A manobra de Kristeller ganhou notoriedade na segunda metade do séc. XIX e consiste na aplicação de força externa com as mãos, geralmente de um obstetra, enfermeiro ou parteira, na zona do fundo do útero.
A manobra visa a aplicação de pressão em simultâneo com as contrações uterinas, tendo por objetivo último empurrar o bebé para o canal de parto quando os esforços maternos se revelam insuficientes.
Junta-se as duas mãos no fundo do útero, sobre a parede abdominal, com os polegares voltados para frente, pressionando o fundo do útero em direção à pelve, no momento em que ocorre uma contração uterina durante o parto.
Tudo isto acontece durante a segunda fase do trabalho de parto, que termina com a expulsão do bebé, momento no qual pode ser necessária ajuda para o feto passar pelo canal de parto.
QUANDO DEVE SER APLICADA A MANOBRA DE KRISTELLER?
A segunda fase do trabalho de parto inicia-se quando a dilação está completa, ou seja quando a mulher está com 10 cm, e termina com a saída do bebé. A duração média deste processo é de cerca de 50 minutos para as mulheres que estão a dar à luz pela primeira vez e de 20 minutos nos restantes casos.
Durante este período, as contrações uterinas que comprimem o útero tornam-se cada vez mais intensas e frequentes e visam empurrar o bebé pela vagina.
Progressivamente, a vulva dilata-se lentamente e o bebé vai descendo até ao exterior. Contudo, este processo pode não ocorrer de forma tão natural, por isso a manobra de Kristeller é aplicada quando ocorram:
- Alterações do bem-estar do bebé;
- Dificuldade na descida do bebé;
- Exaustão física da mãe que deixa de ter força para puxar e ajudar o bebé a sair;
- Quando o período de expulsão é excessivamente prolongado;
- Quando os efeitos da analgesia epidural impedem a mãe de empurrar o bebé em tempo útil.
RISCOS ASSOCIADOS À MANOBRA DE KRISTELLER
A manobra de Kristeller constitui uma controvérsia, pois a não documentação desta prática dificulta a sua associação a fatores de risco. Contudo, de um modo geral, sabe-se que este procedimento não encurta o segundo período de trabalho de parto, mas pode levar ao aumento de taxas de episiotomia e lacerações perineais severas.
Assim, a manobra de Kristeller não é totalmente isenta de riscos para a mãe e para o bebé e, por esse motivo, deve ser usada apenas em último recurso.
Entre os demais riscos da manobre incluem-se:
- Interferência nas contrações uterinas;
- Rutura ou inversão uterina;
- Lacerações do períneo;
- Necessidade de usar forceps ou ventosa;
- Hipertonia materna (aumento da tensão muscular) que se repercute sobre a vitalidade fetal;
- Lacerações do esfíncter anal;
- Fraturas fetais;
- Danos cerebrais;
- Ferimentos da coluna vertebral.
Se está grávida e receia que seja necessário recorrer a este procedimento no momento do parto, esclareça todas as dúvidas com o obstetra que a está a acompanhar.