Share the post "Intoxicação alimentar: causas, sintomas e cuidados a ter para evitar"
Piqueniques, churrascos e refeições ao livre são alguns dos pequenos prazeres que acompanham a chegada do bom tempo. No entanto, estas atividades também podem ser oportunidades para uma intoxicação alimentar.
Existem várias razões para o aumento do risco de intoxicação alimentar no verão. Por exemplo, bactérias como a E. coli conseguem proliferar a temperaturas que variam entre os 5 e os 60 ºC, e multiplicam-se mais depressa à medida que a temperatura aumenta (1, 2).
Fatores que FAVORECEM a multiplicação das bactérias
Tempo
Em condições ideais, uma única bactéria pode multiplicar-se em mais de 2 milhões em apenas 7 horas.
Nutrientes
Muitos alimentos são ambientes perfeitos para a proliferação bacteriana, em especial produtos lácteos, ovos, carnes e pescado.
Água
Todos os organismos vivos necessitam de água para sobreviver. Por essa razão, os alimentos secos e desidratados não se estragam com tanta facilidade.
pH
É a medida de acidez ou alcalinidade e é importante para o crescimento bacteriano. Alimentos com pH mais próximo de 7 (neutro) são mais propícios ao crescimento bacteriano (2).
A preparação das refeições fora de casa também inviabiliza muitas das práticas de correta higienização e manuseio dos alimentos, o que aumenta ainda mais o risco de intoxicação alimentar.
Com isto não queremos dizer que não pode fazer as suas refeições em contacto com a natureza, mas para aumentar a segurança alimentar, deixamos algumas dicas mais à frente para reduzir o risco de intoxicação.
Quais são os principais sintomas da intoxicação alimentar?
Os sintomas da intoxicação alimentar variam dependendo do agente causador mas a grande maioria das pessoas regista um ou mais dos seguintes sintomas:
- Dor gástrica
- Náuseas
- Vómitos
- Diarreias
Outros sintomas podem incluir:
- Fraqueza
- Perda de apetite
- Febre
- Tremores
- Dores musculares (3)
Os sintomas podem aparecer poucas horas a dias após a ingestão do alimento contaminado e, em casos mais raros, pode demorar até semanas. A boa noticia, é que grande parte dos casos de intoxicação alimentar podem ser tratados em casa.
Embora desagradáveis e limitativos, os sintomas desaparecem, em média, dentro de uma semana, e podem ser geridos através do descanso e hidratação adequados.
No entanto, deverá falar com o ser medico assistente caso:
- Esteja grávida
- Suspeite que o seu bebé apresente sintomas de intoxicação alimentar
- Tenha mais de 60 anos
- Apresente alguma doença crónica como doença inflamatória intestinal, diabetes ou doença renal crónica
- Esteja a fazer algum tipo de medicação imunossupressora
- Não registe melhoria de sintomas em poucos dias (3)
Como prevenir uma intoxicação alimentar
Intoxicação alimentar é um termo abrangente utilizado para descrever os sintomas que se desenvolvem após a ingestão de alimentos ou bebidas impróprias para consumo.
Estes sintomas são frequentemente causados pela presença de bactérias como a E. coli e a Salmonella, ou vírus como o norovírus (1). Adotando as seguintes práticas pode conseguir atrasar o crescimento destes agentes patogénicos e assim prevenir uma intoxicação alimentar.
Cozinhe os alimentos completa e cuidadosamente
É importante que prepare as carnes e pescado cuidadosamente antes de os cozinhar e que, durante a preparação, tenha os devidos cuidados de higiene como lavar minuciosamente as mãos e utilizar superfícies e utensílios devidamente higienizados.
Carnes cruas ou malcozinhadas podem conter agentes bacterianos nocivos como Campylobacter, Salmonela, E. coli ou Yersinia pelo que deve certificar-se que as peças que estão cozinhadas são mantidas afastadas das peças ainda cruas (1, 2).
Armazene os alimentos corretamente
Restos utilizados em saladas ou para elaborar outros pratos são bastante populares nas refeições de verão. O problema é que se forem deixados fora do frigorifico durante muito tempo, podem estragar com mais facilidade.
Certifique-se que refrigera os alimentos facilmente perecíveis, como carnes cozinhadas ou saladas que levem massa ou batata, no tempo limite de 90 minutos. Quanto aos restos alimentares, mesmo os refrigerados, estes devem ser consumidos ou no tempo limite de 2 dias após a sua confeção.
Confirme se a temperatura do frigorífico não ultrapassa os 5 ºC e mantenha sempre as carnes e pescado crus refrigerados até à altura da confeção. Também é importante que o frigorífico não esteja muito cheio, uma vez que isso impede a correta circulação do ar refrigerado pelo aparelho (2, 4, 5).
Lave sempre as frutas e vegetais antes de os consumir
As saladas são outra das preparações populares para levar para a praia ou para um piquenique. O problema é que se os vegetais e frutas que compõe estas preparações não estiverem bem higienizados, podem ser vias de consumo de agentes que causam intoxicação alimentar.
Ao preparar a sua salada ou a sua fruta, certifique-se que tudo é enxaguado com água corrente, mesmo as peças que vai descascar. No entanto, se os vegetais ou frutas estiverem embalados com o selo “pronto a consumir” ou semelhante, não é necessário lavar (4, 5).
Mantenha os alimentos cozinhados separados dos alimentos crus
Carnes e pescado crus, ovos e produtos lácteos são ótimas formas de propagação de microorganismos que posteriormente contaminam outros alimentos, caso não os mantenha separados.
Para evitar essa propagação, certifique-se que:
- Alimentos crus e a consumir são colocados em sacos separados nos supermercados
- A carne crua é mantida em recipientes fechados no fundo do frigorífico, o que impedirá que a carne “pingue” nos outros alimentos e minimizará o risco de contaminação cruzada
- Usa uma tábua de cortar separada para alimentos crus e prontos a consumir
- Não coloca a carne crua ao lado de alimentos já preparados (2)
Lave bem as mãos e mantenha as superfícies corretamente higienizadas
Pode parecer tentador ignorar as medidas de higiene e segurança alimentar quando as refeições são feitas no exterior mas é extremamente importante – e principalmente neste “novo normal” que vivemos – que elas sejam respeitadas.
Muitos microorganismos sobrevivem durante longos períodos de tempo nas mais variadas superfícies por isso certifique-se que lava e desinfeta todos os utensílios e superfícies de corte com água quente e detergente/sabão antes e durante a preparação dos alimentos.
Deverá ainda lavar as mãos antes e durante o manuseio dos diferentes alimentos. Se estiver no exterior e não tiver acesso a água quente e detergente/sabão, pode ser utilizar desinfetante de mãos á base de álcool, com uma percentagem igual ou superior a 70%.
Evite ainda manusear alimentos caso apresente sintomas gastrointestinais como vómitos e diarreia ou cortes/feridas expostas nas mãos (4, 5).
- Gordon, B. (2019). Most Common Foodborne Pathogens. Disponível em: https://www.eatright.org/homefoodsafety/safety-tips/food-poisoning/most-common-foodborne-pathogens
- (n.d.) (2015). Food poisoning – prevention. Disponível: https://www.betterhealth.vic.gov.au/health/healthyliving/food-poisoning-prevention
- NHS. (2020). Food poisoning symptoms and treatments. Disponível em: https://www.nhsinform.scot/illnesses-and-conditions/infections-and-poisoning/food-poisoning#about-food-poisoning
- FDA. (2018). Handling Food Safely While Eating Outdoors. Disponível em: https://www.fda.gov/food/buy-store-serve-safe-food/handling-food-safely-while-eating-outdoors
- CDC. (2018). Get Ready to Grill Safely. Disponível em: https://www.cdc.gov/foodsafety/communication/bbq-iq.html