que corresponde a 22% da população mundial. Em Portugal, cerca de 2,5 milhões de indivíduos sofrem de miopia, sendo que este número tem vindo a aumentar cada vez mais.
Segundo um estudo realizado na Universidade do Minho, em apenas 12 anos houve um aumento considerável da prevalência da doença. O número aumentou de 23% para 42%, de 2002 a 2014. Recentemente, foi realizada uma investigação na University College of London, que revela que cerca de 54% dos indivíduos com idade superior a 40 anos têm erros de refração. Na década de 60, apenas cerca de 10% sofriam de miopia.
O que é a miopia?
Tal como o astigmatismo e a hipermetropia, a miopia consiste num erro refrativo. Por outras palavras, acontece quando existe uma alteração da morfologia do olho que afeta a maneira com as imagens se formam e são transmitidas ao cérebro.
Nos indivíduos portadores desta doença, o globo ocular tem dimensões superiores ao normal. Também a córnea apresenta alterações, sendo mais curva do que o normal. Em qualquer um destes casos, acontece que a imagem é focada à frente da retina, pelo que ficam desfocadas.
Como se manifesta?
Os indivíduos míopes sofrem uma diminuição da qualidade da visão ao longe. Normalmente, a visão ao perto não sofre alterações, a não ser em casos mais graves.
Em crianças, esta alteração pode facilmente passar despercebida, especialmente se apenas um dos olhos está afetado. Geralmente, manifestam queixas de dor de cabeça e cansaço, podem sofrer uma diminuição do seu rendimento escolar e têm tendência a aproximar-se demasiado da televisão ou outros objetos.
Como na maior parte das crianças estes sintomas são pouco perceptíveis ou desvalorizados, é importante a realização de uma consulta de oftalmologia aos 3 anos de idade. Esta consulta tem como objetivo detetar a presença de problemas de visão e proceder à sua correção, se necessário.
Nos indivíduos adultos, a miopia manifesta-se através de dor de cabeça, fadiga na condução, cansaço nos olhos e visão desfocada.
Quais são as causas?
A causa da miopia não está exatamente conhecida. Sabe-se que é uma condição que já nasce com o indivíduo e está, geralmente, associada ao astigmatismo. Ainda que a sua origem seja genética, pode desenvolver-se na sequência de um traumatismo ou cirurgia ocular.
Existem alguns fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento de miopia numa criança:
- História familiar de miopia: a prevalência da doença quando um dos progenitores é míope é cerca de 20 a 40%, enquanto que se ambos os progenitores são míopes, atinge os 30 a 60%;
- Utilização excessiva da visão ao perto: ainda que não esteja completamente provado, atividades como a leitura frequente, pode contribuir como um forte fator de risco.
Como se diagnostica?
A miopia é diagnosticada numa consulta de oftalmologia. Atualmente, existem vários equipamentos que permitem detetar e quantificar rápida e eficientemente esta doença, tanto em crianças como em adultos.
Nesta consulta, é feita a avaliação de todo o globo ocular com o objetivo de perceber as suas características e descartar possíveis causas do problema assim como outras doenças oculares.
Como se trata?
Quando a miopia é ligeira e não interfere significativamente na visão, não há a necessidade de tratamento. Quando estamos perante um grau mais elevado da doença, esta pode ser corrigida recorrendo à utilização de óculos ou lentes de contacto ou através de cirurgia refrativa.
Óculos
A utilização de óculos é a solução ideal para crianças e adolescentes até aos 15 anos de idade. Em adultos com mais de 40 anos, pode ser necessário utilizar um tipo de lente que corrija tanto a miopia como os problemas de visão ao perto. Essas lentes são chamadas de “progressivas” uma vez que possuem diferentes graduações ao longo da sua superfície.
Lentes de contacto
As lentes de contacto podem são uma opção para tratar a miopia desde que não existam contraindicações como alergia, falta de lágrimas ou exposição a ambientes muito secos e com fumo. A utilização de lentes de contacto obriga a que haja higiene, disciplina e rigor para que não hajam intercorrências. É fundamental que haja acompanhamento médico com o objetivo de detetar precocemente possíveis problemas que possam advir da sua utilização.
Existem uma grande variedade de lentes de contacto. A sua seleção é feita mediante avaliação médica.
Tanto a utilização de óculos como de lentes de contacto não cura a miopia, mas compensam o erro refrativo provocado pela mesma.
Cirurgia refrativa
A cirurgia é indicada para indivíduos com idade superior a 18 anos e cuja graduação esteja estabilizada há mais de 12 meses. A cirurgia permite moldar a superfície da córnea corrigindo as suas anomalias. É um procedimento simples e rápido, realizado sob o efeito de anestesia local.
Este procedimento permite a recuperação da visão em menos de 24 horas. Mesmo perante a presença de miopia associado a astigmatismo ou hipermetropia, a cirurgia refrativa permite resultados fiáveis, seguros e rápidos.
Lente intra-ocular
Como alternativa à cirurgia pode ser colocada uma lente dentro do globo ocular. A lente colocada dentro do olho permite compensar a miopia. O efeito desta lente intra-ocular assemelha-se ao obtido com as lentes de contacto só que de forma permanente.
Os problemas oftálmicos estão a aumentar brutalmente em todo o mundo. A perda da visão afetam facilmente a qualidade de vida dos individuos afetados. Se acha que está a perder qualidade de visão ou sofre de miopia o ideal é aconselhável que procure um médico oftalmologista.
