Facilmente encontramos estudos que referem que a meditação pode trazer vários benefícios, nomeadamente melhorias ao nível de determinadas condições, como stress, dor crónica, entre outras. Mas será que a meditação não funciona para todos nós da mesma forma?
Vamos descobrir!
Afinal, o que é a meditação?
De forma simples, podemos definir meditação como um exercício mental que pretende treinar a atenção e a consciência. É uma técnica que pretende desviar a atenção para um único ponto, objeto ou processo, e pretende cumprir, de forma habitual, os seguintes parâmetros descritos abaixo.
- Definir objetivamente os procedimentos e realizar a prática com regularidade.
- Produzir um relaxamento psicofisiológico.
- Propiciar ao praticante aprendizagens suficientes para que possa realizar sozinho a técnica.
- Desenvolver a capacidade de manter o foco de atenção, durante o processo de meditação, num determinado ponto (pode ser um ponto específico na parede, onde a pessoa fixa o olhar, ou uma palavra que deve ser repetida constantemente, ou um movimento único e constante).
A meditação não é necessariamente uma prática solitária, visto que pode decorrer em contexto de grupo. Mais ainda, existem vários tipos de meditação, cada qual com as suas especificidades.
Se alguns centram a atenção plena numa única referência, como a respiração, as sensações corporais ou uma palavra ou frase, noutros o foco vai para o desenvolvimento de sentimentos de boa vontade, bondade e carinho pelos outros. De forma geral, o objetivo da maioria dos tipos de meditação passa por diminuir a distração e promover o foco e o prazer no momento presente.
Apesar de serem apontadas várias vantagens à meditação, importa referir que esta prática pode ser física e mentalmente exigente e pode exigir algum treino. Algumas pessoas acreditam inclusive que não capazes de meditar e que a meditação não funciona.
No entanto, como contraponto há quem afirme que não há formas erradas de meditar e que o importante é mesmo colocar a meditação em prática e tentar desfrutar das mudanças positivas que daí possam advir.
Algumas das vantagens apontadas à meditação
Como vimos, a meditação pretende, muitas vezes, diminuir a distração, promover o foco e o prazer no momento presente, e reduzir a reatividade aos pensamentos e sentimentos negativos.
Sabemos que não é possível fazer desaparecer todos os nossos pensamentos. Muitas vezes, quanto mais tentamos suprimi-los, mais evidentes se tornam. Todavia, praticar meditação parece ajudar a afastar temporariamente esses pensamentos da mente, promover o relaxamento e a calma e diminuir, ainda que temporariamente, sintomas de ansiedade e depressão.
Outras vantagens apontadas à meditação são:
- promoção de uma maior capacidade de aceitação das emoções negativas;
- diminuição da distração;
- diminuição da ruminação (pensamentos negativos constantes)
- maior prazer na vivência do presente;
- diminuição de respostas/interações carregadas de negatividade;
- maiores níveis de empatia e compaixão.
A meditação não funciona para todos? Como reage o cérebro à meditação?
Como em praticamente tudo na vida, a prática aperfeiçoa a técnica, e a meditação não é exceção. Quanto maior for a prática da meditação, maior será a capacidade do cérebro processar o mundo de forma diferente, de selecionar de forma diferente aquilo que é ou não relevante, de permitir que a consciência tenha a oportunidade de interpretar aquilo que é vivido.
Existem diferentes estudos sobre as vantagens da meditação e sobre porque é que a meditação não funciona com todas as pessoas da mesma forma. Aquilo que parece ser relevante ter em conta é que, tal como quando aprendemos qualquer nova habilidade, quanto mais praticamos, melhores nos tornamos. Assim, quanto mais alguém medita, mais eficiente o seu cérebro se torna na meditação.
Será que algumas partes do cérebro sofrem alterações em resposta à prática da meditação? E será que estas têm implicações no bem-estar? E será que a meditação não funciona para algumas pessoas porque o cérebro não reage da mesma forma à sua prática?
As questões são muitas e a ciência já vai dando algumas respostas. Alguns autores defendem, de facto, que a meditação afeta várias regiões cerebrais, podendo afetar o seu tamanho, a sua forma e as suas funções, o que pode dar origem a algumas mudanças.
Uma dessas mudanças parece ser uma maior eficiência cerebral ao nível do funcionamento integrado da mente e do corpo e uma resposta mais fluída aos eventos de vida mais exigentes e stressantes.
Em suma, a meditação parece estar associada a mudanças no funcionamento cognitivo e se a meditação não funciona para todos da mesma forma, tal possivelmente deve-se ao tempo de prática e treino.