A prevalência da infertilidade é muito difícil de avaliar, havendo estudos que referem a possibilidade de uma em cada quatro mulheres poder ter dificuldades em engravidar ao longo da sua vida. Contudo, esta estimativa pode ter variações geográficas.
A realidade é que a prevalência é maior nos países mais desenvolvidos, do que nos países em desenvolvimento. Em Portugal, estima-se que 9,8% das mulheres com idade entre os 25 e os 69 anos tiveram um problema de infertilidade ao longo da vida.
Para as mulheres entre os 25 e os 44 anos, o valor dessa taxa foi de 8,2%, dados da Divisão de Saúde Reprodutiva da Direcção‐Geral da Saúde.
Como é definida a infertilidade?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define infertilidade como “uma doença do sistema reprodutivo traduzida na incapacidade de obter uma gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares e sem uso de contraceção”.
A infertilidade considera‐se primária quando não houve uma gravidez prévia e secundária nas demais situações, mesmo que a gravidez tenha resultado em aborto ou gravidez ectópica (acontece quando o ovo fecundado se implanta fora do útero).
Quais as causas que estão por trás da infertilidade?
A realidade é que quanto mais tarde se pretende engravidar, mais difícil é. E o estilo de vida de hoje em dia potencia mesmo esse adiar. Mas qual o porquê de isso acontecer?
A partir dos 28 anos, observa-se uma perda progressiva da capacidade de resposta dos folículos primordiais aos níveis hormonais. Deste modo, o ovário tende a deixar de formar folículos maduros, dando origem, com uma frequência cada vez maior, a folículos contendo ovócitos imaturos ou a folículos com ovócitos anormais (em morfologia e em estrutura genética), podendo mesmo não ovular.
Já os ciclos menstruais mantêm-se geralmente ritmados, independentemente do ciclo ovárico.
Estas anomalias devem-se ao facto de os ovócitos estarem parados há vários anos, o que permite o seu envelhecimento. Em consequência, por exemplo, a taxa de Trissomia 21 aumenta para 1/500 recém-nascidos aos 34 anos e 1/100 recém-nascidos aos 39 anos.
Infertilidade: cuidados pré-concecionais
Tendo em conta os riscos biológicos associados à gravidez, os cuidados pré‐concecionais, considerados parte integrante dos cuidados primários em saúde reprodutiva, têm como principal grupo‐alvo as mulheres em idade fértil.
No entanto, será necessário contemplar, também, a participação dos homens nas questões de saúde sexual e reprodutiva, não apenas como interlocutores daquelas, mas enquanto verdadeiros parceiros nestes domínios e, como tal, sujeitos a igual intervenção.
Na consulta pré‐concecional deve obter‐se a informação clínica da mulher /casal, e propor as medidas tendentes a minimizar ou eliminar esse risco.
Neste sentido, é essencial ponderar o impacto que fatores como a idade da mulher, antecedentes genéticos, hábitos, doenças crónicas, infeções, vários fármacos e poluentes, podem vir a representar.
Assim, esta consulta é crucial pois, proporciona um excelente momento para discutir assuntos relacionados com a sexualidade e a reprodução.
É também uma oportunidade para alargar os cuidados preventivos, avaliando o estado nutricional e a adequação do peso. Tanto a obesidade como o baixo peso podem ter reflexos negativos sobre a fertilidade.
Este passo não deve ser passado à frente no momento em que decidir tentar engravidar. Assim, caso algo falhe, sabe que não houve erro neste processo pré-concetivo e perante a incapacidade de conceber e se o desejo de ter um filho se mantém, é fundamental procurar ajuda médica. O casal deve começar por marcar uma consulta e falar com o médico sobre esta situação.
No caso de haver confirmação do diagnóstico de infertilidade, o casal poderá recorrer a tratamentos, técnicas de reprodução medicamente assistida que têm dado cada vez mais esperança aos casais.