Existem diversos métodos contraceptivos no mercado, pelo que, cada indivíduo, deve, após uma cuidada análise, escolher aquele que melhor se adequa ao seu corpo, saúde e estilo de vida.
Um contracetivo tem como objetivo impedir uma gravidez, mas importa lembrar que nenhum método é 100 % eficiente. Se tem uma vida sexualmente ativa deve informar-se sobre cada método disponível e ser rigoroso no seu uso ou aplicação.
Só assim será possível diminuir os riscos de uma gravidez não planeada assim como evitar doenças sexualmente transmissíveis.
Métodos contraceptivos de barreira
Os métodos contraceptivos de barreira são o preservativo feminino, o preservativo masculino, o diafragma e o espermicida (1, 2). Estes métodos bloqueiam a entrada dos espermatozoides no útero. São indicados para mulheres que não podem ou querem tomar algum tipo de hormonas.
Espermicida
O espermicida é um método contracetivo químico, que existe como creme, esponja, espuma, gel, cones, membrana ou comprimidos vaginais. Este deve ser colocado na vagina e a sua ação afeta motilidade dos espermatozoides no útero, dificultando o percurso e impedindo a fecundação do óvulo. Não tem efeitos sistémicos e é de fácil aplicação. Pode aumentar a lubrificação vaginal, no entanto, é de baixa eficácia (18 a 30 gravidezes em 100 mulheres/ano).
Preservativo feminino e masculino
Os preservativos não apresentam novidade: são os únicos que protegem contra doenças sexualmente transmissíveis, atualmente existem modelos extra finos que não prejudicam a qualidade da relação sexual, cada preservativo só pode ser usado uma vez. Como em qualquer método contracetivo, há riscos, neste caso, risco de rutura (5 a 10 gravidezes em 100 mulheres/ano).
Diafragma
O diafragma é como uma capa, de borracha, com a forma de uma cúpula com um aro flexível. Existe em diferentes tamanhos e o seu deve ser ajustado por um profissional de saúde. O diafragma é colocado na vagina, sobre o colo do útero, sem causar desconforto, de forma a impedir o acesso dos espermatozoides.
O diafragma é colocado antes da relação sexual, onde deve permanecer, de 6 a 8 horas, mas nunca mais de 24 horas. Um espermicida deve ser sempre colocado na parte interna do diafragma. Quanto mais relações sexuais, mais espermicida é necessário colocar.
Após ganhar ou perder peso, partos ou abortos, pode ser necessário reajustar o diafragma. Os diafragmas podem ser lavados e reutilizados mas é necessário verificar, com frequência, se existem danos. A eficácia varia entre os 94% e os 88%.
Métodos contraceptivos hormonais
Os contracetivos hormonais podem ser tomados, inseridos na vagina, injetados, aplicados na pele ou implantados sob a pele. Todas as opções de contracepção hormonal são 99% eficazes na prevenção de uma gravidez indesejada.
Através da libertação de hormonas, estes métodos inibem a ovulação e impedem a menstruação (pode haver lugar à descida de sangue todos os meses mas não é “menstruação”, trata-se de uma hemorragia anovulatória). (1, 2) De seguida, apresentamos as vantagens e desvantagens das diferentes soluções hormonais.
Contraceptivo oral combinado (COC) – Pílula
Do lado das vantagens, destaca-se o seguinte:
- Tem elevada eficácia contraceptiva
- Não interfere com a relação sexual
- Regulariza os ciclos menstruais
- Melhora a tensão pré-menstrual e a dismenorreia
- Contribui para a prevenção de: DIP e gravidez ectópica, cancro do ovário e do endométrio, quistos funcionais do ovário, doença fibroquística da mama
- Não altera a fertilidade, após a suspensão do método
Quanto às desvantagens:
- Exige o empenho da mulher para a toma diária da pílula, caso contrário a eficácia diminui
- Não protege contra as ITS, nomeadamente SIDA e Hepatite B
- Pode afectar a quantidade e a qualidade do leite materno quando usado durante a amamentação
Contraceptivo oral com progestagénio (POC)
Do lado das vantagens, destaca-se o seguinte:
- Tem elevada eficácia contraceptiva
- Pode ser utilizado em algumas situações onde os estrogénios estão contraindicados
- Não parece modificar a quantidade ou a qualidade do leite materno, podendo ser utilizado durante o período da amamentação
- Pode contribuir para a prevenção da doença fibroquística da mama, da DIP, do cancro do ovário e do endométrio
- Não altera a fertilidade, após a suspensão do método
Quanto às desvantagens:
- Exige o empenho da mulher para a toma diária da pílula
- Não protege contra as ITS, nomeadamente SIDA e Hepatite B
- Associa-se com irregularidades do ciclo menstrual
- Os erros na toma podem resultar em gravidez mais facilmente do que com o COC
As mulheres que costumam usar métodos contraceptivos hormonais orais podem apresentar:
- Dores de cabeça
- Náuseas e vómitos
- Alteração do fluxo menstrual
- Perdas de sangue fora do período menstrual
- Ausência de menstruação ( Amenorreia)
- Alteração de peso
- Depressão
- Quistos foliculares de ovário
- Veias varicosas
Adesivo
No caso da utilização de adesivo, importa também estar a par das vantagens e desvantagens. Do lado das vantagens, sublinha-se:
- Não interfere com a relação sexual e não necessita de motivação diária
- Após a suspensão do método, o retorno à fertilidade é imediato
- Embora ainda não exista evidência disponível, os estudos realizados parecem indicar que os mesmos benefícios e vantagens reconhecidos aos COC se aplicam ao sistema transdérmico
Quanto às desvantagens, refere-se apenas que as informações disponíveis sobre este método são, ainda, limitadas.
O anel vaginal
- A utilização é prática; não interfere com a relação sexual e não necessita de motivação diária
- Após a suspensão do método, o retorno da fertilidade é imediato
- Há evidência de que, em mulheres saudáveis, o anel não altera a flora vaginal. Os estudos realizados sugerem que a sua utilização não agrava as lesões intra-epiteliais de baixo grau do colo do útero
- Embora ainda não exista evidência disponível, os estudos realizados parecem indicar que os benefícios e vantagens reconhecidos aos COC se aplicam ao anel vaginal
- As Informações disponíveis sobre este método são, ainda, limitadas.
Injectável
- A utilização é prática
- Não interfere com a relação sexual e não necessita de motivação diária como os contraceptivos orais
- Não tem os efeitos secundários dos estrogénios
- Pode ser usada durante o aleitamento, preferencialmente a partir da 6.ª semana pós-parto, não interferindo com a quantidade e a qualidade do leite materno
- Em regra, os injectáveis provocam irregularidades do ciclo menstrual, que podem variar;
- Pode haver atraso de alguns meses no retorno à fertilidade. Não há evidência de compromisso definitivo da fertilidade;
- Verifica-se, em média, um aumento de peso de 1-2 kg/ano. Em algumas mulheres pode aumentar o apetite, o que pode conduzir, eventualmente, ao aumento de peso.
- Pode causar, em certas mulheres, cefaleia, mastodínia ( dor nas mamas antes da menstruação), acne, queda de cabelo e diminuição do desejo sexual;
- Durante o período de utilização há uma diminuição da densidade óssea, quando comparada com não utilizadoras. Existe, no entanto, evidência de que a mulher recupera a massa óssea quando suspende o método.
O implante
- A utilização é prática e o efeito de longa duração
- Não interfere com a relação sexual e não necessita de motivação diária como os métodos contraceptivos orais
- Não tem os efeitos secundários dos estrogénios
- Não interfere com o aleitamento
- Por norma, verificam-se irregularidades do ciclo menstrual, que podem variar
- Algumas mulheres referem um ligeiro aumento de peso
- Pode ocorrer cloasma, cefaleia, náuseas, mastodínia e variações de humor
- Pode verificar-se o aparecimento de quistos foliculares nos ovários
- Necessita de um profissional treinado para a inserção e remoção
- É relativamente dispendioso
Dispositivo intra-uterino – DIU/SIU
O DIU é um método de longa duração (até 5 anos) que se divide em dois: SIU (sem hormonas) e DIU (com hormonas e com cobre). Através de uma resposta inflamatória, o diafragma impede os espermatozoides de fecundar o óvulo ao mesmo tempo que cria uma barreira mecânica à implantação do ovo no útero.
Apresenta uma taxa de eficácia de 99%, contudo, existe um aumento do risco de doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e irregularidades do ciclo.
Este método não interfere com a amamentação e a sua colocação ou remoção (que pode ser dolorosa) deve ser feita apenas por profissionais de saúde especializados.
Métodos contraceptivos cirúrgicos
Os métodos contraceptivos cirúrgicos são permanentes e definitivos, com uma taxa de eficácia elevada. Não interferem no desempenho sexual nem no funcionamento dos órgãos sexuais. Contudo, recomenda-se que apenas sejam considerados quando se está seguro que não se quer ter mais filhos.
Laqueação tubária bilateral
A laqueação de trompas consiste na interrupção das trompas, podem ser cortadas as trompas ou o anel que impede o trajeto. Como isto, é impossível a fecundação do óvulo pelos espermatozoides e uma consequente gravidez. É um procedimento eficaz, definitivo e irreversível.
A longo prazo, não tem efeitos colaterais ou riscos para a saúde mas podem surgir algumas complicações imediatas, embora raras, como infecção ou hemorragia, lesão de órgãos internos e acidentes anestésicos.
Nos casos de falha do método, há maior risco de gravidez ectópica do que quando a mulher não utiliza um método contraceptivo. Quando comparada com a vasectomia, a laqueação de trompas é um procedimento mais dispendioso e que apresenta mais risco de complicações
Vasectomia
A vasectomia é eficaz, definitiva e segura, superando, inclusive, a pílula em taxa de eficácia. No entanto, nas primeiras 20 ejaculações ou nos primeiros 3 meses após o procedimento, será necessário usar outro tipo de contracepção.
É um procedimento rápido, que apenas requer anestesia local. Não provoca disfunção sexual nem afecta o desejo sexual mas entre as complicações associadas à cirurgia pode ocorrer: infecção, hemorragia e hematoma, dor ou edema do escroto.
A vasectomia consiste na interrupção do canal deferente, responsável por transportar os espermatozoides dos testículos para o pénis, por isso, apesar de ser tecnicamente reversível, esse procedimento pode não ser um processo fácil.
Métodos contraceptivos naturais
Os métodos de contraceção natural só assim se designam – por método -, porque têm regras e estas devem ser cumpridos de forma escrupulosa. Não há espaço para falhas nem para mais ou menos.
Existem vários métodos de controlo natural da fertilidade, uns apenas observam um indicador, outros observam vários. O que têm em comum é que permitem determinar, com certeza, através da observação dos indicadores, se está ou não fértil.
Estes métodos, também conhecidos como métodos de abstinência periódica, implicam um período de aprendizagem para identificar a fase fértil (entre 3 6 meses, dependendo do seu grau de compromisso) e exigem uma observação cuidada das modificações que ocorrem ao longo do ciclo no corpo da mulher bem como o registo diário desses dados.
Método com base no calendário (OGINO-KNAUSS)
O método Ogino-Knauss, também conhecido com método do calendário, pressupõe que cada mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte e que o óvulo é viável entre 1 a 3 dias após a ovulação e o espermatozóide pode fecundar até 3 a 5 dias após a ejaculação.
Neste método, é necessário um período de avaliação de 6 meses para calcular o período fértil. Para isso são subtraídos 11 dias ao número de dias do ciclo mais longo e 18 dias ao número de dias do ciclo mais curto. Vamos a um exemplo prático para facilitar a compreensão:
- O ciclo mais curto dos últimos 6 meses foi de 27 dias: 27 – 18 = 9
- O ciclo mais longo dos últimos 6 meses foi de 31 dias: 31 – 11 = 20
Ou seja, de acordo com estas contas, o período fértil situa-se entre o 9º e o 20º dia do ciclo. Se desejar ter relações sexuais nestes dias, deve usar um método barreira, como, por exemplo, o preservativo.
Método da temperatura basal (MTB)
O método da temperatura basal apenas se baseia na medição da temperatura do corpo que aumenta, entre 0,3º C e 0,8º C, após a ovulação. Para a controlar, a mulher deve medir a temperatura, todos os dias, após 6 horas seguidas de sono ininterrupto, ainda em repouso, sempre à mesma hora e local (vaginal, rectal ou oral).
Este método apenas identifica o fim do período fértil pelo que obriga a abstinência de relações sexuais desde o primeiro dia da menstruação até ao 3º dia de temperatura elevada persistente. De acordo com este método, após este dia, podem existir relações sexuais vaginais desprotegidas até ao início da menstruação seguinte.
3. Método do muco cervical (Billings)
O método Billings analisa o muco para determinar a janela fértil. É possível que, ao longo do ciclo menstrual, já terá notado que em determinados dias se sente mais húmida e apresenta descargas de muco na roupa interior.
As características do muco cervical variam ao longo do ciclo: antes da ovulação é mais claro, mais abundante e com maior elasticidade. Após a ovulação, é mais opaco, viscoso e menos abundante.
O período fértil inicia-se no primeiro dia em que o muco se apresenta mais elástico e transparente, prolongando-se pelo menos por 3 dias. Se não pretende engravidar, neste período a mulher não deverá ter relações sexuais desprotegidas.
Se não nota estas variações de muco, este método não é adequado para o seu caso. Aliás, pode ser importante ser avaliada por uma terapeuta credenciada em fertilidade natural.
Método Sinto-térmico
O método sinto-térmico combina o método Billings com o método da temperatura basal. Para isso, a mulher identifica os dias férteis e inférteis relacionando o método da temperatura basal com o do muco cervical.
O período fértil – ou seja, a janela em que pode haver lugar a uma conceção -, inicia-se assim que sejam avaliadas secreções vaginais. Este termina no 4.º dia após a elasticidade máxima do muco cervical e depois de ultrapassado o 3.º dia de subida de temperatura basal.
Método de fertilidade natural
Para quem pretende um método contracetivo natural, este apresenta-se como a opção mais completa e rigorosa mas, também, a mais exigente. Contudo, se bem utilizado, tem uma eficácia semelhante à da pílula, ou seja, de 95% a 98%. Este método combina o método do calendário, com o Billings, o sinto-térmico e o método Justisse.
É um bom aliado para quem quer evitar uma gravidez, para quem deseja engravidar, mas, especialmente, para quem pretende conhecer melhor o seu ciclo mentrual, escutar o corpo e controlar a saúde. Não é demais lembrar que o ciclo menstrual é o 5º sinal vital de saúde da mulher.
Para determinar a janela fértil, o método de fertilidade natural analisa e cruza os dados dos seguintes indicadores: mapeamento dos dias do ciclo, temperatura basal, muco vaginal e toque do colo do útero. O que vai descobrir sobre o seu corpo é fascinante.
Amenorreia lactacional
A amenorreia lactacional tem uma taxa de eficácia de 98%, mas como os métodos anteriores tem regras que devem ser escrupulosamente cumpridas para o seu sucesso.
A mulher deve estar sem menstruar (sangramento vaginal ou spotting durante os primeiros 56 dias do pós-parto não são considerados menstruação). A amamentação terá de ser exclusiva, com mamadas diurnas e nocturnas, e o intervalo entre estas não pode ser superior a 4 horas, durante o dia, e 6 horas, durante a noite (extração com bomba não conta como amamentação).
Por fim, o bebé deve ter menos de 6 meses de idade porque a probabilidade de ter ciclos ovulatórios começa a ser maior a partir desta fase. Se as 3 condições acima coexistirem, a probabilidade de engravidar é de 1% a 2%. Basta que uma das condições não se cumpra para a proteção estar comprometida.
Em suma…
Qual é o melhor método contracetivo? É aquele que escolher, com base em decisões informadas, considerando o seu historial clínico, o seu estilo de vida e o seu nível de compromisso.
Os métodos que apresentamos acima não servem todos os indivíduos de forma igual. Informe-se, sem pressas, para assim tomar a decisão mais acertada para o seu caso.
- Sociedade Portuguesa da Contracepção. Disponível em http://www.spdc.pt/index.php/documentacao/publicacoes
- Saúde Reprodutiva e Planeamento Familiar. DGS. Disponível em: https://www.saudereprodutiva.dgs.pt/normas-e-orientacoes/planeamento-familiar–contracepcao/saude-reprodutivaplaneamento-familiar-edicao-revista-e-actualizada-pdf.aspx
- Saúde Reprodutiva e Planeamento Familiar. DGS. Disponível em: https://www.saudereprodutiva.dgs.pt/publicacoes/planeamento-familiar–contracepcao/metodos-de-conhecimento-do-periodo-fertil-ou-de-auto-observacao-pdf.aspx
- Menstruation in Girls and Adolescents: Using the Menstrual Cycle as a Vital Sign.. Disponível em: https://www.acog.org/Clinical-Guidance-and-Publications/Committee-Opinions/Committee-on-Adolescent-Health-Care/Menstruation-in-Girls-and-Adolescents-Using-the-Menstrual-Cycle-as-a-Vital-Sign
- I Saw the (5th Vital) Sign. Disponível em: https://www.kindara.com/blog/i-saw-the-5tih-vital-sign
- CONTRACEÇÃO.PT. Disponível em: https://www.contracecao.pt/