Por vergonha ou preconceito, as mulheres pouco falam de infeções vaginais, de tal forma que este problema não chega sequer a sair das quatro paredes do consultório médico, enquanto muitas outras vezes são as mulheres que insistem na automedicação.
Todavia as queixas relacionadas com infeções vaginais são muito frequentes e podem ser contraídas de diferentes formas, além das relações sexuais.
Infeções vaginais: diferentes tipos
São três os principais tipos de infeções vaginais:
1. Vaginite ou vaginose bacteriana
A vaginite bacteriana é a infeção mais comum na mulher em período fértil. É muitas vezes assintomática e, quando os sintomas realmente surgem apresentam já um corrimento acinzentado ou amarelado com cheiro desagradável a peixe, podendo ainda ocorrer ardor e vermelhidão locais, agravados após as relações sexuais.
Alguns dos fatores predisponentes a esta infeção são:
- Gravidez;
- DIU – dispositivo intra-uterino;
- Lactação;
- Atividade sexual.
O tratamento passa pela administração de antibióticos.
2. Vulvovaginite fúngica ou candidíase vulvovaginal
Estima-se que cerca de 75% das mulheres sofrem pelo menos de uma infeção deste género durante a sua vida fértil. A candidíase é provocada, na maioria dos casos, pelo “Candida Albicans”, um fungo que existe naturalmente no corpo humano, habitando a boca, a vagina, o aparelho gastrointestinal e a pele, em quantidades reduzidas, sendo inofensivo para a saúde.
Contudo, sempre que surgem desequilíbrios que permitam o seu desenvolvimento, a infeção desenvolve-se e os sintomas manifestam-se.
Os fatores de risco são:
- Gravidez;
- Contraceptivos com estrogénios;
- Diabetes;
- Uso de terapêutica com antibióticos de largo espectro (para tratar outras infecções, como por exemplo, as urinárias);
- Infecção por vírus de imunodeficiência adquirida (HIV);
- Quimioterapia;
- Roupa justa;
- Colonização gastrointestinal;
- Atividade sexual.
3. Tricomoníase
É causada por um protozoário, trata-se de uma infeção sexualmente transmissível e que geralmente surge na mulher jovem.
Os sintomas incluem corrimento vaginal profuso ou espuma vaginal, acompanhado de comichão.
O tratamento, com recurso a antibióticos, deve ser feito pela mulher e parceiro, e durante a infeção é fundamental usar preservativo nas relações sexuais.
Os fatores predisponentes são:
- Atividade sexual;
- Existência de vários parceiros sexuais;
- Gravidez;
- Menopausa.
Infeções vaginais: sintomas
Os sintomas habituais das infeções vaginais são:
- Corrimento;
- Prurido;
- Irritação;
- Disúria (dor ao urinar);
- Dispareunia (dor nas relações sexuais);
- Sensibilidade, inflamação ou ferida.
Infeções vaginais: causas
Além dos fatores descritos anteriormente, as infeções vaginais podem ainda ser provocadas por outros motivos:
- Uso de substâncias ou objetos irritantes;
- Tumores ou outro tecido anormal;
- Radioterapia, fármacos e alterações hormonais;
- Higiene pessoal insuficiente, que pode favorecer o crescimento de bactérias e de fungos, bem como causar irritação;
- Presença de uma fístula, que pode permitir a passagem das fezes (do intestino para a vagina) por um trajeto anormal e provocar uma vaginite;
- Alterações do PH vaginal;
- Acidificação da flora vaginal ou a toma de antibióticos, que provocam destruição da flora vaginal normal, leva à proliferação de fungos;
- Falta de oxigenação da vagina.
Infeções vaginais: prevenção
Para evitar as infeções vaginais, siga as seguintes recomendações:
1. Higiene íntima
Os órgãos genitais e área em redor devem ser higienizados com água corrente tépida, evitando o uso de gel de banho ou sabonete perfumado, uma vez que estes aumentam a irritação da pele. Ao invés, deverá optar por produtos hipoalergénicos, com adstringência suave e pH ácido.
A higiene genital deve ser feita através de movimentos de frente para trás, que evitem trazer o conteúdo perianal para a região vulvar, e que atinjam todas as dobras sem exceção. Ao secar não se deve esfregar com a toalha, mas sim secar estabelecendo contactos suaves entre a toalha e a pele.
A última etapa da higiene é a hidratação. As peles secas deverão ser hidratadas, assim como se faz nas demais áreas do corpo.
2. Vestuário
Recomenda-se o uso de tecidos de fibras naturais, como o algodão e com dimensões que favoreçam a ventilação local.
Devem evitar-se roupas demasiado justas tais como calças ou roupa interior. Os fatos de banho molhados e o vestuário após o desporto devem ser trocados o mais cedo possível.
3. Proteção
O uso constante do penso higiénico diário não é recomendado. Nas mulheres, com excesso de transpiração ou incontinência urinária, é importante manter o ambiente genital seco, recorrendo pontualmente a pensos higiénicos respiráveis que devem ser mudados frequentemente.
O ideal é a mudança frequente de roupa interior.
4. Produtos utilizados na lavagem da roupa interior
Deve ser dada preferência a detergentes sem corantes, enzimas ou perfumes. A roupa interior e qualquer outra que entrar em contacto com a vulva deve ser enxaguada exaustivamente para a remoção de resíduos químicos.
5. Atividade sexual
Nos casos em que existe secura e irritação durante o ato sexual, deve ser recomendado o uso de um lubrificante sem substâncias químicas.
Após o ato sexual, recomenda-se uma micção para evitar as infeções urinárias e a lavagem da área genital externa com água e um produto de higiene íntima. Não se recomendam irrigações vaginais.
6. Hidratação
Como sempre, a hidratação é um fator importante para uma boa saúde, servindo também para evitar infeções vaginais.