A reação adversa à histamina, ou frequentemente denominada como intolerância à histamina, é um problema bastante raro (cerca de 1% da população) e ocorre quando há uma acumulação de histamina no organismo.
Esta acumulação pode ser provocada por diversos fatores, tais como medicação, meio ambiente, condições clínicas, deficiências nutricionais e a dieta. Neste artigo ficará a conhecer melhor a histamina e a sintomatologia da intolerância à mesma.
Intolerância à histamina: o que saber
O que é a histamina?
A histamina é uma amina vasodilatadora que está envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, com funções reguladoras no trato gastrointestinal, como por exemplo na secreção de ácido gástricos, e atua ainda como neurotransmissor (1).
A concentração basal normal de histamina encontra-se entre 0,3 a 1,0 ng/mL (2).
Para ocorrer a metabolização (degradação) da histamina é necessária uma das seguintes enzimas: diamina oxidase (DAO) ou histamina-n-metiltransferase (HNMT). Quando ocorrem problemas neste processo metabólico ocorre acumulação de histamina levando a intolerância à mesma (2).
O que é a intolerância à histamina?
A ingestão de alimentos com alto teor de histamina – incluindo alimentos fermentados (como tofu e chucrute), queijos envelhecidos, carnes e peixes processados, bebidas alcoólicas (champanhe e vinho tinto) e alimentos envelhecidos – pode resultar em sintomas indistinguíveis de alergia alimentar, porque a histamina é um importante mediador responsável pelas reações de hipersensibilidade IgE-mediadas.
Alimentos como morangos, clara de ovo, mariscos e alguns aditivos (p. ex., tartrazina) e conservantes (p.ex., benzoatos) alimentares estimulam a liberação de histamina.
Pode-se suspeitar de intolerância ou sensibilidade à histamina quando se descartar uma causa alérgica (3).
Considera-se intolerância à histamina quando ocorre algum problema na ação enzimática da diamina oxidase (DAO) ou da histamina-n-metiltransferase (HNMT).
Pessoas com doenças inflamatórias e neoplásicas como a doença de Chron, colite ulcerosa, enteropatia alérgica, neoplasias colorretais e alergias alimentares apresentam concentrações mais elevadas de histamina e atividade diminuída da enzima diamina oxidase (DAO), responsável pela degradação de histamina.
Intolerância à Histamina e alimentação
A histamina e outras aminas biogénicas estão presentes em muitos alimentos, e a sua presença aumenta com o aumento da maturação.
Para ocorrer a formação destas aminas nos alimentos é necessário existir aminoácidos livres, microrganismos e condições que permitam o crescimento bacteriano e a atividade enzimática.
As bactérias e algumas leveduras são as responsáveis pela produção de histamina, pelo que os alimentos fermentados como o vinho, o queijo curado, chucrute, e a carne processada ou alimentos estragados apresentam altas concentrações de histamina.
A terapia desta condição baseia-se essencialmente na aplicação de uma dieta com baixo teor de histamina. Álcool, alimentos amadurecidos ou fermentados (e, portanto, ricos em histamina), devem ser excluídos.
O que causa o aumento da histamina?
São vários os fatores que levam à intolerância à histamina através do aumento da concentração da mesma (2):
- Aumento da disponibilidade e da degradação diminuída de histamina. Este aumento da disponibilidade deve-se ao incremento da produção endógena provocado por alergias, mastocitose, bactérias ou sangramento gastrointestinal e / ou através do aumento da ingestão através da alimentação ou álcool de histidina ou histamina.
- Diminuição da degradação enzimática da histamina, provocada por causas genéticas ou adquirida.
- Inibição competitiva da degradação de histamina devido à presença de outras aminas biogénicas, álcool ou fármacos.
A intolerância adquirida à histamina pode ser transitória e, portanto, reversível após a eliminação das causas, como a descontinuação de medicamentos bloqueadores da enzima diamina oxidase (DAO).
Sintomas da intolerância à histamina
Exceder a tolerância individual à histamina dá origem a diversos sintomas dependentes da concentração (2):
Mesmo pessoas saudáveis podem desenvolver fortes dores de cabeça ou rubor devido à ingestão alimentar de grandes quantidades de histamina.
Em pessoas sensíveis à histamina os sintomas podem-se manifestar após a ingestão de pequenas quantidades, em contraste pequenas quantidades de histamina em pessoas saudáveis são de fácil tolerância.
Os sintomas típicos da intolerância à histamina incluem distúrbios gastrointestinais (cólicas, flatulência e diarreia), espirros, rinorreia e congestão nasal, dor de cabeça, dismenorreia, hipotonia, arritmias, urticária, prurido, rubor e asma.
Durante ou imediatamente após a ingestão de alimentos ou álcool ricos em histamina, pode ocorrer episódios de rinorreia ou obstrução nasal em pacientes com intolerância à histamina; em casos extremos, podem ocorrer ataques de asma.
Concluindo
Em suma, a cessação da causa que provoca a intolerância à histamina é a primeira intervenção realizada para controlar esta intolerância.
O diagnóstico da intolerância à histamina é definido pela apresentação de 2 ou mais sintomas típicos da intolerância à histamina e verificam-se uma melhoria quando é aplicada uma dieta com baixo teor em histamina e anti-histamínicos.
Terapeuticamente, é indispensável a realização de um aconselhamento individual e personalizado, de forma a limitar ao mínimo as restrições nutricionais desequilibradas e, assim, manter sua qualidade de vida.
Posto isto, antes de realizar qualquer restrição alimentar é prudente que recorra a um profissional de saúde habilitado.
- Reese, I. (2018). Nutrition therapy for adverse reactions to histamine in food and beverages. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6885995/
- Maintz, L et al. (2007). Histamine and histamine intolerance. Disponível em: https://academic.oup.com/ajcn/article/85/5/1185/4633007
- Mahan, LK et al.(2018). Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª edição.