Share the post "Infeção pelo Helicobacter pylori: sintomas, causas e tratamento"
A infeção pelo Helicobacter pylori (H. pylori) é causada por esta bactéria que possui a incrível capacidade de sobreviver no estômago a um pH de 4 ou inferior.
A acidez do estômago é um dos mecanismos de defesa do nosso organismo contra as bactérias que são ingeridas junto aos alimentos. Poucos são os seres vivos que conseguem sobreviver num ambiente tão ácido.
No entanto a infeção pelo Helicobacter pylori é bastante comum e provoca inflamação crónica (gastrite) invadindo o revestimento do estômago e produzindo uma citotoxina denominada citotoxina vacuolizante A (Vac-A), considerada um importante fator na formação de úlceras.
A forma exata como H. pylori infeta alguém é, ainda, desconhecida. As bactérias H. pylori podem ser transmitidas de pessoa para pessoa através do contacto direto com saliva, vómito ou matéria fecal. Pode também ser disseminado através de alimentos ou água contaminados.
QUAIS OS SINTOMAS DA INFEÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI?
A maioria das pessoas com infeção por Helicobacter pylori nunca terá sinais ou sintomas.
Aliás, o H. pylori por si só não causa sintomas. Os pacientes contaminados com H.pylori que apresentam queixas pela presença de gastrite ou úlceras pépticas provocadas pela bactéria. No entanto, quando surgem, por norma incluem:
- Dor abdominal;
- Náuseas;
- Perda de apetite;
- Arrotos frequentes;
- Inchaço abdominal;
- Perda de peso involuntária.
FATORES DE RISCO GASTROINTESTINAL
Fatores de risco relacionados com o doente:
- Idade superior a 60 anos;
- História de úlcera péptica ou complicações;
- Outras patologias associadas.
Fatores de risco relacionados com medicamentos:
- Utilização de anti-inflamatórios de forma continuada;
- Utilização de doses altas ou de mais que um anti-inflamatório ao mesmo tempo;
- Medicação simultânea com anti-coagulante;
- Medicação simultânea com corticosteroide.
QUAIS AS COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS À INFEÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI?
As complicações associadas à infeção por H. pylori incluem:
- Úlceras. O H. pylori pode danificar o revestimento protetor do estômago e do intestino delgado. Isso pode permitir que o ácido do estômago crie uma ferida aberta (úlcera). Cerca de 10% das pessoas com H. pylori desenvolvem uma úlcera.
- Inflamação do revestimento do estômago. A infeção por H. pylori pode irritar o estômago, causando inflamação (gastrite).
- Cancro de estômago. A infeção por H. pylori é um forte fator de risco para certos tipos de cancro de estômago.
INFEÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI E RISCO DE CANCRO GÁSTRICO
O Helicobacter pylori assume um papel importante na cascata de eventos que determina o desenvolvimento do carcinoma gástrico. Aliás, o decréscimo da prevalência de infeção por Helicobacter pylori na população dos países ocidentalizados, refletiu-se, também, na redução da incidência destas neoplasias.
No entanto, sabemos que a maioria da população tem presente a bactéria, porém apenas uma pequeníssima parte desenvolve cancro no estômago. Logo, o risco está aumentado, efetivamente, mas não é o único fator causador.
Apenas os pacientes com história familiar de cancro gástrico se devem preocupar com a presença assintomática do H. pylori. Nestes, mesmo que o paciente não apresente nenhum sintoma, indica-se a pesquisa da bactéria e o tratamento visando erradicá-la.
COMO É FEITO O TRATAMENTO DA INFEÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI?
Regra geral, se a bactéria foi diagnosticada, deve ser erradicada. Admitem-se, contudo, circunstâncias clínicas em que o tratamento possa não ser prioritário.
A eliminação é difícil de conseguir e, para isso, é necessário combinar vários medicamentos. Existem várias associações diferentes de medicamentos utilizadas para a erradicação do H. pylori, sendo o objetivo conseguir percentagens de cura bastante elevadas (80-90%).
É importante salientar que uma das principais condições para que qualquer tratamento resulte é o rigor e a disciplina do doente no cumprimento das doses e dos horários da medicação.
O tratamento é habitualmente feito com 3 fármacos por 7 a 14 dias, por norma incluindo um inibidor da bomba de protões (vulgar, protetor gástrico) e 2 antibióticos.
Após 4 semanas do fim do tratamento, o paciente pode realizar os testes não invasivos para confirmar a eliminação da bactéria.