Cada vez mais popularizado como técnica de relaxamento, o mindfulness é, para muitos, a solução para diversas problemáticas e para a correria da vida quotidiana.
Trata-se de uma técnica budista que pode ajudar em vários momentos. Já deu por si a fazer uma viagem de carro e não se lembrar do percurso? Já abriu o computador para enviar um e-mail e acabou por passar uma hora online a fazer todo o tipo de coisas, exceto enviar o tal email? E o stress? Permite-lhe desligar quando se deita? Com que frequência se sente como se tivesse ligado o piloto automático e o corpo se mexesse sozinho nas várias situações, enquanto a cabeça está noutro lugar? Para tudo isto o mindfulness promete uma resposta positiva e efetiva. Mas será mesmo assim?
Mindfulness: em que consiste?
O termo mindfulness refere-se a “um estado mental alcançado, concentrando a atenção da pessoa no momento presente, enquanto calmamente reconhece e aceita sentimentos, pensamentos e sensações corporais, usados como técnica terapêutica.”
Não se trata de uma definição concreta o que pode levar a diversas interpretações: “Faço mindfulness sempre que me concentro? Ou terei de estar num ambiente controlado, numa posição específica?” Este é logo o primeiro problema apontado pelo Dr. João Serqueira, autor do blog Scimed, para a cada vez maior popularidade do mindfulness.
Como a própria definição é ambígua, é preciso algum cuidado na forma extremista como o tema é abordado em muitos casos. Desta forma, a ausência de uma definição universalmente aceite do termo mindfulness, leva a dificuldades na sua investigação e análise, dado que não está definido “exatamente qual o objeto de estudo”.
Sabemos que se pretende o foco intencional com a prática do mindfulness, mas como é feito? Sem esta base torna-se impreciso avaliar o que quer que seja.
Benefícios apontados à prática de mindfulness
Mindfulness apela à prática do foco intencional, à capacidade de dar atenção máxima ao momento presente, às emoções, pensamentos e sensações, de forma a estar consciente de cada momento da vida.
Há quem defenda que a atenção plena pode, inclusivamente, ser usada em contexto terapêutico, para lidar melhor com doenças físicas e psicológicas, ou no dia-a-dia, como forma de promover o autocontrolo e o bem-estar.
Eis alguns exemplos das vantagens referidas, ainda que não comprovadas, pela prática de mindfulness:
- Reduz o stress e a pressão arterial;
- Diminui ansiedade, depressão e irritabilidade;
- Reduz o impacto de doenças como a dor crónica;
- Aumenta o vigor físico e mental;
- Auxilia na superação de conflitos;
- Ajuda a dormir melhor;
- Desperta a criatividade e a originalidade;
- Aumenta a concentração e memória;
- Permite ter melhor contacto consigo próprio, com os outros e com o mundo ao seu redor;
- Desenvolve a auto-aceitação e, consequentemente, a aceitação dos outros.
De acordo com o blog Scimed, estas vantagens podem realmente verificar-se na prática de mindfulness. Todavia, é preciso ter em conta de que esta área “ainda está numa fase de avaliação da eficácia” prematura e carece de estudos científicos que ajudem a comprovar e cimentar os benefícios.
O blog aponta um estudo que “avaliou a qualidade da evidência produzida na área do mindfulness e concluiu que apenas 9% destes estudos tinham um grupo controlo. E isso nem sequer significa que o grupo controlo era de qualidade, conseguindo controlar vieses e isolar de forma eficaz o efeito terapêutica. Sem um bom grupo controlo não sabemos se os benefícios da prática derivam, especificamente, desta intervenção.”
Como ser mindful no dia-a-dia?
Enquanto técnica de relaxamento, o mindfulness é uma excelente forma de o conseguir. E se pretende experimentar, então atente a oito estratégias que o ajudam a ser mindful durante o seu dia:
- Ao acordar, antes de sair da cama, faça cinco respirações completas trazendo a sua atenção plena para elas. Repare no ato de respirar e nas sensações que lhe desperta;
- Todos os dias, de manhã ou à noite, faça uma lista mental por tudo o que se sente grato. Mude o foco do que precisa para aquilo que quer;
- Ao tomar banho tente não pensar em nada e focar a atenção na água a cair no corpo. Foque a atenção na pele;
- Repare na sua postura corporal. Esteja consciente de como a sua mente e o seu corpo se sentem quando caminha, se senta, deita ou levanta;
- Lembre-se de respirar. Durante o dia, tire alguns momentos para trazer a sua atenção para a sua respiração. Concentre-se nesta tarefa cada vez que inspira e expira, pois isso ajuda a alinhar estado físico e mental no momento presente;
- Quando ouvir um telemóvel tocar, o riso de alguém, a buzina de um carro ou qualquer outro som, use-os para se lembrar de estar completamente no momento presente;
- Às refeições, evite estar ligado ao telemóvel, ver televisão. Em vez disso, opte por tentar sentir a textura com a língua o sabor de cada alimento. Respire e atente na comida, cheire, mastigue e saboreie cada momento. Faça o mesmo nas outras atividades diárias;
- Quando estiver a falar com alguém, esteja presente. Escute com atenção o seu interlocutor, sem ter de gostar ou não gostar ou sem planear o que vai dizer quando for a sua vez de falar.