Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
16 Set, 2016 - 16:00

Mioma: causas, sintomas e tratamentos

Mónica Carvalho

É provável que já tenha ouvido falar de mioma uterino – mas este problema feminino não tem que ser um bicho de sete cabeças. Descubra porquê.

Mioma: causas, sintomas e tratamentos

Aparece com frequência no sexo feminino, estima-se que ocorra entre 20 a 50% das mulheres em idade fértil, o mioma uterino, também designado por fibróide, leiomioma ou fibromioma, é um tumor benigno que cresce no tecido do útero.

Conforme a localização, os miomas podem ser intramurais (os mais comuns), subserosos (que crescem na parede exterior do útero) ou submucosos (que se localizam na camada de revestimento do útero, o endométrio, e tendem a provocar mais perdas de sangue).

Em muitos casos, o mioma pode passar despercebido sem causar sintomas, o que leva a um diagnóstico difícil e tardio, mas sem preocupações graves, já que dificilmente este tumor passará a maligno. 

Mioma uterino: por que aparece?

As causas do mioma ainda não foram identificadas. Sabe-se que eles se desenvolvem na mulher em idade reprodutiva e que não surgem antes do corpo ser capaz de produzir estrogénios.

Há, contudo, fatores que podem influenciar o seu aparecimento: idade, história familiar, hábitos alimentares e obesidade.

Sabe-se ainda que o mioma cresce mais rapidamente durante a gravidez e quando o corpo recebe doses adicionais de estrogénios. Por sua vez, após a menopausa, este tumor benigno para de crescer e reduz mesmo as suas dimensões dada a perda de estrogénios.

Quais os sintomas do mioma uterino?

dores regiao pelvica

Os sintomas mais comuns de mioma uterino são:

  • Presença de dores na região posterior das pernas;
  • Aparecimento de sensação de dor ou de pressão na região pélvica;
  • Períodos menstruais abundantes e prolongados, perdas de sangue entre os períodos;
  • Obstipação ou gases pela compressão do abdómen;
  • Aumento de volume do abdómen que pode ser confundida com excesso de peso ou gravidez;
  • Dores durante as relações sexuais;
  • Pressão na bexiga com sensação constante de vontade de urinar;
  • Incontinência ou incapacidade de esvaziar a bexiga.


Como se diagnostica o mioma uterino?

O diagnóstico baseia-se no exame ginecológico e por exames como a ecografia ou a ressonância magnética, que permitem confirmar a presença, localização e dimensão do mioma.

Mioma uterino: tratamentos

O tratamento do mioma uterino depende de diversos factores, como a idade, estado geral de saúde, gravidade dos sintomas, antecedentes pessoais e localização. Se não houver qualquer manifestação de sintoma, a simples vigilância pode ser suficiente.  E se antigamente o tratamento mais comum era a histerectomia – remoção do útero, que torna a mulher infértil, hoje existem outras opções, nomeadamente tratamentos que podem incluir hormonas que ajudam a reduzir a dimensão antes da cirurgia. 

No caso da cirurgia, o tumor benigno pode ser removido através do útero por histeroscopia, por laparoscopia (inserção de instrumentos cirúrgicos por pequenos orifícios no abdómen) ou por cirurgia aberta, no caso de miomas de maiores dimensões. Neste último caso, as paredes do útero podem ficar enfraquecidas, tornando necessário o recurso a cesariana numa gravidez que ocorra posteriormente.

Mas é mais fácil hoje em dia remover o mioma e preservar o útero, principalmente em idade fértil, contudo há sempre a possibilidade de reincidência em cerca de 25% dos casos. 


Tratamento inovador

Há uma nova opção terapêutica que está a dar que falar e a surpreender a comunidade médica e pacientes.

Com recurso a acetato de ulipristal sob a forma de comprimidos, administrados diariamente com a duração máxima de 3 meses por cada ciclo de tratamento, é possível até evitar a cirurgia. Aliás, no estudo PEARL IV, no qual se aborda este tratamento e que envolveu 451 mulheres de 11 países europeus, foram evitadas 98% das histerectomias. 

Neste momento, em Portugal, estão aprovados dois ciclos de tratamento de três meses cada.

A toma de acetato de ulipristal permite atuar de forma prolongada e contínua no tratamento dos sintomas causados por miomas uterinos, promovendo diminuição da hemorragia uterina, correcção da anemia e redução do volume do tumor, o que pode significar uma mudança na vida das pacientes.
  Apesar da elevada prevalência de mioma uterino no sexo feminino, a medicina tem dado passos significativos a caminho de tratamentos mais eficazes, menos invasivos e seguros. Esperança é sempre a palavra de ordem!


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