Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
16 Jan, 2017 - 18:23

Infeções vaginais: aprenda a evitá-las

Mónica Carvalho

Existem diferentes tipos de infeções vaginais e o seu diagnóstico precoce pode evitar problemas mais graves. Desvendamos tudo sobre o tema.

Infeções vaginais: aprenda a evitá-las

Por vergonha ou preconceito, as mulheres pouco falam de infeções vaginais, de tal forma que este problema não chega sequer a sair das quatro paredes do consultório médico, enquanto muitas outras vezes são as mulheres que insistem na automedicação.   

Todavia as queixas relacionadas com infeções vaginais são muito frequentes e podem ser contraídas de diferentes formas, além das relações sexuais. 


Infeções vaginais: diferentes tipos

São três os principais tipos de infeções vaginais:


1. Vaginite ou vaginose bacteriana

A vaginite bacteriana é a infeção mais comum na mulher em período fértil. É muitas vezes assintomática e, quando os sintomas realmente surgem apresentam já um corrimento acinzentado ou amarelado com cheiro desagradável a peixe, podendo ainda ocorrer ardor e vermelhidão locais, agravados após as relações sexuais.

Alguns dos fatores predisponentes a esta infeção são:

  • Gravidez;
  • DIU – dispositivo intra-uterino;
  • Lactação;
  • Atividade sexual. 

O tratamento passa pela administração de antibióticos.

 


2. Vulvovaginite fúngica ou candidíase vulvovaginal

Estima-se que cerca de 75% das mulheres sofrem pelo menos de uma infeção deste género durante a sua vida fértil. A candidíase é provocada, na maioria dos casos, pelo “Candida Albicans”, um fungo que existe naturalmente no corpo humano, habitando a boca, a vagina, o aparelho gastrointestinal e a pele, em quantidades reduzidas, sendo inofensivo para a saúde.

Contudo, sempre que surgem desequilíbrios que permitam o seu desenvolvimento, a infeção desenvolve-se e os sintomas manifestam-se.

Os fatores de risco são:

  • Gravidez;
  • Contraceptivos com estrogénios;
  • Diabetes;
  • Uso de terapêutica com antibióticos de largo espectro (para tratar outras infecções, como por exemplo, as urinárias);
  • Infecção por vírus de imunodeficiência adquirida (HIV);
  • Quimioterapia;
  • Roupa justa;
  • Colonização gastrointestinal;
  • Atividade sexual.
 


3. Tricomoníase

É causada por um protozoário, trata-se de uma infeção sexualmente transmissível e que geralmente surge na mulher jovem.

Os sintomas incluem corrimento vaginal profuso ou espuma vaginal, acompanhado de comichão.

O tratamento, com recurso a antibióticos, deve ser feito pela mulher e parceiro, e durante a infeção é fundamental usar preservativo nas relações sexuais.

Os fatores predisponentes são:

  • Atividade sexual;
  • Existência de vários parceiros sexuais;
  • Gravidez;
  • Menopausa


Infeções vaginais: sintomas

dores

Os sintomas habituais das infeções vaginais são:

  • Corrimento;
  • Prurido;
  • Irritação;
  • Disúria (dor ao urinar);
  • Dispareunia (dor nas relações sexuais);
  • Sensibilidade, inflamação ou ferida.


Infeções vaginais: causas

antibiotico

Além dos fatores descritos anteriormente, as infeções vaginais podem ainda ser provocadas por outros motivos:

  • Uso de substâncias ou objetos irritantes;
  • Tumores ou outro tecido anormal;
  • Radioterapia, fármacos e alterações hormonais;
  • Higiene pessoal insuficiente, que pode favorecer o crescimento de bactérias e de fungos, bem como causar irritação;
  • Presença de uma fístula, que pode permitir a passagem das fezes (do intestino para a vagina) por um trajeto anormal e provocar uma vaginite;
  • Alterações do PH vaginal;
  • Acidificação da flora vaginal ou a toma de antibióticos, que provocam destruição da flora vaginal normal, leva à proliferação de fungos;
  • Falta de oxigenação da vagina.


Infeções vaginais: prevenção

atividade sexual

Para evitar as infeções vaginais, siga as seguintes recomendações:


1. Higiene íntima

Os órgãos genitais e área em redor devem ser higienizados com água corrente tépida, evitando o uso de gel de banho ou sabonete perfumado, uma vez que estes aumentam a irritação da pele. Ao invés, deverá optar por produtos hipoalergénicos, com adstringência suave e pH ácido.

A higiene genital deve ser feita através de movimentos de frente para trás, que evitem trazer o conteúdo perianal para a região vulvar, e que atinjam todas as dobras sem exceção. Ao secar não se deve esfregar com a toalha, mas sim secar estabelecendo contactos suaves entre a toalha e a pele.

A última etapa da higiene é a hidratação. As peles secas deverão ser hidratadas, assim como se faz nas demais áreas do corpo.  


 


2. Vestuário

Recomenda-se o uso de tecidos de fibras naturais, como o algodão e com dimensões que favoreçam a ventilação local.

Devem evitar-se roupas demasiado justas tais como calças ou roupa interior. Os fatos de banho molhados e o vestuário após o desporto devem ser trocados o mais cedo possível.  


 


3. Proteção

O uso constante do penso higiénico diário não é recomendado. Nas mulheres, com excesso de transpiração ou incontinência urinária, é importante manter o ambiente genital seco, recorrendo pontualmente a pensos higiénicos respiráveis que devem ser mudados frequentemente.

O ideal é a mudança frequente de roupa interior.


 


4. Produtos utilizados na lavagem da roupa interior

Deve ser dada preferência a detergentes sem corantes, enzimas ou perfumes. A roupa interior e qualquer outra que entrar em contacto com a vulva deve ser enxaguada exaustivamente para a remoção de resíduos químicos. 


 


5. Atividade sexual

Nos casos em que existe secura e irritação durante o ato sexual, deve ser recomendado o uso de um lubrificante sem substâncias químicas.

Após o ato sexual, recomenda-se uma micção para evitar as infeções urinárias e a lavagem da área genital externa com água e um produto de higiene íntima. Não se recomendam irrigações vaginais.  


 


6. Hidratação

Como sempre, a hidratação é um fator importante para uma boa saúde, servindo também para evitar infeções vaginais. 



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