Diz-se que estamos perante uma criança com microcefalia quando se verifica que o tamanho da sua cabeça e cérebro são menores do que o esperado para a sua idade, podendo existir como consequência, alterações no seu desenvolvimento mental.
Uma criança com microcefalia pode precisar de cuidados para toda a vida, situação que é normalmente confirmada depois do primeiro ano de vida e irá depender muito do quanto o cérebro se conseguiu desenvolver e que partes do mesmo estão mais comprometidas.
Microcefalia: o que é?
A microcefalia é uma condição neurológica rara, que pode ser classificada da seguinte forma:
- Primária: quando os ossos do crânio se fecham até aos 7 meses de gravidez;
- Secundária: quando os ossos se fecham após os 7 meses de gravidez ou após o nascimento do bebé.
Geralmente diz-se que uma criança tem microcefalia quando o recém-nascido nasce com um perímetro cefálico < do que 33 cm ou quando apresenta menos de 42 centímetros de circunferência da cabeça, com um ano e três meses de idade.
Microcefalia: como surge esta doença?
A microcefalia pode ser causada por uma série de problemas genéticos ou ambientais, no entanto existem outras possíveis causas, tais como:
- Malformações do sistema nervoso central;
- Diminuição do nível de oxigénio no cérebro do feto;
- Exposição por parte da mãe a cigarros, drogas, álcool e certos produtos químicos na gravidez;
- Desnutrição grave na gestação;
- Fenilcetonúria materna (consiste numa doença genética rara, que leva à acumulação de fenilalanina no sangue, sendo que em grandes quantidades se torna tóxica ao organismo);
- Infeções como a rubéola, toxoplasmose ou citamegalovírus congénito na gravidez;
- Envenenamento por mercúrio ou cobre;
- Meningite;
- HIV por parte da mãe;
- Exposição à radiação durante a gestação;
- Uso de medicamentos contra epilepsia, hepatite ou cancro, nos primeiros 3 meses de gravidez;
- Síndrome de Down.
A doença pode manifestar-se também quando o bebé fica exposto a agentes nocivos no primeiro ano de vida.
Microcefalia: como é realizado o diagnóstico
A microcefalia normalmente é detectada durante as consultas e exames de rotina pré-natal, ou durante os primeiros exames após o nascimento do bebé.
Frequentemente o médico colocará uma fita métrica em torno da cabeça do bebé para medir o seu tamanho. Esta medida será avaliada várias vezes durante os primeiros anos de vida e comparadas com uma tabela padrão, com o objetivo de determinar se a criança tem microcefalia, ou outros problemas de crescimento.
Microcefalia: quais as possíveis consequências
Além do tamanho anormal do perímetro cefálico, o bebé com microcefalia pode apresentar:
- Dificuldade em aumentar de peso;
- Deficit intelectual e/ou atraso mental;
- Atraso nas funções motoras (dificuldades de movimentação e de equilíbrio) e de fala;
- Deficiência visual ou auditiva;
- Distorções faciais, devido a paralisia;
- Nanismo ou baixa estatura;
- Hiperatividade;
- Epilepsia;
- Dificuldades de coordenação e equilíbrio;
- Alterações neurológicas, como rigidez dos músculos (espasticidade);
- Autismo.
Microcefalia: tratamento da doenças
Não existe um tratamento específico para esta situação, uma vez que a microcefalia não tem cura, pois não se consegue remover o fator que impede o desenvolvimento cerebral.
Se esta união precoce dos ossos acontecer ainda durante a gestação, as consequências são mais graves porque o cérebro pouco se desenvolveu.
No entanto, podem ser tomadas algumas medidas para reduzir os sintomas da doença, tais como:
- Fazer uma cirurgia para separar ligeiramente os ossos do crânio (craniossinostose), de forma a evitar a compressão do cérebro, idealmente deve de ser realizada até aos 2 meses de vida;
- Ter apoio de uma equipa de fisioterapia para reabilitação ao longo de toda a sua vida, com o objetivo de promover um aumento da sua autonomia física, prevenir complicações respiratórias e úlceras de pressão, bem como melhorar a qualidade de vida da criança;
- Toma diária de medicação que ajuda a diminuir/controlar os espasmos musculares;
- Como alternativa, se o seu médico concordar, pode ser administrado injeções com botox nos músculos para evitar as contrações musculares involuntárias.