Share the post "Máscaras com filtro vs máscaras de tecido: o que tem mesmo de saber"
Usar máscara já faz parte do dia a dia. No entanto, existem diferenças e indicações específicas para cada situação. O Vida Ativa fez a análise máscaras com filtro vs máscaras de tecido, para que saiba como e quando deve usar cada uma.
Máscaras com filtro vs máscaras de tecido
Máscaras com filtro
Máscaras com filtro ou respiradores são considerados equipamentos de proteção individual e encontram-se indicados para profissionais de saúde e outros profissionais em contexto de risco por exposição ocupacional.
Os respiradores impedem o utilizador de inalar quer aerossóis (pó, fumo, névoa) quer vapores e gases (desinfetantes, gases anestésicos) perigosos para a saúde. Também protege de agentes infeciosos transmissíveis por via aérea (inclusive gotículas), pelo que confere proteção para vírus do tipo SARS-CoV-2 (1, 2).
Os respiradores são constituídos por uma peça facial e por um elemento filtrante. Dependendo do tipo de filtro, certas máscaras garantem uma proteção eficaz apenas contra partículas, outras somente contra determinados gases e vapores, e outras ainda contra partículas, gases e vapores. Existem também modelos autofiltrantes em que a peça facial é composta pelo próprio material filtrante.
Para conforto do utilizador, algumas máscaras possuem válvula de exalação integrada. Esta válvula reduz a formação de humidade no interior da máscara e também diminui a probabilidade de embaciamento dos óculos (1).
Normas aplicáveis às máscaras com filtro
As máscaras com filtro (ou respiradores) são testadas do exterior para o interior, ou seja, no sentido da inspiração. Avaliam-se os parâmetros quanto à sua eficiência de filtração e à fuga total para o interior. A Norma Europeia EN 149:2001 divide as máscaras com filtro em três classes (1):
- FFP1 (ou PFF1): o menos filtrante dos três; filtração de aerossóis de 80% no mínimo e fuga para o interior de 22% no máximo
- FFP2 (ou PFF2): filtração mínima de 94% e fuga para o interior de 8% no máximo; utilizados principalmente na construção civil, na agricultura, na indústria farmacêutica e em meio hospitalar para proteger os profissionais de saúde dos vírus da gripe, do novo coronavírus e de doenças respiratórias associadas como a tuberculose
- FFP3 (ou PFF3): filtração mínima de 99% e fuga para o interior de 2% no máximo. É o mais filtrante destes respiradores, capaz de proteger o utilizador de aerossóis.
Quando é que os profissionais de saúde devem utilizar respiradores?
Segundo norma da Direção-Geral da Saúde, os respiradores devem ser utilizados nas seguintes ocasiões (3):
- Respirador FFP1: na prestação de cuidados diretos com doente a distância ≤ 1 metro, fora de coorte ou quarto de isolamento COVID19, desde que não sejam efetuados procedimentos geradores de aerossóis
- Respirador FFP2 ou N95: deve ser usado sempre que se efetuem procedimentos geradores de aerossóis (entubação traqueal, ventilação não-invasiva, traqueostomia, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual pré-entubação, broncoscopia, colocação de doente ventilado em decúbito ventral, introdução de sonda nasogástrica, colheita de amostras respiratórias por zaragatoa naso ou orofaríngea, aspiração orofaríngea de secreções ou indução de tosse ou cinesiterapia respiratória)
- Respirador FFP3: pode ser usado em procedimentos geradores de aerossóis de risco elevado (entubação traqueal, traqueostomia e broncoscopia)
O mesmo respirador pode ser utilizado enquanto o profissional de saúde presta cuidados a vários doentes em simultâneo, desde que em área destinada a infetados de COVID-19. O período máximo de uso do respirador é de 4 horas. Se este ficar húmido, deve ser imediatamente substituído e descartado, pois não deve ser reutilizado.
Máscaras de tecido
As máscaras de tecido ou de uso social estão indicadas para a população em geral que não pertença a grupos de risco. Estas máscaras não são consideradas dispositivos médicos, pelo que o principal objetivo da sua utilização é a promoção da proteção de grupo face ao novo coronavírus (2, 4).
Segundo diretiva recente da Organização Mundial de Saúde (5), estas máscaras devem ser constituídas por três camadas de diferentes tecidos em locais onde é difícil manter o distanciamento físico. De acordo com esta indicação, as máscaras devem possuir três camadas: a exterior feita de poliéster, a camada intermédia feita de um material absorvente (polipropileno ou algodão) e a camada interior (em contato direto com a face) deve ser feita de material filtrante de algodão.
O Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (CITEVE) disponibiliza uma base de dados atualizada permanentemente com as marcas e fabricantes de máscaras certificados.
As máscaras de tecido também devem ter o selo de “Máscaras COVID-19 Aprovado” assegurando a sua certificação pelas autoridades competentes.
Em que ocasião devem ser usadas as máscaras de tecido?
Segundo a Direção-Geral da Saúde, o uso de máscaras consideradas artigo têxtil (nível 3) estão indicadas para:
- Indivíduos em contexto da sua atividade profissional
- Utilização por indivíduos que contactam com outros indivíduos portadores de qualquer tipo de máscara
- Espaços interiores fechados como estabelecimentos comerciais e prestação de serviços, transportes públicos, escolas e creches
Adverte também que o seu uso não é suficiente para proteção contra a COVID-19. A máscara deve ser utilizada como complemento à lavagem frequente das mãos, etiqueta respiratória e ao distanciamento social para que seja eficaz.
Máscaras com filtro vs máscaras de tecido. Qual a mais indicada?
Em suma, as máscaras com filtro são dispositivos de proteção individual recomendados para uso dos profissionais de saúde, ou outros profissionais expostos em contexto ocupacional. Para a população em geral, que não pertença a nenhum grupo de risco, as máscaras de tecido reutilizáveis são adequadas.
Devem, no entanto, ser cumpridas as condições de lavagem indicadas pelo fabricante, garantindo assim a sua eficácia. O uso racional e adequado de máscaras para cada tipo de exposição/profissional/pessoa garante a proteção de todos.
- Medical Expo (2020). Escolher uma máscara cirúrgica ou um respirador? Acedido em 6 de Junho de 2020. Disponível em: http://guide.medicalexpo.com/pt/escolher-uma-mascara-cirurgica-ou-de-protecao-respiratoria/
- Serviço Nacional de Saúde (2020). Equipamentos de proteção. Acedido em 6 de Junho de 2020. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/covid-19/prevencao/medidas-preventivas/equipamentos-de-protecao/#sec-5
- Direção-Geral da Saúde (2020). Prevenção e Controlo de Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19): Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Disponível em: https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0072020-de-29032020-pdf.aspx
- Infarmed (2020). Máscaras destinadas à utilização no âmbito da COVID-19 Especificações Técnicas. Disponível em: https://www.infarmed.pt/documents/15786/3584301/M%C3%A1scaras+destinadas+%C3%A0+utiliza%C3%A7%C3%A3o+no+%C3%A2mbito+da+COVID-19/a7b79801-f025-7062-8842-ca398f605d04
- Organização Mundial de Saúde (2020). Coronavirus disease (COVID-19) advice for the public: When and how to use masks. Acedido a 6 de Junho de 2020. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/advice-for-public/when-and-how-to-use-masks